Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é um acrônimo criado pelo economista inglês Jim O'Neil para designar o grupo de países emergentes que, em um futuro próximo, poderão se tornar grandes economias internacionais. Inicialmente, o termo criado era somente BRIC (sem a África do Sul), porém os países dessa sigla formaram um mecanismo internacional informal que, a partir de 2011, incluiu a África do Sul, adicionando o “S” ao final da sigla (de South Africa).
O termo Bric é, de certa forma, um trocadilho na língua inglesa, uma vez que a sua pronúncia remete à expressão “Brick”, que significa “tijolo”. Assim, esses países seriam os tijolos sobre os quais seria construída a ordem econômica mundial.
Quando, em 2001, o termo Brics foi elaborado, fundamentou-se na economia internacional um espaço territorial para a concentração de investimentos internacionais. Em geral, eram países com elevada extensão territorial, mão de obra abundante, riqueza em matérias-primas, industrialização recente e crescimentos elevados no PIB. Outro país que também assumia essas características na época era o México, porém a grande dependência econômica e política para com os Estados Unidos impediu esse país de fazer parte da lista.
Entre os anos de 2003 e 2007, os países do Brics, juntos, representaram 65% do crescimento econômico mundial. Somados, os seus PIBs superam o dos Estados Unidos e também o da União Europeia. A China tornou-se a segunda maior economia do mundo e o Brasil, a sexta.
Por outro lado, como crescimento econômico não significa desenvolvimento, esses países ainda registram elevadas dívidas externas – ainda que controladas –, além de grandes desigualdades socioeconômicas e dependência da exportação de produtos primários, apesar dos elevados graus de industrialização. Por esse motivo, ainda são considerados como economias subdesenvolvidas ou emergentes.
A projeção, realizada em 2001, era a de que, até 2050, esses países integrassem o grupo das maiores e mais desenvolvidas economias do mundo. Sob o ponto de vista da acumulação de riquezas, esse processo já se concretizou, resta aguardar agora se ocorrerá também no que tange ao desenvolvimento.
Em 2006, de termo econômico, os Brics (ainda sem a África do Sul) tornaram-se um agrupamento político. Entretanto, não formaram um bloco econômico, a exemplo de Mercosul, NAFTA e União Europeia. Os países integrantes reúnem-se anualmente em cúpulas, onde tomam decisões políticas e econômicas em conjunto, sob a perspectiva de liderar o bloco dos países do chamado “sul subdesenvolvido”. Alguns analistas políticos encaram esse agrupamento como uma forma de desafiar a ordem geopolítica global centrada nos Estados Unidos e na União Europeia.
Na V cúpula dos Brics, realizada em março de 2013, duas medidas foram tomadas nesse sentido. A primeira diz respeito à criação de um banco financeiro internacional, paralelo ao FMI e ao Banco Mundial. Esse banco seria uma medida de fornecer ajuda a nações subdesenvolvidas sem que essas tenham de se submeter às mesmas imposições que o FMI costuma aplicar antes de conceder recursos. A segunda medida é a criação de um fundo de reserva entre esses países, a fim de servir como um meio de segurança em casos de crises econômicas ou ocasiões emergenciais.
Essas duas decisões desagradaram profundamente os Estados Unidos e o Reino Unido, que entenderam nessa postura uma espécie de contra-ataque do mundo subdesenvolvido à histórica posição imperialista por parte do mundo desenvolvido. No entanto, é preciso considerar a força política econômica que esses dois países ainda possuem no plano mundial, de forma que não se pode subestimar o seu poder.