Josef Stalin

Josef Stalin governou a URSS por cerca de 30 anos. Nesse tempo, comandou genocídios, perseguições políticas e vários tipos de atrocidades.

Josef Stalin foi um dos grandes tiranos da História
Josef Stalin foi um dos grandes tiranos da História
  • Quem foi Josef Stalin?

O georgiano Josef Stalin (1878-1953) foi secretário-geral do Partido Comunista Soviético (cargo burocrático mais destacado daquele regime) de 1922 a 1953. Esse posto, somado a outros poderes que foram por ele agregados ao longo de sua extensa permanência como líder da URSS, permitiu-lhe tornar-se um dos ditadores mais sanguinários da história humana, ao lado de nomes como Adolf Hitler, Benito Mussolini, Pol Pot (Saloth Sar) e Mao Tsé-Tung.

  • Contato com o comunismo

Stalin, cujo nome verdadeiro é Iosif Dugachvili, nasceu na Geórgia (país situado na região do Cáucaso), em 1878, e começou sua atividade clandestina revolucionária em 1899, aos 21 anos de idade. Aprendeu a se esconder, escapar de cercos policiais e todas as artimanhas da vida clandestina. Além disso, foi nessa mesma época que se associou aos social-democratas caucasianos, que faziam assaltos a bancos e a agências dos correios para levantar fundos para outras ações de divisão do pensamento comunista.

Antes disso, Stalin já havia entrado em contato com as ideias marxistas na época em que foi seminarista. Ele lia autores como Marx, Plakhanov e Lenin, clandestinamente. Chegou, inclusive, a esconder panfletos de conteúdo revolucionário entre os objetos de seus colegas de seminário e delatá-los aos superiores para que sofressem as punições em seu lugar.

O contato com o comunismo e com a vertente social-democrata georgiana logo fez com que Stalin voltasse sua atenção para o socialismo russo, em especial para uma tendência que procurava radicalizar as propostas comunistas: o bolchevismo.

  • De revolucionário bolchevique a ditador supremo

Stalin conheceu Lenin e outras lideranças importantes do Partido Bolchevique em 1905, em um congresso na Finlândia. Nesse mesmo ano foi tentado um primeiro ataque revolucionário contra o Império Russo, mas sem sucesso. Stalin seguiu articulando-se com as lideranças do partido, mas sem obter grande expressão. Era considerado intelectualmente inferior por alguns desses líderes, como Leon Trotsky, que foi mais tarde o comandante do Exército Vermelho. Quando Stalin assumiu o poder, eliminou muitos desses líderes, incluindo Trotsky, que, depois de ser exilado, foi assassinado no México, em agosto de 1940, por um agente de Stalin.

O revolucionário georgiano mudou-se definitivamente para Moscou em 1912. Daí em diante, passou a colaborar intensamente com o programa revolucionário bolchevique. Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, esse programa passou a ser executado, dado o enfraquecimento militar e econômico do império do czar Nicolau II. Em 1917, o Império Russo saiu desestruturado da guerra e os bolcheviques deflagraram a Revolução, que ocorreu em duas etapas: uma em fevereiro e outra em outubro.

A revolução só foi possível por causa da articulação entre a massa de trabalhadores urbanos, soldados e camponeses influenciados pelas ideias radicais dos bolcheviques e pela liderança de Lenin. Stalin esteve ativo em todo esse processo. Da revolução começou outro processo conhecido como Comunismo de Guerra, que durou de 1918 a 1920 e completou o projeto de tomada do poder. Do comunismo de guerra, passou-se à Nova Política Econômica.

Em 1922, Lenin ficou inválido após sofrer uma sucessão de acidentes vasculares cerebrais que causaram a sua morte, em 1924. Com a morte de Lenin, teve início uma disputa pela sucessão do poder entre os membros do Comitê Central do Partido Soviético. Havia duas facções principais no Comitê, uma mais à direita, representada por Bukharin, e outras mais à esquerda, representadas por Trotsky.

Stalin, inicialmente, posicionou-se a favor de Bukharin e passou a organizar repressões e intimidações contra a ala de Trotsky, que foi afastado do partido. Posteriormente, Stalin cumpriu, contraditoriamente, as radicalizações que haviam sido sugeridas por Trotsky. De 1924 a 1929, Stalin havia “limpado o terreno” para assumir o poder total. Em 1930, ele era tanto chefe do Comitê Central quanto secretário-geral do Partido Comunista Soviético. Daí em diante, ele passou a perseguir e matar antigos líderes como Bukharin e Kamenev, no período conhecido como Grande Terror.

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  • Genocídio ucraniano

Uma das medidas político-econômicas mais impactantes que Stalin tomou quando assumiu o poder total da URSS foi a chamada coletivização forçada das propriedades agrícolas. Os proprietários de terras cultiváveis, conhecidos como kulaks, foram forçados a ceder tanto sua produção quanto a posse sobre suas terras para o Estado. Esse processo de “deskulakização” foi devastador e violentíssimo para a população rural.

Os que mais sofreram com esse processo foram os ucranianos. Os kulaks da Ucrânia recusaram-se a obedecer às ordens de Stalin e tiveram, em troca, determinações para cumprir impossíveis metas de produção a ser enviada para o Estado. Essa exigência de envio compulsório de alimento para a Rússia provocou a morte de milhões de ucranianos (entre eles, mulheres, crianças e idosos) e ficou conhecida como Holodomor, como bem destaca a pesquisadora Lilly Maracou:

Vários milhões de camponeses foram vítimas da deskulakização. Mas de 2 milhões foram expulsos de suas fazendas. Mais de 1,8 milhão foram deportados. Criaram-se campos de trabalhado forçado para a grande maioria desses camponeses deportados – eles escavavam canais, executavam os trabalhos pesados na construção das ferrovias, derrubavam florestas. A taxa de mortalidade era altíssima. Entre 300 e 400 mil camponeses foram classificados como ''contrarrevolucionários'', e boa parte fuzilada. O número exato é desconhecido até hoje.” (MARCOU, Lilly. A vida privada de Stalin. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2013).

Os campos de trabalhos forçados, para os quais muitos desses camponeses foram enviados, junto a intelectuais, profissionais liberais e políticos opositores a Stalin, eram chamados de Gulags.

  • Segunda Guerra e Pós-Guerra

Nos anos 1930, Stalin viu ascender ao poder na Alemanha alguém que tinha um perfil político semelhante ao seu, ainda que ideologicamente distinto: Adolf Hitler. Ambos, Hitler e Stalin, possuíam grandes ambições imperiais, desprezo pelas liberdades individuais e a estratégia de esmagar qualquer oposição. Ambos também sabiam que, mais cedo ou mais tarde, entrariam em conflito um com o outro. Para tanto, em agosto de 1939, um mês antes de começar a Segunda Guerra Mundial, Alemanha e URSS firmaram um acordo de não agressão, conhecido como Pacto Germano-Soviético.

Contudo, tal pacto foi rompido por Hitler em 1942, e o conflito aberto entre os dois ditadores teve início com a denominada Operação Barbarossa (comandada pelos nazistas), uma das maiores operações de guerra de todos os tempos. Uma das saídas encontradas por Stalin, além de resistir diretamente às investidas de Hitler, foi aceitar a aliança com as potências ocidentais (Grã-Bretanha e Estados Unidos, sobretudo).

Essa aliança, como é sabido, saiu vitoriosa. Todavia, não demorou muito para que as divergências entre as potências ocidentais e a URSS comunista, sob o poder de Stalin, acentuassem-se. Assim, teve início a Guerra Fria ainda na segunda metade da década de 1940. Stalin comandou seu “império vermelho” até 1953, quando veio a óbito.

Seu sucessor, Nikita Krutschev, chocou o mundo – sobretudo a intelectualidade comunista ocidental – ao promover a abertura dos arquivos secretos soviéticos e expor os crimes da Era Stalin. Tal exposição ficou conhecida como “desestalinização”.

Por: Cláudio Fernandes

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