Álvares de Azevedo

Álvares de Azevedo foi um famoso autor paulista do século XIX e o principal nome do ultrarromantismo brasileiro. A principal temática de suas obras é a morte.

Álvares de Azevedo foi um jovem poeta da segunda geração romântica.

  Álvares de Azevedo foi um famoso poeta brasileiro. Ele nasceu na cidade de São Paulo, no dia 12 de setembro de 1831. Sempre teve uma saúde frágil e, devido à tuberculose, não pôde terminar o curso de Direito, iniciado em 1848. Em sua curta existência, escreveu sete obras, publicadas postumamente.

O poeta, que faleceu em 25 de abril de 1852, no Rio de Janeiro, foi o principal representante da segunda geração romântica. A temática da morte é recorrente em seus textos, tal como o famoso poema “Se eu morresse amanhã”. Suas obras também apresentam idealização amorosa e caráter pessimista.

Leia também: Fagundes Varela — outro poeta brasileiro da segunda geração do romantismo

Resumo sobre Álvares de Azevedo

  • O poeta brasileiro Álvares de Azevedo nasceu em 1831 e morreu em 1852.

  • Iniciou o curso de Direito em São Paulo, mas o abandonou por problemas de saúde.

  • O escritor foi o principal nome da segunda geração do romantismo brasileiro.

  • Suas obras são marcadas pelo pessimismo e pela temática da morte.

  • Noite na taverna, Lira dos vinte anos e Macário são algumas de suas obras.

Biografia de Álvares de Azevedo

Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 12 de setembro de 1831, na cidade de São Paulo. Em 1833, ele e sua família se mudaram para Niterói, no Rio de Janeiro. Em 1835, a morte do irmão recém-nascido do poeta, surpreendentemente, afetou bastante o menino, que passou a pensar na morte.

No ano seguinte, ingressou em uma escola pública. Mais tarde, em 1840, passou a estudar, em regime de internato, no Colégio Stoll, no Bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Gostava de estudar línguas, como o francês, idioma do qual se tornou monitor no colégio. Em 1844, durante seis meses, viveu em São Paulo na casa de um tio.

A estadia nessa cidade se deveu a recomendações médicas, já que o menino tinha a saúde frágil. De volta ao Rio de Janeiro, estudou no Colégio Pedro II a partir de 1845. Foi na casa do tio que se hospedou novamente, quando, em 1848, voltou à cidade de São Paulo para iniciar o curso de Direito.

Durante esse período, entregou-se à boemia. Era amigo dos escritores Bernardo Guimarães (1825-1884), mais tarde autor de A escrava Isaura, e do hoje pouco conhecido Aureliano Lessa (1828-1861). Em 1851, diagnosticado com tuberculose, Álvares de Azevedo se viu obrigado a abandonar a faculdade.

Acabou tendo um final trágico, já que, no ano seguinte, sofreu um acidente de cavalo. Em função disso, precisou ser submetido a uma cirurgia. Faleceu em 25 de abril de 1852, no Rio de Janeiro. Assim, os livros do autor só foram publicados após a sua morte prematura, com apenas 20 anos de idade.

Veja também: Lord Byron — escritor inglês que inspirou poetas com suas obras marcadas por melancolia e pessimismo

Quais são as características da poesia de Álvares de Azevedo?

As obras de Álvares de Azevedo são ultrarromânticas, o que implica um sentimentalismo extremo. O amor é idealizado e, não realizado, gera sofrimento no eu lírico. A mulher amada também é fruto da idealização. Assim, ela é virgem, perfeita e intocável. A idealização é uma forma de a voz poética fugir da realidade.

A poesia de Álvares de Azevedo é marcada pela morbidez, pois a temática da morte é recorrente. Em seus textos, a morte também é uma forma de fuga do sofrimento e do tédio. A felicidade, portanto, é algo inatingível, de forma que se torna inevitável o sentimento pessimista diante do presente, levando à idealização do passado.

Principais obras de Álvares de Azevedo

Capa do livro Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, publicado pela editora Valer.
  • Lira dos vinte anos (1853)

  • Poemas irônicos, venenosos e sarcásticos (1853)

  • Macário (1855)

  • Noite na taverna (1855)

  • O conde Lopo (1886)

  • O poema do frade (1890)

  • O livro de Fra Gondicário (1942)

Principais poemas de Álvares de Azevedo

  • “Lembrança de morrer”

  • “Se eu morresse amanhã”

  • “Um cadáver de poeta”

  • “Pálida imagem”

  • “Minha desgraça”

Qual foi o poema mais famoso de Álvares de Azevedo?

O mais famoso poema de Álvares de Azevedo se chama “Se eu morresse amanhã”. Veja abaixo:

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar os olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito,
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos,
Se eu morresse amanhã!

O poema apresenta as seguintes características românticas:

  • morbidez;

  • melancolia;

  • pessimismo.

Esse texto foi publicado, pela primeira vez, no livro Poemas irônicos, venenosos e sarcásticos. Sua fama se deve por ele parecer ser uma premonição do poeta acerca da própria morte. Assim, ele lamenta perder o seu futuro de glória devido à prematura morte, mas também fica aliviado porque, ao morrer, chegaria ao fim a dor da existência.

Saiba mais: Realismo no Brasil — a visão antirromântica da realidade brasileira

Frases de Álvares de Azevedo

A seguir, vamos ler algumas frases de Álvares de Azevedo, retiradas de seus livros Poemas irônicos, venenosos e sarcásticos e Lira dos vinte anos. Assim, fizemos uma adaptação e transformamos seus versos em prosa:

“Um poeta no mundo tem apenas o valor de um canário de gaiola...”

“Quem vive de amor não tem pobreza.”

“Minha desgraça é ter para escrever todo um poema, e não ter um vintém para uma vela.”

“Eu deixo a vida como deixa o tédio do deserto o poento caminheiro...”

“A vida é uma planta misteriosa cheia d’espinhos, onde só abrem duas flores puras: poesia e amor...”

Fontes:

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2015.

ABL. Álvares de Azevedo: biografia. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/alvares-de-azevedo/biografia.

ÁLVARES DE AZEVEDO. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

ÁLVARES DE AZEVEDO. Se eu morresse amanhã. In: ______. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

GURGEL, Bianca Battesini. De volta dos mortos: versão atualizada de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo. 2018. 115 f. Monografia (Bacharelado em Comunicação Social) – Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

LEITE, Manoel Cerqueira. O estudante Manuel Antônio Álvares de Azevedo. Revista de História, v. 5, n. 12, p. 373-384, 1952.

OLIVEIRA, Jefferson Donizeti de. Um sussurro nas trevas: uma revisão da recepção crítica e literária de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo. 2010. 187 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

OLIVEIRA, Taís Fernandes. Álvares de Azevedo: do lirismo romântico ao prenúncio do modernismo, em “Um cadáver de poeta”. 2018. 131 f. Dissertação (Mestrado em Literatura e Crítica Literária) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.

SANTOS, Matildes Demetrio dos. Na intimidade de um estudante solitário. Cadernos do CnIf, Rio de Janeiro, n. 1, p. 49-60, 2000.  

Por: Warley Souza

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