Doença da vaca louca

A doença da vaca louca ou Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) é uma doença degenerativa, fatal, não contagiosa, transmissível e causada por príon.

A doença da vaca louca foi diagnosticada pela primeira vez em 1986.
A doença da vaca louca foi diagnosticada pela primeira vez em 1986.

A doença da vaca louca é uma doença causada por príon que acomete animais bovinos. Ela faz parte do grupo das Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET), doenças neurodegenerativas que acometem o sistema nervoso central. Seus sintomas incluem nervosismo, dificuldade de locomoção e reação exagerada a estímulos externos.

O ser humano também pode ser afetado por EET, sendo esse o caso da variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ), a qual é desencadeada pela ingestão de carne e subprodutos de bovinos contaminados com a doença.

Essa enfermidade é uma ameaça grave aos animais e também à saúde humana, portanto, medidas sanitárias rigorosas devem ser adotadas para evitar casos da doença.

Acesse também: Sistema nervoso — fundamental para o funcionamento de órgãos, memória e movimentação

Tópicos deste artigo

Resumo sobre doença da vaca louca

  • A doença da vaca louca ou Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) é um subtipo das Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET).

  • É causada por príon.

  • Foi descrita a primeira vez em 1986.

  • É uma doença fatal que provoca nervosismo, dificuldade de locomoção e reação exagerada a estímulos externos.

  • Não possui tratamento.

  • O consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados está associado ao desenvolvimento da variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ).

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O que é a doença da vaca louca?

A doença da vaca louca ou Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) é uma doença degenerativa fatal que afeta o sistema nervoso central de animais bovinos. A doença é transmissível, porém não é contagiosa. Apresenta grande período de incubação, variando de dois anos e meio a oito anos (média de cinco anos), desenvolvendo-se, portanto, em animais adultos. A doença não apresenta tratamento ou vacinas.

Ela foi diagnosticada pela primeira vez em 1986, no Reino Unido. Na ocasião, a doença provocou a morte de vários animais e desencadeou grandes prejuízos econômicos. Durante esse surto epidêmico, mais de 180.000 animais foram mortos, mas estima-se que mais de três milhões tenham sido infectados e mortos ainda no estágio pré-clínico.

Causa da doença da vaca louca

A doença da vaca louca trata-se de uma enfermidade provocada por príons, partículas proteicas infecciosas. De acordo com a teoria mais aceita, esses príons são resultado da uma transformação de uma proteína normal que sofreu mutação para uma forma anormal capaz de se replicar e se acumular no sistema nervoso, levando ao desenvolvimento de condições graves.

Conforme seu peso molecular, o agente da doença da vaca louca possui três tipificações: príon de peso molecular padrão, príon de peso molecular alto e príon de peso molecular baixo. O príon de peso molecular considerado padrão é responsável por provocar a EEB clássica. O príon de peso molecular alto é responsável pela forma atípica tipo H (high), enquanto o príon de peso molecular baixo desencadeia a EEB atípica tipo L (low).

Leia também: Infecções priônicas — condições degenerativas do sistema nervoso

Transmissão da doença da vaca louca

A doença da vaca louca clássica é transmitida por meio da ingestão de alimento contendo material proveniente de animais que estavam infectados, como a farinha de carne e osso, utilizada como suplemento proteico para animais. Devido a essa forma de transmissão, é proibida a utilização de proteína originada de ruminantes na alimentação de outros ruminantes.

A forma atípica, por sua vez, não está relacionada à ingestão de alimento contaminado, sendo considerada uma variante que ocorre de maneira espontânea em todas as populações de gado bovino. A forma atípica costuma afetar apenas animais mais velhos.

No Brasil, nunca foram registrados casos da doença clássica, entretanto, a forma atípica já foi identificada. No ano de 2021, por exemplo, dois casos de doença atípica da vaca louca foram descritos no país.

Apesar de ser considerada uma forma da doença que não provoca grande preocupação, houve a suspensão da exportação de carne para a China, respeitando, desse modo, os protocolos sanitários estabelecidos entre os países. Apesar de não haverem provas de que a doença atípica seja transmissível, essa hipótese ainda não foi descartada. Portanto, esse impedimento é importante para garantir a saúde do gado e da população humana.

Sintomas da doença da vaca louca

A doença acomete os bovinos provocando, principalmente, nervosismo, dificuldade de locomoção e reação exacerbada a estímulos. O comportamento atípico dos bovinos fez com que a doença fosse chamada popularmente de doença da vaca louca.

Diagnóstico da doença da vaca louca

Amostra de sistema nervoso de bovino
Para confirmação da doença, é necessário analisar amostras do sistema nervoso central do animal.

A enfermidade só é diagnostica definitivamente após a morte do animal e realização de análise de amostras de seu sistema nervoso central. Os exames realizados são o histológico e a técnica de imuno-histoquímica. Vale destacar que qualquer sintoma sugestivo deve ser comunicado imediatamente às autoridades de defesa sanitária animal locais.

Veja também: Kuru — Encefalopatia Espongiforme Subaguda

A doença da vaca louca acomete humanos?

Em 1995, o governo britânico observou que algumas pessoas estavam desenvolvendo uma nova EET, variante da já conhecida Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ). Estudos demonstraram que essa EET era muito semelhante à doença da vaca louca e provavelmente era provocada pela mesma cepa priônica. A condição ficou conhecida como variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ) e sua transmissão foi associada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados com a doença da vaca louca.

A vDCJ acomete, principalmente, indivíduos jovens, com idade inferior a 30 anos. Seus sintomas incluem ansiedade, depressão, psicose, alucinações auditivas ou visuais, irritabilidade, esquecimento, insônia, agitação e alterações motoras.

Alguns exames podem ser feitos a fim de realizar o diagnóstico a doença, como é o caso da análise de líquor para detecção de uma proteína neuronal. Porém, a confirmação só é obtida por meio de um exame neuropatológico feito a partir de fragmentos do cérebro. Vale destacar que, até o momento, a variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob já levou 178 pessoas a óbito.

Por: Vanessa Sardinha dos Santos

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