Fernando Collor

Fernando Collor de Mello foi o segundo presidente do Brasil na Nova República (pós-Ditadura). Eleito em 1989, renunciou em 1992 para não sofrer impeachment.

Imagem oficial em preto e branco do ex-presidente da República Federativa do Brasil, Fernando Collor.
Imagem oficial em preto e branco do ex-presidente da República Federativa do Brasil, Fernando Collor.

Fernando Collor de Mello foi o 32º presidente do Brasil e o segundo da Nova República (após a Ditadura Militar). Venceu as eleições de 1989, derrotando Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno com um mote de campanha que dizia que ia “caçar marajás”, referindo-se a funcionários públicos e agentes do Estado, acusados por ele de corrupção. Ironicamente, sofreu processo de impeachment pouco tempo depois, devido ao confisco das poupanças de milhões de brasileiros. Apesar disso, segue na vida política até os dias atuais — também já foi prefeito de Maceió e governador do Alagoas. Vem de família rica e tradicional no estado, com pai e avô também ocupantes de importantes cargos no passado.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre Fernando Collor

  • Fernando Affonso Collor de Mello ou, como ficou conhecido, Fernando Collor foi o 32º presidente do Brasil, o segundo da Nova República (pós-Ditadura Militar) e o primeiro eleito com voto direto após o regime autoritário.
  • Venceu as eleições de 1989, que tinham 22 candidatos. Foi para o segundo turno contra Lula, do PT. Fez uma campanha focada em atacar os que ele chamava de “marajás”, referindo-se ao serviço público.
  • Collor vem de família rica e tradicional de Alagoas. Seu avô e seu pai também exerceram cargos eletivos, além de serem donos de um conglomerado de comunicação que detém o domínio de rádios, TVs e revistas em todo o Norte-Nordeste.
  • Sofreu processo de impeachment após denúncias de corrupção vindas de seu próprio irmão, que chegou a escrever livro a respeito. A população começou a cobrar sua saída em um movimento que ficou conhecido como os “Cara-Pintada”.
  • Renunciou antes de sofrer impeachment, porém o inquérito concluiu que ele era, sim, culpado. Mudou-se do Brasil e só retornou em 1998, recomeçando sua carreira política.

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Biografia de Fernando Collor

A biografia do presidente mais jovem da história brasileira — quando eleito, Collor tinha apenas 40 anos — remete ao histórico de sua família, dona de meios de comunicação importantes no Norte e Nordeste e que incluía vários outros membros que seguiram carreira política antes dele.

  • Nascimento e juventude de Fernando Collor

Fernando Affonso Collor de Mello nasceu em 12 de agosto de 1949, no Rio de Janeiro. Passou os primeiros anos de vida (infância e juventude) entre três cidades, onde estudou e concluiu a educação básica: Rio, Brasília e Maceió.

No ensino superior, formou-se em Economia pela Universidade Federal do Alagoas, em 1972. Depois de formado, trabalhou em dois jornais: foi estagiário no Jornal do Brasil e, posteriormente, diretor do Gazeta de Alagoas. Exerceu também a profissão de corretor de valores e superintendente da Organização Arnon de Mello, um conglomerado de comunicação com rádios, jornais e TVs em toda a região Norte e Nordeste do país, pertencente à sua família. Chegou a ser, ainda, diretor de um time de futebol, o CSA, nos anos de 1973 e 1974.

Em 1975, casou-se pela primeira das três vezes, com a herdeira de um grupo empresarial de investimentos, o Monteiro Aranha. Ficaram casados por nove anos e tiveram dois filhos. Collor teve também, durante o período, um outro filho, com uma amante.

O segundo casamento foi com Rosane Brandão Malta, filha de famosos políticos de Alagoas, que viria a ser primeira-dama e com quem não teve filhos. O terceiro, mais recente, em 2006, foi com Caroline Medeiros, arquiteta sem ligações políticas expoentes, com quem tem duas filhas.

Seus pais foram Leda Collor e Arnon Afonso de Farias Mello, que foi um conhecido jornalista, advogado, político e empresário alagoano. Foi governador de Alagoas, de 1950 a 1955, e senador, de 1963 a 1981.

O avô de Collor também era jornalista e político. Chamado Lindolfo Leopoldo Boeckel Collor, descendia dos primeiros alemães que chegaram ao Brasil. Foi deputado (eleito pelo Rio Grande do Sul) e ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de Vargas, com quem rompeu em 1932.

  • Carreira política de Fernando Collor

Collor só entrou para a vida pública em 1979, quando foi nomeado prefeito de Maceió. A partir de 1982, foi deputado federal e, de 1987 a 1989, governador de Alagoas, cargo que abandonou para disputar as eleições presidenciais.

passou por vários partidos políticos, sendo eles: Arena (1979), PDS (1980-1985), PMDB (1986-1988), PRN (1989-1992), PRTB (1999-2006), PTB (2007-2016), PTC (2016-2019), Pros (2019-2022) e PTB (2022).

Nota-se que há um hiato entre os anos de 1992 a 1999, pois foi quando, após o impeachment, perdeu seus direitos políticos e se mudou para Miami, sempre recorrendo ao STF para tentar recobrá-los. Mesmo sem êxito nas apelações, voltou para o Brasil em 1998 e disputou a prefeitura de São Paulo, onde passou a morar, e obteve pífio número de votos.

Pouco tempo depois, o STF concedeu seus direitos políticos de volta. Assim, ele tentou, em 2002, a eleição para governador de Alagoas, mas ficou em segundo lugar. Apenas em 2006 conseguiu retornar a algum cargo eletivo, desta vez como senador. Em 2010, tentou novamente ser governador, em uma eleição cheia de recorrências ao TRE. Em 2014, foi reeleito senador.

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Governo Fernando Collor

Collor foi o primeiro presidente do Brasil eleito pelo voto e o segundo da Nova República (após a Ditadura Militar), já que Sarney, seu antecessor, fez um governo transitório para o qual não foi eleito em pleito.

Em campanha, Fernando Collor se colocava como uma figura jovem, o que de fato era, já que foi o presidente mais jovem da história, com 40 anos. Collor conseguiu, com auxílio fundamental da mídia, tanto televisivamente quanto em jornais e revistas, ir para o segundo turno das eleições de 1989 (que teve nada menos do que 22 candidatos), disputando contra Lula.

Vale lembrar que, naquele ano, o mundo assistia à queda do Muro de Berlim e ao fim da URSS, e o adversário de Collor era, justamente, do Partido dos Trabalhadores e um ex-sindicalista.

Collor tomou posse em março de 1990 e renunciou em dezembro de 1992, ou seja, esteve na presidência por apenas dois anos e nove meses. Durante esse tempo, adotou como meta a diminuição da inflação estrondosa pela qual o Brasil passava desde o governo Sarney, chegando a índices de mais de 1000%.

Para tal, semelhantemente a seu antecessor, elaborou planos econômicos, como o Plano Brasil Novo ou, como ficou conhecido, Plano Collor, cujo primeiro passo foi decretar feriado bancário e, em seguida, mudar a moeda, voltando ao cruzeiro, que fora substituído pelo cruzado novo havia pouquíssimo tempo.

Apesar de curta, sua administração foi agitada, não só economicamente, mas porque ele não respeitava o Congresso Nacional e atacava publicamente seus adversários.

Uma frase que ficou conhecida desde sua campanha era a de que ele seria o “caçador de marajás”. Com isso, ele revelava suas intenções neoliberais em relação a funcionários públicos, que chegou a demitir, e o enxugamento do Estado, por meio da extinção ou fusão de diversos órgãos e ministérios.

Após estipular medidas que congelavam salários e preços, Collor chegou, enfim, à parte do seu plano que consistia, basicamente, em confiscar as poupanças dos brasileiros. Quem tinha depósitos bancários de 50.000 cruzeiros ou mais teria esses valores confiscados e devolvidos somente após 18 meses. Segundo o governo, isso faria com que circulasse menos dinheiro e melhoraria a inflação. Para ter a aprovação de medida tão excêntrica, Collor contava com o aval de sua prima Zélia Cardoso de Mello, Ministra da Economia, o que facilitou sua implementação.

Por incrível que pareça, essa ação de confiscar poupanças (que depois também foi expandida para contas-corrente) executada por Collor permeava as ideias de outros candidatos à época das eleições. Todos tentavam resolver um único e o maior problema do Brasil: a hiperinflação. Apesar do otimismo da população (71%) e relação estável com o Congresso em um primeiro momento, tudo ruiu após o confisco. Para saber em mais detalhes sobre o governo de Collor, leia: Governo Collor.

  • Corrupção no governo Collor

Ainda em 1991, com pouco tempo de governo, Collor começou a ter seu nome estampado nas mesmas capas que o apoiaram um ano antes, mas agora com notícias de corrupção quem o envolviam pessoalmente ou a pessoas muito próximas, como a primeira-dama, amigos, ministros e até seu irmão, Pedro Collor de Mello.

Este, no entanto, denunciou outros esquemas escusos, como o do tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias (conhecido como PC Farias). Esse irmão, caçula de Fernando, mais tarde, em 1993, lançou um livro chamado Passando a limpo: a trajetória de um farsante, contando os bastidores dos esquemas de corrupção no governo do irmão.

Impeachment de Fernando Collor

Com essas manchetes cada vez mais escandalosas em jornais, TVs e revistas, a população, antes otimista, passou a cobrar que fossem investigadas tais acusações. Um dos movimentos mais famosos com esse intuito foi o dos Cara-Pintada, formado, em sua maioria, por jovens universitários do Movimento Estudantil que ganharam esse nome por pintarem seus rostos de verde e amarelo, em alusão à própria campanha de Collor, que trazia dois L’s nessas cores.

Quando estava quase deixando o governo, o então presidente pediu que a população se manifestasse em seu apoio pintando o rosto dessa maneira. Porém, as pinturas vinham acompanhadas de cartazes e dizeres de “Fora Collor”. Alguns trocaram o verde e amarelo pedido pelo preto, em sinal de protesto. Abaixo, um exemplo de como eram essas manifestações:

Cara-Pintada durante manifestação no Palácio do Planalto contra o governo Collor.
Movimento dos Cara-Pintada, dos estudantes, foi fundamental para o impeachment de Collor. [1]

A partir de então, foi instaurada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional, e, no dia 2 de outubro de 1992, aberto oficialmente o processo de impeachment. Collor não chegou a sofrer impeachment, pois renunciou antes, em dezembro do mesmo ano. Quem assumiu o governo foi o seu vice, Itamar Franco.

A CPI concluiu e comprovou que Collor e PC desenvolveram o que ficou conhecido como Esquema PC, uma rede de corrupção que desviava dinheiro público e realizava tráfico de influências. Collor, em uma tentativa desesperada de se safar do processo e já com péssima relação com o Congresso e com a população, apresentou supostas provas de que não estava envolvido nos desvios, porém, descobriu-se que sim, por meio de depoimento de seu próprio secretário, o que aumentou ainda mais a comoção. Para saber mais sobre o processo de impeachment de Collor, leia: Impeachment de Fernando Collor.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons / Agência Brasil (reprodução)

Por: Mariana de Oliveira Lopes Barbosa

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