A revolução desencadeada na França a partir do ano de 1789 figura entre os grandes acontecimentos que moldaram o mundo contemporâneo – inclusive o termo “Idade Contemporânea” tem como marco inicial o ano de 1789 por causa da Revolução Francesa. Nos fins do século XVII, a Inglaterra havia também passado por uma onda revolucionária, culminando na “Revolução Gloriosa”, que ficou conhecida como o primeiro grande acontecimento histórico no qual a burguesia conseguiu representação política significativa.
Sendo assim, a Revolução Francesa insere-se nesse quadro de “Revoluções Burguesas ”, isto é, um período de transformações radicais no qual a classe burguesa – que possuía poder econômico, mas não político – pretendia romper com a estrutura política do chamado “Antigo Regime”, ou Monarquias Absolutistas. O rei absolutista era fonte de todo poder político: legislava, julgava e executava leis. O último rei absolutista francês foi Luís XVI, que morreu guilhotinado durante o processo revolucionário.
Na estrutura do Antigo Regime da França vigorava a divisão estamental em uma hierarquia de três estados: o clero ocupava o primeiro estado; a nobreza, o segundo; e a burguesia, juntamente aos camponeses e aos trabalhadores urbanos, ocupava o terceiro estado. Nessa estrutura, clero e nobreza sempre se associavam ao rei nos momentos das decisões políticas mais importantes, desfavorecendo o terceiro estado, que sempre se encontrava sem representação.
Ao longo do século XVIII, o Estado absolutista francês passou por guerras, como a “Guerra dos Sete Anos (1756 – 1763)” e o auxílio dado aos Estados Unidos da América em sua guerra pela independência (1765), que avolumaram a crise econômica que já enfrentava, levando-a ao ponto de saturação. A economia francesa desse período era essencialmente agrária, o que a tornava obsoleta, se comparada com a da Inglaterra industrializada. Somou-se à crise econômica o fato de a popularização das ideias iluministas ter formado a opinião de grande parte dos burgueses, que procuravam, a partir de então, mudar o estado das coisas guiados por ideias iluministas como “liberdade, fraternidade e igualdade” – que se tornaram o lema da Revolução.
Os termos liberdade, fraternidade e igualdade compunham o lema dos revolucionários.
O então rei Luís XVI fracassou ao tentar contornar a crise econômica e a insurreição do terceiro estado. A chamada “Convocação dos Estados Gerais”, em 1788, só piorou a situação, pois constituiu uma forte afronta aos anseios da burguesia. Trabalhadores urbanos, mais conhecidos como sans-cullottes (sem-calções – os cullottes eram trajes exclusivos de nobres), camponeses e outros membros do terceiro estado decidiram convocar uma Assembleia Nacional Constituinte. O rei mostrou-se resistente a essa proposta e tentou dissuadir o terceiro estado através da força do exército.
Em 14 de julho de 1789 um fato emblemático veio à tona: a tomada da Bastilha pelos sans-cullottes. A Bastilha era a prisão e o símbolo do Antigo Regime. Seguiu-se a esse fato a elaboração da Constituição Revolucionária, em 1791, que primeiramente sintetizou as mudanças estruturais que a burguesia ansiava, pulverizando a antiga estrutura estamental absolutista. A separação entre os poderes e o direito de propriedade eram as principais características da nova estrutura. A partir desse momento, os franceses não mais seriam súditos de um rei, mas cidadãos de um Estado constitucional.
A primeira forma de governo efetiva da Revolução Francesa foi, portanto, uma monarquia constitucional, que procurou equilibrar os interesses de todos os seguimentos, ou facções, da burguesia. Contudo, as facções mais radicais, como os jacobinos, procuraram impor uma república revolucionária com formato ditatorial. Robespierre foi o principal articulador desse processo. Esse período ficou conhecido como “Terror Revolucionário”, sobretudo por conta do número de decapitações pela guilhotina.
Os desdobramentos posteriores da Revolução Francesa culminaram na ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, que inaugurou um novo império na Europa: um império nacional com um exército nacional formado por cidadãos franceses e não mais por aristocratas da guerra. Esses acontecimentos prepararam a Europa, em particular, e o mundo, em geral, para uma nova configuração política: a dos Nacionalismos e Imperialismos que marcaram o século XIX.
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