Ao nos referirmos ao termo “Romantismo”, é sempre viável compreendermos que ele representa uma das muitas estéticas literárias, também denominadas de estilos de época. Assim sendo, vale ainda mencionar que todos os estilos de época são resultantes das produções artísticas inerentes a uma leva de figuras que tão bem representaram o cenário, não somente o brasileiro, mas também o europeu.
Tais produções são fruto da maneira pela qual cada um de seus autores observava a realidade que o cercava. Portanto, torna-se inegável ressaltar que foram amplamente influenciados por fatores históricos, sociais e políticos, reinantes na época em que viveram. Contudo, como se tratava de uma representação do real, mesmo em se tratando de uma posição “coletiva” (no que se refere à posição ideológica), cada um procurava manifestar-se de forma única e magnífica, realizando assim um trabalho incontestável, no qual o poder da palavra possuía grande expressividade.
Em virtude da influência já retratada, as composições artísticas constituíam-se de características específicas, ora reveladas como forma de o artista demonstrar seu posicionamento frente aos fatos. Dessa forma, antes de ressaltarmos, de forma específica, acerca do Romantismo brasileiro, analisemos como elas se manifestavam, sob um plano mais generalizado:
* Religiosidade – Tal característica foi amplamente disseminada, haja vista que o artista, vivendo em meio a tantas angústias e incertezas, voltava-se para o plano espiritual no intuito de encontrar algo concebido como perfeito. Dessa forma, a valorização espiritual, a religiosidade cristã e o gosto pelo sobrenatural exerceram sua palavra de ordem.
* A figura do herói – Digamos que o herói romântico vive em conflito com a sociedade opressora, tornando-se alvo de inúmeros questionamentos mediante os fatos por ela evidenciados. Para tanto, sua atitude oscila entre um ser ora marginalizado, desregrado, ora dotado de virtudes, justamente como forma de rebelar-se contra tal realidade. Esse herói muitas vezes é representado por figuras históricas ou por figuras idealizadas em virtude de seus próprios feitos, como, por exemplo, o cavaleiro medieval.
*O mal do século – Tal termo designa-se como um estado de espírito bastante depressivo, levando o ser humano ao tédio, à melancolia, ao pessimismo e ao desejo de morrer, também como forma de “protesto”. Em razão disso, muitos dos representantes optavam por lugares sombrios, úmidos, sempre envoltos por um estado de total morbidez.
*Escapismo e nacionalismo – Uma das atitudes dos românticos era expressa pela fuga da realidade, algo que tanto os oprimia. Dessa forma, ela manifestava-se de maneiras distintas, tais como o sonho, os devaneios, a loucura, a imaginação exaustiva, o apego pela morte e o passado histórico. Este último resultou na formação do nacionalismo, que nada mais era que a exaltação da nação, levando-se em conta suas raízes, seus traços populares e suas crenças. Também relacionados a esse aspecto, vale mencionar acerca do passado individual, em que os românticos se voltavam para sua infância – algo considerado diferente do mundo real, uma vez considerada com sinônimo de pureza, bondade, amor e inocência.
*Liberdade de criação – Tal característica representava nada mais nada menos que uma atitude de rebeldia contra qualquer tipo de imposição direcionada à criação artística. Precisavam ser autônomos para decidirem suas opções no que se referisse à forma e à temática.
*A natureza como expressão do “eu” – A estética romântica valorizava as emoções e o estado de alma do artista. Em virtude desse aspecto, a natureza funcionava como “pano de fundo”, ou seja, ela compartilhava com o sofrimento e com os devaneios revelados pelo artista.
*Idealização do amor – O amor revela a temática central do Romantismo. Assim, os personagens e o anunciador (narrador) vivem em torno de tal sentimento, pois acreditam que ele funciona como uma espécie de regeneração do caráter, proporcionando ao indivíduo a possibilidade de regenerá-lo. Com isso, a perda do objeto amado ou a não correspondência amorosa resultam em tão somente a perda de sentido da própria vida.
*A figura feminina, ora concebida como uma figura angelical, ora como uma figura demoníaca – Esta última se caracterizava como alguém que exercia um poder de tentação muito grande no artista, despertando nele um intenso amor; e aquela, vista como alguém pura e angelical, dotada de características semelhantes às divinais.
Exaltadas todas as características que nortearam a era em questão, partamos rumo ao conhecimento da maneira pela qual ela se deu aqui em solo brasileiro. Podemos dizer que a Independência do Brasil exerceu um fator de forte influência. Desta feita, como tal evento representava um plano de construção da própria identidade, os escritores apostaram na plena exaltação do sentimento nacionalista. Assim, as raízes culturais, sobretudo a figura indígena, revelou sua marca dominante. Baseados na teoria do “Bom Selvagem”, sob a autoria de Rousseau, os escritores demonstraram-se bastante adeptos às ideias por ele proferidas.
Dessa forma, deu-se início a uma nova era, manifestada pela publicação de “Suspiros poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães, em 1836, seguindo assim por um grupo de escritores os quais colaboraram para que o Romantismo fosse assim subdividido:
Na poesia, constituída pela primeira, segunda e terceira geração.
Primeira geração – Manifestações envoltas pelo sentimento nacionalista, a qual teve Gonçalves Dias como representante principal.
Segunda geração – Criações ultrarromânticas, reveladas por um sentimentalismo exacerbado e por um completo instinto pessimista, tendo como principal representante Álvares de Azevedo.
Terceira geração – Demarcada agora pelo desejo de mudança das causas sociais, retratando a realidade tal como ela se representa. Como precursor, ressaltamos a figura de Castro Alves.
Na prosa destacamos Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), José de Alencar (1829-1877) e Manuel Antônio de Almeida (1831-1861).
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