Figuras de linguagem no Enem

As figuras de linguagem são tema bastante explorado na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, no Enem. As questões testarão sua capacidade de identificar as figuras usadas em um enunciado, o efeito que causam e por que são importantes para a expressividade linguística.

Leia também: Como estudar Gramática para o Enem

Tópicos deste artigo

Como as figuras de linguagem são cobradas no Enem?

As figuras de linguagem são recursos criativos que utilizamos na comunicação para dar mais expressividade ao enunciado, especialmente nos gêneros artísticos e publicitários. Por isso, esse conteúdo costuma ser cobrado no Enem de modo a testar a capacidade do(a) candidato(a) de perceber o uso das figuras de linguagem em textos e enunciados, explicando seus efeitos e usos.

  • Interdisciplinaridade: no Enem, as questões têm sido cada vez mais interdisciplinares, ou seja, perguntas que se relacionam a mais de uma matéria ou tópico. Assim, uma mesma questão pode exigir conhecimentos de figuras de linguagem, gêneros narrativos e movimentos literários, por exemplo.
  • Contexto: a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias é conhecida por seus longos enunciados e textos de apoio às questões. Não seria diferente no tópico de figuras de linguagem: no Enem, espera-se que você perceba quando as figuras de linguagem foram utilizadas em um enunciado bem como o efeito que elas geram e a justificativa para seu uso.
  • Efeitos: as figuras de linguagem afetam o discurso, dando a ele novos sentidos ou explorando a estrutura dos enunciados e mesmo o som das palavras. No Enem, as questões analisarão se você consegue perceber esses efeitos, sabendo identificar a figura de linguagem correspondente a eles.
  • Linguagem não verbal: elementos visuais também compõem o discurso e são igualmente cobrados no exame de linguagens. Charges e peças publicitárias usando imagens são muito utilizadas no Enem, testando sua capacidade de relacionar os elementos verbais aos não verbais e de compreender como as figuras de linguagem são exploradas nessa relação.

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  • Quais são as figuras de linguagem mais cobradas no Enem?

  • Ironia: caracteriza-se por querer dizer o oposto do que realmente é dito no enunciado. É um recurso muito usado na literatura, e é preciso ter atenção para o seu uso, pois pode passar despercebido na leitura.
  • Comparação: como o próprio nome já diz, estabelece explicitamente uma relação de comparação entre dois termos. É muito usada na linguagem literária e publicitária, podendo ocorrer puramente entre elementos verbais, entre elementos não verbais e mesclando elementos verbais e não verbais.
  • Metáfora: estabelece uma relação semelhante à da comparação, porém, de maneira implícita, criando relação semântica (de sentido) entre os termos. Assim como na comparação, a metáfora também é explorada tanto na linguagem verbal quanto na não verbal.
  • Metonímia: usa um termo para referir-se a outro relacionado a ele de alguma forma. A substituição é feita de modo semelhante àquela relação semântica estabelecida na metáfora.
  • Elipse: é a omissão de algum termo do enunciado, sendo que tal elemento pode ser subentendido pelo contexto. Muito comum, ocorre frequentemente em diversos tipos de discurso.
  • Antítese: uso de dois termos com sentidos opostos em um mesmo enunciado, gerando um efeito de intensificação de sentidos pelo contraste estabelecido. Também pode ocorrer na linguagem não verbal, principalmente artística e publicitária.
  • Paradoxo: enunciado construído de modo a gerar oposição de ideias, estabelecendo um discurso aparentemente sem nexo. É comum ser confundido com a antítese, então é necessária muita atenção.

Leia também: Gêneros literários no Enem: como esse tema é cobrado? 

Entender como as figuras de linguagem são usadas no enunciado é importante para um bom desempenho no Enem.
Entender como as figuras de linguagem são usadas no enunciado é importante para um bom desempenho no Enem.

O que são figuras de linguagem?

As figuras de linguagem são recursos expressivos que dão maior expressividade e lirismo ao discurso. Podem caracterizar-se por explorar:

Vamos ver, na prática, como as figuras de linguagem são abordadas no Enem? Tente resolver, a seguir, duas questões retiradas do exame nos últimos anos. Não se esqueça de checar nossas outras dicas de gramática. Lembre-se de que você tem acesso aos exames e aos gabaritos dos últimos anos no Portal do Enem!

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Enem 2018)

A Casa de Vidro

Houve protestos.

Deram uma bola a cada criança e tempo para brincar. Elas aprenderam malabarismos incríveis e algumas viajavam pelo mundo exibindo sua alegre habilidade. (O problema é que muitos, a maioria, não tinham jeito e eram feios de noite, assustadores. Seria melhor prender essa gente — havia quem dissesse.)

Houve protestos.

Aumentaram o preço da carne, liberaram os preços dos cereais e abriram crédito a juros baixos para o agricultor. O dinheiro que sobrasse, bem, digamos, ora o dinheiro que sobrasse!

Houve protestos.

Diminuíram os salários (infelizmente aumentou o número de assaltos) porque precisamos combater a inflação e, como se sabe, quando os salários estão acima do índice de produtividade eles se tornam altamente inflacionários, de modo que.

Houve protestos.

Proibiram os protestos.

E no lugar dos protestos nasceu o ódio. Então surgiu a Casa de Vidro, para acabar com aquele ódio.

ÂNGELO, I. A casa de vidro. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.

Publicado em 1979, o texto compartilha com outras obras da literatura brasileira escritas no período as marcas do contexto em que foi produzido, como a

A) referência à censura e à opressão para alegorizar a falta de liberdade de expressão característica da época.

B) valorização de situações do cotidiano para atenuar os sentimentos de revolta em relação ao governo instituído.

C) utilização de metáforas e ironias para expressar um olhar crítico em relação à situação social e política do país.

D) tendência realista para documentar com verossimilhança o drama da população brasileira durante o Regime Militar.

E) sobreposição das manifestações populares pelo discurso oficial para destacar o autoritarismo do momento histórico.

Resolução

Alternativa C. A questão exige conhecimentos sobre o período histórico vivido no Brasil (a Ditadura Militar) e as técnicas usadas por artistas da época para criticar o governo passando despercebidamente pela censura. Dentre elas, estava o uso de figuras de linguagem, como metáforas e ironias.

Questão 2 – (Enem  2019)

A nossa emotividade literária só se interessa pelos populares do sertão, unicamente porque são pitorescos e talvez não se possa verificar a verdade de suas criações. No mais é uma continuação do exame de português, uma retórica mais difícil, a se desenvolver por este tema sempre o mesmo: Dona Dulce, moça de Botafogo em Petrópolis, que se casa com o Dr. Frederico. O comendador seu pai não quer porque o tal Dr. Frederico, apesar de doutor, não tem emprego. Dulce vai à superiora do colégio de irmãs. Esta escreve à mulher do ministro, antiga aluna do colégio, que arranja um emprego para o rapaz. Está acabada a história. É preciso não esquecer que Frederico é moço pobre, isto é, o pai tem dinheiro, fazenda ou engenho, mas não pode dar uma mesada grande.

Está aí o grande drama de amor em nossas letras, e o tema de seu ciclo literário.

BARRETO, L. Vida e morte de MJ Gonzaga de Sá. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 10 ago. 2017.

Situado num momento de transição, Lima Barreto produziu uma literatura renovadora em diversos aspectos. No fragmento, esse viés se fundamenta na

A) releitura da importância do regionalismo.

B) ironia ao folhetim da tradição romântica.

C) desconstrução da formalidade parnasiana.

D) quebra da padronização do gênero narrativo.

E) rejeição à classificação dos estilos da época.

Resolução

Alternativa B. No final do texto, ao caracterizar a narrativa como “grande drama”, Lima Barreto usa a ironia, já que faz uma crítica ao folhetim romântico. A ironia também pode ser vista ao afirmar que a personagem Frederico era pobre, ainda que sua família tivesse “dinheiro, fazenda ou engenho”.

Por: Guilherme Viana

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