Cultura de massa

A cultura de massa é a cultura feita para as massas de trabalhadores, produzida pela indústria cultural. As mídias e o capitalismo estão associados com a cultura de massa.

Pessoas zumbis com uma televisão em lugar da cabeça, uma alusão à cultura de massa.
Uma das características da cultura de massa é a homogeneização do público.

Cultura de massa é a produção cultural voltada para a audiência de massa. Ela é difundida pelas mídias e produzida pela indústria cultural. Alguns exemplos de cultura de massa incluem programas de televisão populares, músicas de sucesso nas paradas, filmes de grande orçamento, best-sellers de livros, alimentos consumidos massivamente e tendências de moda amplamente adotadas. O conceito de cultura de massa foi estudado por muitos teóricos, especialmente os associados à Escola de Frankfurt.

O circuito da cultura de massa está enquadrado pela lógica da industrialização. Os produtos da cultura de massa são feitos para serem consumidos em larga escala, o que maximiza os lucros ou minimiza os prejuízos. As diferenças entre a cultura de massa, cultura erudita e cultura popular também foram muito estudadas pelos teóricos da cultura de massa e costumam cair no Enem e em outros concursos públicos no país.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre cultura de massa

  • A cultura de massa é o resultado da produção de bens culturais para serem consumidos por um grande número de pessoas.
  • O conjunto de empresas e instituições que produzem a cultura de massa formam uma estrutura chamada de indústria cultural.
  • A cultura de massa é caracterizada pela padronização do gosto da população, segundo teóricos da Escola de Frankfurt.
  • Outros teóricos afirmam que a cultura de massa permite a criação de identidades híbridas que desafiam as categorias tradicionais de identidade.
  • Estimular o consumismo é um resultado da cultura de massa que interessa ao capitalismo.
  • A divisão da cultura em três – cultura de massa, cultura popular e cultura erudita – é a mais tradicional e muito criticada.

Videoaula sobre cultura de massa

O que é cultura de massa?

A cultura de massa refere-se a um conjunto de bens culturais feito para serem consumidos por um grande número de pessoas. O circuito cultural da cultura de massa costuma ser chamado de “cultura pop” e está subordinado à lógica da indústria cultural.

Essa cultura é muitas vezes produzida e disseminada pela indústria cultural, que inclui mídia de massa, como televisão, rádio, cinema, música, literatura, internet e outros meios de comunicação.

No entanto, a cultura de massa também pode ser objeto de críticas, pois pode promover a homogeneização cultural, a superficialidade e a perda de diversidade cultural em favor de produtos e valores padronizados. Portanto, a relação entre cultura de massa e cultura popular é complexa e pode variar de acordo com o contexto cultural e histórico.

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Exemplos de cultura de massa

Os exemplos de cultura de massa abrangem uma variedade de produtos e fenômenos culturais que são amplamente consumidos e disseminados todos ao mesmo tempo. Observem a lista abaixo.

  • A Copa do Mundo de Futebol.
  • Filmes populares: O Poderoso Chefão, Vingadores e Tropa de Elite, etc.
  • Jogos Olímpicos.
  • Músicas de artistas populares: Beyoncé, Coldplay, Anitta, etc.
  • Jogos de videogame do tipo Fortnite e Fifa.
  • Festas populares como o Carnaval.
  • Marcas de moda como Nike e Adidas.
  • Super Bowl.
Marilyn Monroe em pop art, estilo que se apropriou da cultura de massa.
O estilo pop art se apropriou da cultura de massa (cinema hollywoodiano) e foi incorporado à indústria cultural.[1]

O que todos têm em comum? A audiência global massiva a que são expostos. E também o corpo humano sendo explorado como uma coisa, seja do ponto de vista dos atletas, dos admiradores de esportes ou dos artistas. Poderíamos citar ainda as cadeias de restaurantes de fast food, que servem hambúrgueres, batata frita e pizza, alimentos padronizados e amplamente reconhecidos em todo o mundo. Estes são apenas alguns exemplos de elementos da cultura de massa que são consumidos por uma ampla audiência e têm um grande impacto na sociedade contemporânea.

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Quais as principais características da cultura de massa?

A cultura de massa é caracterizada pela produção em série de bens culturais, como filmes, música, espetáculos, programas de TV, entre outros, que são consumidos em larga escala pela sociedade.

Outra característica é a padronização. Na cultura de massa tudo de novo parece ser mais do mesmo. Isso acontece porque a cultura de massa não está preocupada com as particularidades de cada grupo social, país ou período da história.

Sendo assim, ela homogeneíza o público e passa por cima das diferenças, conseguindo enormes lucros financeiros. A última característica tem a ver com a função da cultura de massa: divertir o público e gerar distração. Nesse sentido, a arte é mais valorizada como entretenimento, de modo a ocultar aquilo que incomoda o público, do que como uma forma de conhecer a realidade, seja ela prazerosa, difícil ou até terrível.

Qual a relação entre cultura de massa e indústria cultural?

O conceito de indústria cultural trouxe a preocupação de que a arte sirva aos interesses do capital e de que, nesse sentido, ela atue apenas como um entretenimento a ser consumido. Para os teóricos associados à Escola de Frankfurt, especialmente Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), reside aí o perigo imposto pela cultura de massa.

Conforme apresentado por esses autores, o conceito de “cultura de massa” é inadequado para a compreensão do fenômeno, porque ele evoca uma compreensão ambígua de “cultura feita pelas massas”, como se as massas criassem de forma autônoma os bens artísticos. A verdade, segundo eles, é que “cultura de massa” significa “cultura feita para as massas” mediante a padronização e o rebaixamento estético da arte.

Em contraponto ao conceito de “cultura de massa”, Adorno e Horkheimer propõem o de “indústria cultural”. Segundo eles, a indústria cultural representa exatamente o mecanismo comercialista que lucra em cima da demanda artística das sociedades do capitalismo tardio. É função da indústria cultural transformar a arte em mercadoria e fazer com que os indivíduos desenvolvam uma relação fetichista em relação a ela.

Teóricos da cultura de massa

Além dos teóricos da Escola de Frankfurt, dedicaram-se a estudar a cultura de massa, ou simplesmente cultura pop, pensadores do porte de Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Roland Barthes e Stuart Hall.

Walter Benjamin argumentou que a tecnologia, em particular a reprodução mecânica, transforma a natureza da obra de arte e sua função na sociedade. Ele discute como a reprodutibilidade técnica torna a arte mais acessível, mas também a destitui de sua aura original, questionando sua autenticidade.

Herbert Marcuse critica a sociedade industrial avançada por criar uma cultura de conformismo e alienação, na qual as pessoas são induzidas a buscar a satisfação de desejos superficiais, enquanto ignoram questões mais profundas.

O crítico literário Roland Barthes analisou como a cultura de massa cria mitos e símbolos que moldam a percepção das pessoas sobre o mundo. Ele tenta provar que bens culturais aparentemente banais, como anúncios publicitários e revistas de celebridades, contêm significados ocultos que reforçam os valores e as ideologias dominantes.

Por fim, o sociólogo britânico-jamaicano Stuart Hall examina a influência das culturas de massa na construção da identidade cultural em uma sociedade pós-moderna. Ele argumenta que essas culturas não apenas homogeneízam o gosto do público, mas também permite a criação de identidades híbridas e fluidas, que desafiam as categorias tradicionais de identidade.

Cultura de massa e capitalismo

A cultura de massa é caracterizada por elementos que a ligam intrinsecamente ao sistema econômico do capitalismo. Essa relação foi bastante explorada pelos teóricos. O comercialismo artístico da indústria cultural, que produz a cultura de massa, transformou arte em mercadorias que podem ser compradas e vendidas, sujeitas às leis de oferta e demanda do mercado.

Outro ponto de intersecção é o consumismo irrefletido. A cultura de massa frequentemente promove um consumo desenfreado e a busca constante por entretenimento. Isso está alinhado com os princípios do capitalismo, que depende do consumo constante para manter o crescimento econômico. A cultura de massa muitas vezes cria um ambiente de espetáculo, onde o entretenimento e a satisfação imediata se tornam prioridades, incentivando o consumo impulsivo.

Homem feliz abraçando um carro, representando o efeito consumista da cultura de massa.
A crença de que o consumo pode nos deixar felizes é um dos mitos alimentados pela cultura de massa.

É, sobretudo, com a publicidade que são definidos publicamente os novos produtos e serviços a serem consumidos. Ela classifica a produção capitalista de acordo com as “necessidades” do consumidor, ensinando-o a usar o que ele não sabia ainda que precisava. A aliança entre mídia, marketing e publicidade constrói novas interpretações para a produção capitalista e, desse modo, socializa os indivíduos para o consumo em massa.

Qual a relação entre cultura de massa e as mídias?

As relações entre cultura de massa e mídias são um aspecto fundamental na compreensão de como a cultura contemporânea é moldada, disseminada e consumida. As mídias de massa possibilitam a produção em larga escala e a ampla disseminação de obras culturais, tornando-as mais acessíveis ao público. Isso tem um impacto significativo na cultura de massa, que é caracterizada pela facilidade de reprodução e distribuição das suas produções.

Além disso, existe uma demanda da sociedade por entretenimento para consumo público. As narrativas que embalam as massas são disseminadas pelas mídias. Muitas pessoas dedicam tempo para ver vídeos postados, as notícias na TV, os comentários sobre a vida de uma celebridade. Essas narrativas rapidamente viram pauta de conversas, motivo de comoção ou o contrário, post em redes sociais, novos memes são criados, etc. E, na semana seguinte, o assunto anterior é completamente esquecido porque ansiamos pela próxima narrativa que vai tocar as massas.

Essa atenção efêmera é uma das características do que já foi chamado de “sociedade do espetáculo”. Este é um fenômeno que acontece há muitas décadas, mas que, nos últimos anos, vem impulsionando-se por conta da facilidade de transmissão e de compartilhamento de mídias.

Praticamente tudo pode virar uma apresentação pública que impressiona e visa entreter nos dias de hoje. O espetáculo movimenta bilhões na economia. Principalmente o entretenimento leve, a diversão rasa e superficial que não nos faz pensar, só assistir.

A diversificação e o crescimento das mídias funcionaram como combustíveis para essa sociedade do espetáculo. Com o advento das redes sociais e a popularização da internet, cada vez mais pessoas podem ter o seu próprio palco e gerar entretenimento a partir do que antes era uma coisa banal e corriqueira: a vida íntima e particular.

Mulher sendo manipulada por um celular em texto sobre cultura de massa.
A popularização da internet impulsionou o compartilhamento de informações e a disseminação da cultura de massa.

Desse modo, as mídias e a cultura de massa têm muito a ver com a nossa necessidade de comentar ou acompanhar narrativas novas e urgentes o tempo todo. Qualquer coisa que gere distração ou que chame a atenção, mesmo que não seja divertido ou bonito, vira notícia nas mídias.

Qual é a origem da cultura de massa?

A origem da cultura de massa é a enorme demanda por informação, entretenimento e cultura gerada pelas massas de trabalhadores que vivem nas grandes cidades. É uma convergência de diversos fenômenos históricos e sociais, que nos trouxeram até a era da sociedade da informação. Após a Revolução Industrial iniciada no final do século XVIII, e depois do crescente desenvolvimento técnico-científico do século XX, notou-se que as transformações nas maneiras de pensar, valorar e agir aconteciam cada vez com mais rapidez.

Esse processo se acelerou formidavelmente na segunda metade do século XX, depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e também foi muito influenciado pela competição geopolítica do contexto da Guerra Fria. A revolução da informática e das tecnologias da informação representou um salto formidável nesse processo.

Os textos que circulavam de forma isolada em livros, revistas e jornais se integraram às imagens, e aos sons, e às músicas, primeiro pelo rádio, depois cinema e pela televisão, e agora por todos os canais que as recentes tecnologias digitais tornaram disponíveis no campo da automação, robótica e a microeletrônica.

Essas tecnologias tornaram possível a disseminação de conteúdo em massa e conectaram pessoas em diferentes partes do mundo. O processo de globalização foi acelerado a partir de uma rede de comunicação que, em segundos, nos conecta com qualquer pessoa ou grupo em todos os lugares do planeta.

Isso permitiu que culturas populares se espalhassem por todo o mundo, gerando uma bilionária indústria do entretenimento. É essa indústria cultural que sustenta as cadeias globais de produção e circulação de bens culturais que podem ser submetidos à massificação, estimulando o avanço e a renovação da cultura de massa.

Saiba mais: Afinal, quem são as minorias da sociedade?

Diferenças entre a cultura popular, de massa e erudita

  • Cultura popular (não confundir com “cultura pop”) é frequentemente associada à tradição e à expressão cultural das classes populares, representando as práticas, crenças e formas de arte das comunidades locais, por exemplo, o folclore e o artesanato.
  • Cultura de massa, por outro lado, é vista como uma forma de produção cultural padronizada e massificada, destinada ao consumo em larga escala. Adorno e Max Horkheimer, teóricos da Escola de Frankfurt, argumentam que a cultura de massa é uma criação da indústria cultural, que a torna homogênea e alienante.
  • Cultura erudita é frequentemente associada à alta cultura, incluindo obras de artes, música e literatura que são consideradas complexas, intelectuais e geralmente produzidas por artistas e intelectuais. A tecnologia afetou especialmente a cultura erudita, desafiando a noção de autenticidade e aura da obra de arte, como argumentou Benjamin. Para alguns, a cultura erudita é vista como elitista e inacessível, enquanto para outros, é um espaço para reflexão e profundidade cultural.

Existe a ideia de que a cultura de massa é usada pelas elites (que tendem a controlar a mídia e outros escoadouros da cultura popular) para controlar os que estão abaixo delas. Membros da Escola de Frankfurt, por exemplo, argumentaram que a cultura de massa é banal, homogeneizada e comercializada e que entorpece a mente das pessoas, tornando-as passivas e fáceis de controlar.

É importante concluir este artigo chamando atenção para o seguinte fato. Apesar dos argumentos um tanto elitistas contra a cultura de massa, ela é frequentemente um veículo para a rebelião contra a cultura dos grupos dominantes. Desse ponto de vista a cultura de massa não é apenas algo imposto de cima para baixo a fim refletir e promover os interesses da elite. Nem sempre a cultura de massa destina-se a entorpecer e docilizar os grupos subordinados da sociedade.

Em vez disso, a cultura de massa é uma arena cheia de diversidade, conflito e luta sobre o conteúdo da cultura e, portanto, da forma da vida social. As classes trabalhadoras, os adolescentes, os negros, os indígenas, as mulheres e outros grupos oprimidos não absorvem passivamente a cultura de massa. Esses grupos ressignificam a cultura e conseguem produzir uma visão do que são suas vidas, incluindo alguma consciência da situação desprivilegiada em que vivem.

Essa luta travada no palco da cultura de massa se reflete em uma grande variedade de produtos culturais. São exemplos disso o samba, o rap, o funk, o tecnobrega e programas de humor que deliciam muitos jovens, mas ofendem o gosto dos seus pais e avós.

Créditos da imagem

[1] robin.ph/ Shutterstock

Fontes

ADORNO, T. W. Indústria cultural e sociedade. Coleção Leitura. 5 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

BARTHES, R. Mitologias. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1972.

BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 165-196.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.

MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1964.

MERQUIOR, J. G. O fantasma romântico e outros ensaios. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

Por: Rafael Pereira da Silva Mendes

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