A ideia de cultura é comumente associada à erudição ou intelectualidade. Afirmar que alguém “não tem cultura”, geralmente, é o mesmo que dizer que a pessoa é ignorante ou não possui conhecimentos que são considerados de maior refino. Esse é um engano que todos nós já cometemos algum dia.
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O fato é que uma cultura não está relacionada com o valor designado a um tipo de conhecimento específico, sendo ele erudito ou não. No âmbito da cultura, a Sociologia busca entender os aspectos que o ser humano adquire ao longo do seu contato social. Esses aspectos são compartilhados entre os indivíduos que fazem parte de um grupo de convívio específico e refletem, especificamente, a realidade social desses sujeitos. Algumas características, como a linguagem, valores normativos ou modos de se vestir em ocasiões específicas, possibilitam a cooperação e a comunicação entre aqueles que compartilham uma mesma cultura. Isso quer dizer que o conceito de cultura está intimamente conectado ao conceito de sociedade. Assim, podemos afirmar que:
Uma cultura não pode existir fora de uma sociedade e, da mesma maneira, uma sociedade não pode existir sem cultura.
Ao falarmos de culturas, referimo-nos tanto a aspectos materiais, como objetos que podem servir como símbolos ou as ferramentas e os meios tecnológicos que um grupo possui, quanto a aspectos imateriais, como crenças religiosas, valores ou ideias. Esses aspectos constroem a realidade social dividida entre aqueles que a integram, dando forma às relações e estabelecendo valores e normas.
Valores e normas
Os valores e normas são aspectos fundamentais de uma cultura, servindo também como pilares fundamentais da construção de uma sociedade. Para entendermos o motivo para tamanha importância, podemos observar os costumes de outras nações, como as civilizações que se construíram em volta da religião islâmica. Os papeis sociais que são determinados a partir do sexo do indivíduo são completamente diferentes. Uma mulher que nasce em um país estritamente islâmico utiliza a burca (peça de vestuário que cobre o corpo da mulher da cabeça aos pés), que tem significado a partir da exigência por um comportamento que evoque a modéstia e a castidade. No entanto, para as pessoas da cultura ocidental, a burca é o símbolo da opressão contra a mulher.
Podemos concluir, a partir de exemplos como esse, que as normas e os valores são extremamente variados nas diferentes culturas que observamos. A diversidade cultural é um fato em nossa realidade globalizada, em que o contato entre o que consideramos familiar e o que consideramos estranho é comum. O contato com ideias, comportamentos, línguas e culinária de outras culturas, por exemplo, tornou-se tão corriqueiro em nosso dia a dia que mal paramos para pensar no impacto que sofremos diariamente.
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Esse impacto molda e transforma normas e valores. Isso quer dizer que uma cultura não é estática, não permanece a mesma indefinidamente e, portanto, não pode ser vista como “pura”. O choque cultural ao qual todos estamos expostos permite-nos conhecer o mundo do outro. Esse conhecimento é, muitas vezes, agente de mudanças em nossos próprios costumes e valores.
O maior dos exemplos que possuímos é a interferência da cultura indígena em nossa língua. Palavras como mandioca, bauru, abacaxi ou nomes como Amazônia e Araguaia têm raiz nas línguas dos nativos de nossa terra. Diante disso, podemos concluir que não é possível falar de culturas originais. Toda cultura é construída diante do encontro com o diferente.
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