Amazônia

A Floresta Amazônica, ou Amazônia, é um dos biomas mais importantes do mundo, com extensão continental, sendo maior do que muitos países do globo. É um bioma com grande importância em escalas local, nacional e mundial, pois sua vegetação tem capacidade de regular o clima de vários países da América do Sul.

Ocupa uma área que abrange nove estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Além disso, está presente em mais oito países da América do Sul: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.

No extremo norte do Brasil, a Amazônia serve de fronteira natural com os países que fazem limite com o território brasileiro, o que a torna um assunto de políticas públicas e uso de defesa territorial. Dentro dos limites brasileiros, a Floresta Amazônica é chamada de Amazônia Legal.

Leia também: Quais são os domínios morfoclimáticos do Brasil?

Floresta Amazônica no Brasil.
Floresta Amazônica no Brasil.

Tópicos deste artigo

Características da Amazônia

A Amazônia é uma floresta bastante heterogênea, com uma rica biodiversidade tanto na fauna quanto na flora. Devido a sua localização, próxima da Linha do Equador, e à alta umidade, é uma floresta perene, ou seja, suas folhas estão sempre verdes, não as perdendo no outono/inverno, como as vegetações de climas temperados e frios.

Veja, por tópico, as principais características desse importante bioma sul-americano.

  • Flora da Amazônia

A Amazônia é uma floresta latifoliada, com folhas bastante largas e com milhares de espécies vegetais. Estimativas da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) apontam que possam existir mais de 30 mil espécies de plantas, algumas ainda desconhecidas pela comunidade científica. Das conhecidas, aproximadamente 150 estão ameaçadas de extinção devido ao desmatamento e queimadas em excesso.

A paisagem amazônica é composta por florestas ombrófilas densas, abertas e/ou fechadas, variando em relação à localidade e altura das árvores. Estudiosos costumam dividir a flora amazônica em três partes, o que facilita o estudo e contribui para analisar esse bioma tão rico e imenso. A Floresta Amazônica é estratificada, com árvores médias e altas, com as seguintes divisões:

  • mata de terra firme
  • matas de igapó
  • matas de várzea

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Nas matas de terra firme estão localizadas as árvores mais altas da floresta. Essa área tem esse nome porque não recebe a cheia dos rios, que são bastante comuns nessa região. As matas de igapó estão nas áreas mais baixas do bioma, sendo bem comuns nos litorais da Amazônia. Devido a essa localização, essa mata é constantemente alagada, promovendo o desenvolvimento de vitória-régia, uma planta típica da Amazônia.

Vitória-régia, em mata de igapó, na Amazônia.
Vitória-régia, em mata de igapó, na Amazônia.

As matas de várzea são chamadas, também, de matas de transição, pois fazem a passagem da mata de terra firme para a mata de igapó. Na mata de várzea, é comum as áreas ficarem alagadas em certas épocas do ano, além de estarem em terras altas, com vegetações semelhantes à mata de terra firme, e em terras mais baixas, confundindo-se com as matas de igapó.

Confira algumas árvores e plantas bem comuns na Amazônia.

  • Castanheira
  • Sumaúma
  • Caucho
  • Quaruba
  • Guaraná
  • Orquídeas
  • Bromélias
  • Copaíba
  • Jatobá
  • Mogno

A diversidade de árvores deve-se ao fato de que a floresta vive do seu próprio material orgânico. As menores árvores desenvolvem-se na sombra das maiores, que perdem algumas folhas ao longo do ano. Tais folhas servem de adubo natural para o solo do bioma, gerando um ciclo de renovação e nutrientes para as espécies. Trata-se de um ambiente equilibrado em que qualquer alteração pode levar a riscos irreversíveis.

  • Fauna da Amazônia

A fauna amazônica é bem diversificada e atrai pesquisadores do mundo todo. Alguns estudiosos apontam que possam existir mais de 30 milhões de espécies na Amazônia, incluindo:

Desses, muitos ainda nem são conhecidos, colocando ainda mais em evidência a importância da Amazônia.

Tamanha riqueza deve-se à extensão da floresta e sua disponibilidade de recursos naturais, como água e alimentos. Entre os mamíferos, os mais comuns são os macacos, como barrigudos e cuxiús, mas onças, tamanduás e peixes-boi são frequentes na área. Muitos deles, como as antas, pacas e jabutis, alimentam-se dos frutos que caem das árvores. Seguindo a lógica da cadeia alimentar, esses mamíferos servem de alimento para grandes felinos da região, como as onças. Um equilíbrio que, para muitos, é assustador, mas necessário.

Em relação aos répteis, é comum a presença de sapos, rãs e pererecas, que se fartam com o cardápio rico de insetos. Esses últimos correspondem ao maior grupo de animais da floresta, com besouros, formigas, vespas e mariposas. Além deles, as aves também tomam conta das copas das árvores, como tucanos, papagaios, araras e periquitos.

Pesquisas apontam que, de cada 20 espécies de peixes de toda a América do Sul, 17 estão nos rios amazônicos, provando mais uma ampla biodiversidade da floresta.

Veja também: Amazônia e a água no Brasil

  • Hidrografia da Amazônia

No Brasil, a hidrografia da Amazônia possui grande rios afluentes, como:

  • Solimões
  • Madeira
  • Tapajós
  • Negro

O rio principal que recebe esses afluentes é o rio Amazonas, considerado o maior rio do mundo.

Rio Amazonas, Brasil.
Rio Amazonas, Brasil.

Devido à exuberância da floresta, a quantidade de rodovias na região é pequena, o que torna o uso das águas como ligação entre as comunidades ali presentes. É o que chamamos de hidrovia, muito comum na Amazônia.

A bacia hidrográfica da Amazônia é a maior do país, ocupando aproximadamente 45% do território nacional. Não se restringe apenas à região Norte, mas abastece parte do estado do Mato Grosso, na região Centro-Oeste, e outros países, como:

  • Colômbia
  • Equador
  • Peru
  • Venezuela

O regime fluvial da Amazônia promove fenômenos bem curiosos, como a pororoca. Esse fenômeno dá-se com o encontro das águas do Rio Amazonas (na Ilha de Marajó, em Belém, Pará), em épocas de cheia, com o Oceano Atlântico, na maré alta.

Devido à baixa altitude em grande parte do bioma, o potencial hidrelétrico na Amazônia é baixo, o que assegura o uso de seus rios apenas para transporte e lazer de comunidades nativas e ribeirinhas. Entretanto, a construção da Usina de Belo Monte, em Vitória do Xingu, no Pará, assusta as comunidades locais, pois pode haver o alagamento de uma grande área florestal que cobrirá o habitat de vários animais, além dessas comunidades.

  • Clima

A Amazônia está localizada em uma zona tropical, ou seja, entre os trópicos. É também cortada pela Linha do Equador, com baixas altitudes. Esses fatores garantem alta incidência de raios solares durante o ano todo, tornando um clima homogêneo de altas temperaturas durante os 12 meses do ano, entre 25 ºC e 28 ºC de média anual.

A densidade da floresta e a grande presença de rios fazem com que haja bastante evaporação de água. Essa evaporação é intensificada com as altas temperaturas, gerando nuvens com alto teor de umidade. O vapor d’água eleva-se devido ao aquecimento, e quando encontra altitudes elevadas e frias, há precipitação. Esse tipo de chuva, chamada de chuva de convecção, é bastante comum nos fins de tarde na Amazônia.

Predominantemente, o clima de ocorrência na área da Amazônia é o Equatorial Úmido, com temperaturas elevadas e altos índices pluviométricos (até 2500 mm por ano). Entretanto, podemos encontrar o clima Tropical Continental nos estados de Tocantins, Roraima e em parte do Pará, com menos chuvas, mas com características termais bem semelhantes.

Em alguns dias do inverno, normalmente em junho, pode acontecer o fenômeno friagem. Devido à ação da Massa Polar Atlântica, ventos frios do sul atingem o norte do Brasil, podendo abaixar as temperaturas em até 15 ºC nas regiões de Rondônia, Acre, Amazonas e noroeste de Mato Grosso. No entanto, é algo passageiro, durando uma semana ou até menos.

  • Relevo da Amazônia

Em linhas gerais, grande parte da região amazônica possui relevos de baixas altitudes, com inúmeras planícies e depressões, como a Planície do Rio Amazonas e a Depressão da Amazônia Ocidental (nomenclaturas usadas de acordo com a classificação do geógrafo Jurandyr Ross). Entretanto, é na Amazônia que estão localizados os picos mais altos do Brasil, na fronteira com a Venezuela.

Nos Planaltos Residuais Norte-Amazônicos, temos relevos que podem atingir mais de três mil metros de altitude, principalmente em terras venezuelanas. Nessa área, a exploração do manganês contribui para a economia local e nacional. Os picos da Neblina e 31 de Março estão nessa área, com 2993 m e 2972 m, respectivamente.

Degradação da Amazônia

A riqueza amazônica é, ao mesmo tempo, uma dádiva e uma maldição. A corrida por madeiras e espaço para pastagens e lavouras faz com que esse bioma sofra, cada vez mais, com desmatamentos e queimadas. Essas últimas, em alguns casos, ficam fora de controle, podendo atingir pequenas cidades na região, um perigo constante.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente no ano de 2019, o Brasil registrou mais de 80 mil focos de queimadas. Desse total, 48,9% estavam localizados na Amazônia. Os estados mais atingidos por esses focos foram Amazonas, Pará e Mato Grosso (mais de 15 mil focos apenas nesse estado).

Somados os estados de ocorrência da Amazônia Legal, foram 43.420 focos de queimadas em todo o ano de 2019. Em 2020, até o mês de agosto, já foram registrados 40.191, o que provavelmente aumentará até dezembro. Essas queimadas não destroem somente a floresta, mas a vida de inúmeros animais que vivem ali, comunidades, povos nativos e a esperança de uma boa qualidade de vida.

O fogo na Amazônia deve ser motivo de preocupação para o mundo, não apenas para a população local.
O fogo na Amazônia deve ser motivo de preocupação para o mundo, não apenas para a população local.

Além das queimadas, o desmatamento é algo corriqueiro na floresta. Estima-se que 20% de toda a área nativa da floresta já foram desmatados e/ou queimados. Ainda segundo o Inpe, o desmatamento em 2019 ultrapassou os 10 mil km², um aumento de 34% se comparado com 2018, em que houve quase 7 mil km² de área desmatada.

Apesar de ter grande parte de sua floresta nativa preservada, o aumento de queimadas e desmatamentos é preocupante, pois se uma pequena imprudência pode causar danos ao delicado equilíbrio natural do bioma, imagine essa imensidão de devastação.

Saiba mais: Desmatamento na Floresta Amazônica brasileira: causas e consequências

Importância da Amazônia

Por muito tempo, acreditou-se que a Amazônia era o pulmão do mundo, mas essa informação foi desmentida, pois a grande produção de oxigênio das árvores é consumida, em grande parte, ali mesmo.

A grande importância da floresta está na sua riqueza biológica, tanto na fauna quanto na flora. A alta quantidade de árvores associada à evaporação das águas faz com que a Amazônia tenha quase um quinto de toda a água doce do planeta. A exuberância da flora protege rios e suas margens do assoreamento, garantindo fluxo hídrico o ano todo.

Além disso, as águas que evaporam das árvores são transportadas, via massas de ar, para outras áreas do Brasil, como o Centro-Oeste e o Sudeste, além de Argentina e Uruguai. Com isso, as chuvas que ocorrem nessas áreas podem ser oriundas da Amazônia, que está bem distante em termos geográficos, mas bem perto quando o assunto é preservação e garantia da vida.

Não podemos esquecer-nos da população nativa que habita a floresta e as comunidades ribeirinhas, que protegem o bioma com suas práticas sustentáveis e de uso consciente, sem extrapolar as recargas naturais da Amazônia.

A população nativa tem importante contribuição na preservação da floresta.[1]
A população nativa tem importante contribuição na preservação da floresta.[1]

Por ser o maior bioma brasileiro, é o que mais chama a atenção de exploradores de riquezas naturais, como madeira, animais silvestres, minerais e recursos hídricos. Devido a isso, é o bioma que deve ser preservado em cota máxima, pois a contribuição dessa floresta não se restringe a sua área de ocorrência, mas serve para o mundo todo.

Curiosidades da Amazônia

Sua enorme extensão territorial garante-lhe curiosidades que só encontramos ao analisar essa exuberante floresta. Vejamos algumas delas.

  • A área territorial de toda a Amazônia pode ser duas vezes o tamanho da Argentina.
  • Há, aproximadamente, 400 bilhões de árvores na Amazônia.
  • Martin Strel, um esloveno, levou dois meses para nadar todo o rio Amazonas.
  • 20% do oxigênio mundial são produzidos na Amazônia, porém, grande parte é consumida pelas próprias árvores. 
  • 20% de toda a área da floresta foram desmatados nos últimos 40 anos.
  • Existem nativos na Amazônia que sequer tiveram contato com outros povos.
  • As massas de ar vindas da África trazem areia do Deserto do Saara, que ajuda a recarregar os nutrientes para a fertilização natural da floresta.
  • A sucuri, considerada maior cobra do mundo na relação peso x comprimento, é moradora da Amazônia.
  • Existem, aproximadamente, 2,5 milhões de insetos na floresta. A maioria vive nas copas das árvores, alimentando-se de folhas e frutos.
  • Segundo a Embrapa, 25 milhões de pessoas habitam a Amazônia Legal, sendo 433 mil nativos. Um contingente bastante expressivo.
  • 311 espécies de mamíferos, 1300 espécies de aves, 350 espécies de répteis, 163 espécies de anfíbios e 1800 espécies de peixes. Esses são alguns dos números da Embrapa sobre a fauna amazônica.

Resumo sobre a Amazônia

A Amazônia é a maior riqueza do Brasil e dos países que possuem a floresta em seus territórios. Preservar essa dádiva é um dever de todos, pois ela contribui direta e indiretamente para a vida de todos os brasileiros e de outras nações americanas.

Sua biodiversidade é motivo de orgulho e preocupação, pois atrai pesquisadores para a procura de plantas com princípios medicinais e madeireiros atrás das enormes árvores que valem uma fortuna no mercado internacional. Entretanto, essa fortuna só tem valor estando protegida, plantada e cuidada a serviço da humanidade, e não desmatada e beneficiando uma pequena minoria.

É um bioma que se regula sozinho, com as dinâmicas naturais das vegetações e seguindo a cadeia alimentar, mas a menor das alterações compromete toda a floresta, com danos que podem ter graves consequências para toda nação que depende dela para viver e sobreviver.

Exercícios resolvidos

Questão 1 - (IFGO/2016)

Disponível em:

O mapa representa os biomas brasileiros. Com base em sua análise, pode-se afirmar que esses biomas são:

a) I – Cerrado; II – Caatinga; III – Pampas.

b) I – Amazônia; II – Cerrado; III – Pantanal.

c) I – Amazônia; II – Cerrado; III – Caatinga.

d) I – Caatinga; II – Cerrado; III – Amazônia.

e) I – Cerrado; II – Caatinga; III – Mata Atlântica.

Resolução

Alternativa C. A figura I está sobre a área territorial do bioma amazônico, e a III, sobre a Caatinga, sendo a letra C a única alternativa que contempla a representação dos biomas brasileiros.

Questão 2 - (UFSCar SP/2016) As estimativas situam a região como a maior reserva de madeira tropical do mundo. Seus recursos naturais — que, além da madeira, incluem enormes estoques de borracha, castanha, peixe e minérios, por exemplo — representam uma abundante fonte de riqueza natural. A região abriga também grande riqueza cultural.

(Disponível em http://www.mma.gov.br/biomas. Adaptado)

O texto refere-se

a) ao Pantanal.

b) ao vale do São Francisco.

c) à Campanha Gaúcha.

d) à Amazônia.

e) ao Triângulo Mineiro.

Resolução

Alternativa D. A rica biodiversidade na Amazônia envolve vários aspectos naturais, como a fauna e a flora da região.

Crédito da imagem

[1] Laszlo Mates / Shutterstock

Por: Átila Matias

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