O Parnasianismo foi um estilo literário que surgiu na França, em meados do século XIX. A busca pela perfeição formal, o universalismo, a linguagem rebuscada e a impessoalidade fizeram com que esse estilo fosse considerado o oposto do Romantismo (século XVII e XIX). Os românticos foram criticados pelos parnasianos, que os consideravam pouco exigentes com a linguagem e sentimentais em excesso.
A literatura parnasiana era mais objetiva, pois, para eles, a objetividade evidenciava as qualidades da poesia, enquanto o sentimentalismo escondia-as. A linguagem parnasiana, às vezes, era tão rebuscada e tão culta que as pessoas tinham dificuldade para entender, por isso, foi considerada uma poesia para a elite. A razão e a universalidade (temas universais), tão valorizadas pelos clássicos, foram resgatadas pelos parnasianos, que buscavam no equilíbrio a vitória sobre o exagero romântico (termo usado para indicar as características do estilo literário Romantismo). Acompanhe a seguir as principais características do Parnasianismo:
- Preocupação formal;
- Comparação da poesia com as artes clássicas;
- Preferência por cenas históricas, paisagens;
- Enfoque sensual da mulher;
- Vocabulário culto;
- Objetivismo;
- Universalismo;
- Impessoalidade;
- Apego à tradição clássica.
Todas as características apresentadas fizeram parte da poética parnasiana, mas a sua maior característica foi, sem dúvida, o culto da forma: os versos alexandrinos (12 sílabas poéticas) e decassílabos perfeitos, rima rica (rima entre palavras de classes gramaticais diferentes), rara (rimas obtidas com palavras em que há poucas possibilidades de serem rimadas) e a forma fixa dos sonetos (as duas primeiras estrofes com 4 versos e as duas últimas com três) foram marcantes na obra parnasiana.
No Brasil, o Parnasianismo ganhou força, no final da década de 1870, com a publicação, pelo “Diário do Rio de Janeiro”, da “Batalha do Parnaso”. A publicação sofreu forte oposição por parte dos escritores românticos, o que foi amplamente aproveitado pelos parnasianos, pois, assim, suas ideias foram divulgadas.
Em 1882, Teófilo Dias marcou o Parnasianismo brasileiro com a publicação de “Fanfarras”. Apesar disso, ele não foi considerado um dos escritores mais destacados dessa escola literária, cargo ocupado pelos poetas Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.
O parnasianismo brasileiro, embora tenha iniciado com forte influência francesa, aos poucos foi seguindo seu próprio caminho. Apesar de não terem rompido totalmente com as características parnasianas, é possível encontrar alguns traços de subjetividade nos poemas, além de fatos que ocorreram no Brasil, contrariando o universalismo presente nos parnasianos franceses. A seguir, leia o famoso poema “Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac.
“Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! “
Com esse poema de Olavo Bilac, é possível perceber o quanto a linguagem culta e rebuscada, bem como a preocupação com a forma, era frequente na poética parnasiana. Por isso, é importante atentar para essas características quando for analisar um texto parnasiano.
Aproveite para conferir nossa videoaula relacionada ao assunto: