Maria Leopoldina

Maria Leopoldina foi imperatriz do Brasil entre os anos de 1822 e 1826. A austríaca foi esposa de d. Pedro I, tendo sofrido com a brutalidade e o descaso de seu marido.

Pintura retratando a imperatriz Maria Leopoldina.
Maria Leopoldina foi esposa de d. Pedro I e imperatriz do Brasil.[1]

Maria Leopoldina foi uma princesa austríaca que teve grande notoriedade no Brasil por ter sido esposa de d. Pedro I, assumindo a posição de imperatriz entre 1822 e 1826, ano de sua morte. Casou-se com d. Pedro I em 1817, como parte de um acordo entre os reinos de Portugal e da Áustria.

No Brasil, Maria Leopoldina teve importante papel em aconselhar o seu marido durante o processo de independência, incentivando-o a manter-se aqui e a anunciar a separação de Portugal para estabelecer uma monarquia própria. Foi constantemente humilhada por seu marido, com seu caso extraconjugal com Domitila de Castro. Faleceu em circunstâncias misteriosas em 1826.

Leia também: Tudo sobre a vinda da família real para o Brasil

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Resumo sobre Maria Leopoldina

  • Maria Leopoldina foi imperatriz do Brasil entre os anos de 1822 e 1826.

  • Casou-se com d. Pedro I, com quem teve cinco filhos.

  • Seu casamento aconteceu, em 1817, como parte de um acordo entre Portugal e Áustria.

  • Teve um importante papel no processo de independência do Brasil.

  • Foi humilhada por seu marido, que mantinha um caso extraconjugal com Domitila de Castro.

  • Morreu em 1826 devido a complicações de um aborto espontâneo.

Videoaula sobre Maria Leopoldina

Nascimento e juventude de Maria Leopoldina

Carolina Josefa Leopoldina Fernanda Francisca de Habsburgo-Lorena, mais conhecida como Maria Leopoldina, nasceu no dia 22 de janeiro de 1797, em Viena, capital do Império Austríaco. Ela era filha de Maria Teresa com o imperador austríaco Francisco I, sendo a quarta filha do sexo feminino (e a quinta no total de filhos).

Maria Leopoldina teve 11 irmãos, sendo muito próxima de Maria Luísa, a irmã que se casou com Napoleão Bonaparte. Maria Leopoldina era sobrinha-neta de Maria Antonieta e cunhada de Napoleão Bonaparte, duas importantes personalidades da história europeia nos séculos XVIII e XIX. A proximidade entre as duas é confirmada pelas cartas que enviavam uma a outra.

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Maria Leopoldina pertencia a uma das famílias monárquicas mais poderosas e influentes da Europa no começo do século XIX. Por isso teve acesso a uma educação muito refinada, sendo ensinada por personalidades importantes, como Goethe, um dos nomes mais expressivos da literatura alemã no período.

Em sua educação, Maria Leopoldina aprendeu boas maneiras, etiqueta, além de três idiomas: alemão, francês e italiano. Um ponto muito importante de sua educação foi aceitar as ordens da família e atender as vontades de seu pai, porque ela foi ensinada a considerar os interesses da Áustria e de sua família como mais importantes do que suas próprias vontades.

Sua formação foi tão rica que ela tinha capacidade e inteligência para acompanhar eventos importantes da época, como o Congresso de Viena, do qual participou como observadora.

Casamento de Maria Leopoldina com d. Pedro I

A vida de Maria Leopoldina mudou radicalmente quando ela se tornou parte da negociação entre o Império Austríaco e o Império Português. Essa negociação foi resultado do esforço diplomático de Portugal para casar Pedro de Alcântara, filho do rei português d. João VI. O casamento foi o jeito encontrado para colocar fim nos casos amorosos do príncipe português.

Além disso, Portugal estava à procura de um casamento que permitisse ao país relacionar-se com alguma monarquia influente na Europa e que reduzisse a influência inglesa sobre ele. A possibilidade de casar Pedro de Alcântara com alguma princesa do Império Austríaco foi vista como o acordo perfeito. No caso da Áustria, esse casamento poderia aumentar a influência dela na América, fortalecendo a monarquia nesse continente.

O casamento aconteceu em 13 de maio de 1817, e logo Maria Leopoldina deu início aos preparativos para mudar-se para o Brasil. Ela inclusive deu início aos estudos para aprender a língua portuguesa, demonstrando rápidos e significativos avanços nesse intento. Os registros demonstram o entusiasmo de Maria Leopoldina na sua mudança, em especial pelo seu interesse em botânica.

Ela partiu da Europa no dia 15 de agosto de 1817, e sua viagem demorou 85 dias. Ela chegou ao Brasil no dia 4 de novembro de 1817, sendo recebida com todas as honrarias possíveis para alguém de sua posição. Seus primeiros relatos sobre o Brasil demonstram seu encanto com as belezas naturais do Rio de Janeiro.

Os primeiros anos do seu casamento foram pacíficos, mas as cartas escritas pela austríaca dão alguma ideia de alguns acontecimentos nele. Segundo Maria Leopoldina, d. Pedro I:

  • possuía um grande apetite sexual;

  • falava o que pensava e não aceitava ser contrariado;

  • algumas vezes, era grosseiro com sua própria esposa.

Ainda assim, a austríaca não duvidava do amor de seu marido. Rapidamente, o casal começou a ter filhos, sendo eles:

  1. Maria da Glória (1819);

  2. Januária Maria (1822);

  3. Paula Mariana (1823);

  4. Francisca Carolina (1824);

  5. Pedro de Alcântara (1826).

Apesar disso, os casos extraconjugais de d. Pedro eram frequentes, principalmente quando a austríaca estava grávida. Essa situação se agravou durante o processo de independência, quando d. Pedro conheceu Domitila de Castro durante viagem a São Paulo.

Veja também: Por que d. Pedro I abdicou do trono?

Como Maria Leopoldina ajudou na independência do Brasil?

A vida de d. Maria Leopoldina no Brasil foi diretamente influenciada pelo processo de independência, que ganhou força aqui a partir de 1820. Isso foi um resultado direto da Revolução Liberal do Porto, que procurou realizar algumas mudanças em Portugal e recolonizar o Brasil, revertendo a abertura e os ganhos do Período Joanino.

A princípio, Maria Leopoldina desejava retornar para a Europa junto de seu sogro e de seu marido, d. João VI e d. Pedro. Entretanto, seu retorno foi impedido por sua gravidez, o que foi uma grande frustração para ela. Logo ela se conformou com a permanência aqui e identificou rapidamente o cenário político que se estabelecia.

Maria Leopoldina entendeu que, a menos que d. Pedro assumisse o processo que estava em curso no Brasil, estabelecendo uma monarquia desvinculada de Portugal, a colônia correria sérios riscos de tornar-se uma república liberal, como outras na América do Sul. Assim, ela serviu de conselheira política para seu marido, incentivando-o a ficar no Brasil.

A decisão de d. Pedro de permanecer no Brasil, anunciada no Dia do Fico, em 9 de janeiro de 1822, teve a relevante influência de sua esposa. Ela foi também, junto de José Bonifácio, uma grande incentivadora para que seu marido conduzisse a independência do Brasil e aqui se estabelecesse como líder de uma monarquia, assumindo então a posição de imperador.

Em setembro de 1822, notícias de Portugal chegaram exigindo o retorno imediato de d. Pedro e Maria Leopoldina para Lisboa, assim como ordenavam a prisão de algumas das pessoas mais próximas de d. Pedro, como José Bonifácio. Em 2 de setembro, Maria Leopoldina e José Bonifácio escreveram, cada um, uma carta orientando d. Pedro a declarar a independência do Brasil.

D. Pedro recebeu as cartas em 7 de setembro de 1822, na altura do rio Ipiranga, em São Paulo, e procedeu anunciando a independência do Brasil.

Saiba mais: Os principais acontecimentos após a proclamação da independência

Morte de Maria Leopoldina

Apesar de sua enorme influência e importância para d. Pedro durante a independência, Maria Leopoldina não recebeu um tratamento adequado ao seu papel depois que seu marido se tornou imperador. O imperador do Brasil ficou marcado por dedicar um tratamento cada vez mais cruel a sua esposa, principalmente depois que conheceu Domitila de Castro.

Domitila recebeu o título de Marquesa de Santos, tornou-se amante de d. Pedro I e passou a ser uma mulher bastante influente por sua proximidade com o imperador. Ela gozou de riquezas, e seus parentes enriqueceram com ela. O imperador não tinha receio de trazer a sua amante para viagens e eventos que contavam com a presença de sua esposa.

Os relatos da época retratam a infelicidade de Maria Leopoldina com a situação, e alguns historiadores especulam que ela tenha desenvolvido uma possível depressão. D. Pedro I ficava dias sem ver a sua esposa, deixou-a inclusive sem a mesada que ela usava para manter-se em sua residência. A situação de abandono da imperatriz foi tão grande que até os criados do imperador maltratavam-na.

Em outubro de 1826, Maria Leopoldina engravidou novamente de um filho com o imperador, mas, em dezembro, teve um aborto espontâneo. Um boato nunca esclarecido ou comprovado afirma que o aborto teria sido consequência de uma agressão de d. Pedro I, e não teria sido a primeira vez que agressões do marido contra a esposa ocorreram.

De todo modo, Maria Leopoldina perdeu o bebê e sua saúde sofreu severamente com esse evento. Ela faleceu em 11 de dezembro de 1826, e isso atingiu fortemente a imagem do imperador, já abalada com a impopularidade de seu caso extraconjugal com Domitila de Castro.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Por: Daniel Neves Silva

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