Olavo Bilac

Olavo Bilac foi um dos principais autores do parnasianismo brasileiro. Sua obra mais famosa é o livro Poesias, publicado em 1888.

Retrato do escritor Olavo Bilac.
Retrato do escritor Olavo Bilac.

Olavo Bilac foi um poeta brasileiro. Ele nasceu em 16 de dezembro de 1865, na cidade do Rio de Janeiro. Mais tarde, ingressou nas faculdades de Medicina e Direito, mas abandonou as duas. Assim, sobreviveu com os direitos autorais de seus livros e, principalmente, com o seu trabalho como jornalista.

O autor, que faleceu em 28 de dezembro de 1918, no Rio de Janeiro, foi o principal nome do parnasianismo brasileiro. Seus poemas, no entanto, se afastam desse estilo por apresentarem elementos subjetivos, apesar de manterem o rigor formal. Sua obra mais conhecida é seu primeiro livro — Poesias —, publicado em 1888.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre Olavo Bilac

  • O poeta brasileiro Olavo Bilac nasceu em 1865 e faleceu em 1918.

  • Além de escritor, também trabalhou como jornalista.

  • Seus textos apresentam características do parnasianismo brasileiro.

  • Sua obra é marcada pelo rigor formal e pela presença de subjetividade.

  • Poesias (1888) e Tarde (1919) são as principais obras desse autor.

Videoaula sobre Olavo Bilac

Biografia de Olavo Bilac

Olavo Bilac nasceu em 16 de dezembro de 1865, na cidade do Rio de Janeiro. O pai do poeta, o médico Brás Martins dos Guimarães Bilac, não estava presente em seu nascimento, pois participava da Guerra do Paraguai. Somente com o fim do conflito, em 1870, pai e filho se conheceram.

Mais tarde, Olavo Bilac ingressou na faculdade de Medicina com apenas 15 anos de idade por meio de uma autorização especial do imperador. No entanto, ser médico não era a vocação do jovem escritor, que apenas cumpria um desejo do pai. Assim, no jornal da faculdade, publicou seu primeiro poema, em 1883.

Foi por essa época que começou sua vida boêmia. Já no ano de 1884, teve seu poema “A sesta de Nero” publicado no popular jornal Gazeta de Notícias. No ano seguinte, passou a escrever para periódicos como Diário de Notícias, A Estação e A Semana. E foi somente em 1886 que o autor ficou famoso ao publicar o soneto “Ora (direis) ouvir estrelas!”.

Nesse mesmo ano, o poeta desistiu da faculdade de Medicina. Então, em 1887, foi para a cidade de São Paulo, com o intuito de iniciar a faculdade de Direito. Paralelamente aos estudos, escrevia para alguns periódicos da época. Em 1887, ficou noivo de Amélia de Oliveira.

Bilac também abandonou a faculdade de Direito, voltando ao Rio de Janeiro em 1888, ano em que Amélia foi obrigada, pela família, a terminar o noivado com o poeta boêmio. Sem um diploma acadêmico, Bilac passou a se sustentar como jornalista. Foi grande defensor da república e crítico do ditador Floriano Peixoto (1839-1895).

Por isso, foi preso em 1892, permanecendo na prisão por quatro meses. Depois se mudou, em 1893, para Minas Gerais, com intenção de fugir das perseguições políticas, só voltando ao Rio no ano seguinte. Já em 1897, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. No ano seguinte, trabalhou como inspetor escolar.

No início do século XX, tornou-se um nacionalista apaixonado, inclusive escreveu a letra do Hino à bandeira, em 1906. Deixou o jornalismo dois anos depois, decidido a se dedicar a campanhas de cunho nacionalista, defendendo, inclusive, o serviço militar obrigatório. O autor faleceu em 28 de dezembro de 1918, no Rio de Janeiro.

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Quais são as características da obra de Olavo Bilac?

Olavo Bilac foi um autor que fez parte do parnasianismo. O parnasianismo foi um estilo de época caracterizado pela objetividade e pelo descritivismo. Apresentou, portanto, uma poesia de cunho realista e antirromântico. O poema é construído com rigor formal, isto é, com versos regulares (metrificados e rimados). Por ter sido um estilo que cultuou o belo, as poesias parnasianas não costumam tratar de temas sociais ou políticos.

Outra característica marcante nele foi a presença de elementos que retomam a cultura greco-latina. Mas, apesar de esse movimento ter valorizado a razão em detrimento do sentimentalismo, Olavo Bilac deixou transparecer a emoção em seus versos, e, em alguns poemas, o eu lírico se mostra, ao invés de realizar-se o típico afastamento parnasiano.

Principais temas de Olavo Bilac

Os principais assuntos presentes nas obras de Olavo Bilac são:

  • nacionalismo;

  • patriotismo;

  • amor;

  • o fazer poético;

  • fatos e personagens históricos.

Obras de Olavo Bilac

Capa do livro “Poesias”, de Olavo Bilac, publicado pela editora Martin Claret.
Capa do livro Poesias, de Olavo Bilac, publicado pela editora Martin Claret. [1]
  • Poesias (1888)

  • Crônicas e novelas (1894)

  • Sagres (1898)

  • Crítica e fantasia (1904)

  • Poesias infantis (1904)

  • Conferências literárias (1906)

  • Dicionário de rimas (1913)

  • Ironia e piedade (1916)

  • Tarde (1919)

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Poemas de Olavo Bilac

Veremos, a seguir, dois poemas do escrito Olavo Bilac.

Hino à tarde

Glória jovem do sol no berço de ouro em chamas,
Alva! Natal da luz, primavera do dia,
Não te amo! Nem a ti, canícula bravia,
Que a ti mesma te estruis no fogo que derramas!

Amo-te, hora hesitante em que se preludia
O adágio vesperal, — tumba que te recamas
De luto e de esplendor, de crepes e auriflamas,
Moribunda que ris sobre a própria agonia!

Amo-te, ó tarde triste, ó tarde augusta, que, entre
Os primeiros clarões das estrelas, no ventre,
Sob os véus do mistério e da sombra orvalhada,

Trazes a palpitar, como um fruto do outono,
A noite, alma nutriz da volúpia e do sono,
Perpetuação da vida e iniciação do nada...

No soneto “Hino à tarde”, do livro Tarde|1|, o eu lírico homenageia a tarde quente, mas diz não a amar. Ele ama o seu fim, quando ela ri “sobre a própria agonia”, e a sua tristeza ao dar lugar à noite, que é “alma nutriz da volúpia e do sono”. Como marcas parnasianas, temos o descritivismo e o rigor formal, porém a emoção manifestada é antiparnasiana.

Música brasileira

Tens, às vezes, o fogo soberano
Do amor: encerras na cadência, acesa
Em requebros e encantos de impureza,
Todo o feitiço do pecado humano.

Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza
Dos desertos, das matas e do oceano:
Bárbara poracé, banzo africano,
E soluços de trova portuguesa.

És samba e jongo, xiba e fado, cujos
Acordes são desejos e orfandades
De selvagens, cativos e marujos:

E em nostalgias e paixões consistes,
Lasciva dor, beijo de três saudades,
Flor amorosa de três raças tristes.

Já no poema “Música brasileira”, também do livro Tarde, a voz poética mostra a essência de nossa música, que traz elementos indígenas, africanos e portugueses. Essas três origens têm em comum a tristeza e a saudade. O soneto é composto em versos decassílabos e possui caráter descritivo.

Nota

|1| BILAC, Olavo. Tarde. In: BILAC, Olavo. Antologia: poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002.

Crédito de imagem

[1] Editora Martin Claret (reprodução)

Por: Warley Souza

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