Ariano Suassuna

Ariano Suassuna, escritor paraibano, nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa. Quando ingressou na Faculdade de Direito do Recife, em 1946, fez parte do Teatro do Estudante de Pernambuco, e, no ano seguinte, escreveu sua primeira peça teatral, a tragédia Uma mulher vestida de sol.

Foi com a comédia Auto da Compadecida, de 1955, que o dramaturgo alcançou sucesso nacional. Assim, o escritor, advogado e professor Ariano Suassuna, que faleceu em 23 de julho de 2014, em Recife, levou para os palcos do Brasil a vida, os costumes e os problemas dos habitantes do sertão nordestino.

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Biografia de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna, em 1964.
Ariano Suassuna, em 1964.

Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, no estado da Paraíba. Na época, seu pai — João Suassuna (1886-1930) — era governador do estado. Por questões políticas, foi assassinado, no Rio de Janeiro, durante a Revolução de 1930. Após sua morte, a família do escritor residiu no município de Taperoá e, em 1942, mudou-se para Recife.

Nessa cidade, em 1946, o dramaturgo ingressou na Faculdade de Direito e participou do Teatro do Estudante de Pernambuco. No ano seguinte, escreveu sua primeira peça teatral — Uma mulher vestida de sol. Em 1950, ganhou o Prêmio Martins Pena pela obra Auto de João da Cruz.

Em 1952, além de escrever para o teatro, passou a trabalhar como advogado. Em 1955, escreveu sua peça mais famosa — Auto da Compadecida. Assim, no ano seguinte, desistiu do Direito, foi trabalhar como professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco, e, em 1957, casou-se com Zélia de Andrade Lima.

O escritor foi um dos fundadores do Teatro Popular do Nordeste, em 1959. No entanto, nos anos seguintes, decidiu se concentrar em sua carreira acadêmica. Além disso, em 1967, tornou-se um dos membros do Conselho Federal de Cultura e, no ano seguinte, do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco.

Era diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco, quando, em 18 de outubro de 1970, deu início ao movimento armorial, em cerimônia que contou com um concerto da Orquestra Armorial de Câmara, além de uma exposição de arte nordestina.

Tal movimento centrou-se na tradição popular do Nordeste e abrangeu todas as artes. Foi considerado, pelo seu criador, como um “movimento aberto”, relacionado à cultura popular nordestina e brasileira, sem qualquer rigidez, mas de caráter erudito. Assim, devido a esse seu profundo envolvimento com a cultura, o dramaturgo exerceu o cargo de secretário de Educação e Cultura do Recife, de 1975 a 1978.

Durante esse período, concluiu sua tese de livre-docência, na Universidade Federal de Pernambuco, em 1976. Anos depois, em 1989, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, aposentou-se como professor, em 1994, e assumiu o cargo de secretário de Cultura do estado de Pernambuco. Já em 2000, recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Morreu em 23 de julho de 2014, em Recife.

Leia também: Guimarães Rosa – autor pertencente à terceira fase do modernismo brasileiro

Características da obra de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna foi um dos fundadores do movimento armorial.
Ariano Suassuna foi um dos fundadores do movimento armorial.

A obra de Ariano Suassuna é caraterizada, principalmente, pelo seu teor regionalista. Desse modo, seus personagens são típicos do Nordeste e, portanto, apresentam dialeto e costumes nordestinos. Assim, os elementos da cultura popular dessa região são valorizados.

Dessa forma, o autor possui uma literatura nacionalista, que valoriza a cultura regional e dá protagonismo ao sertanejo e à sua forma simples de viver. Nesse contexto, elementos tradicionais, como a religião, são tematizados em sua obra, mas também questões sociopolíticas.

Apesar de ter escrito tragédias, como Uma mulher vestida de sol, em que a violência do homem do sertão é retratada, Suassuna é mais conhecido pelas suas comédias, como O santo e a porca e a famosa Auto da Compadecida, nas quais imperam a ironia e a crítica a determinados comportamentos humanos.

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Obras de Ariano Suassuna

Capa do livro Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, publicado pela Nova Fronteira. [1]
Capa do livro Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, publicado pela Nova Fronteira. [1]

Textos teatrais

  • Uma mulher vestida de sol (1947)

  • Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa (1948)

  • Os homens de barro (1949)

  • Auto de João da Cruz (1950)

  • Torturas de um coração (1950)

  • O arco desolado (1952)

  • O castigo da soberba (1953)

  • O rico avarento (1954)

  • Auto da Compadecida (1955)

  • O casamento suspeitoso (1957)

  • O santo e a porca (1957)

  • O homem da vaca e o poder da fortuna (1958)

  • A pena e a lei (1959)

  • Farsa da boa preguiça (1960)

  • A caseira e a Catarina (1962)

  • As conchambranças de Quaderna (1987)

Romances

  • A história do amor de Fernando e Isaura (1956)

  • Romance d’A pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta (1971)

  • História d’O rei degolado nas caatingas do sertão: ao sol da onça Caetana (2015)

  • Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores (2017)

Poesia

  • Ode (1955)

  • Dez sonetos com mote alheio (1980)

  • Sonetos de Albano Cervonegro (1985)

  • Poemas (1999)

Veja também: 5 poemas de Carlos Drummond de Andrade

Auto da Compadecida

A comédia Auto da Compadecida é um texto dramático, cujos personagens principais são o esperto João Grilo e o mentiroso Chicó. Os dois entram em cena quando o cachorro da mulher do padeiro está doente, e ela e seu marido querem que o padre benza o animal, que acaba morrendo.

Então o padre se nega a realizar a cerimônia de enterro do cachorro, em latim, como exigem o padeiro e sua esposa. No entanto, João Grilo, sempre auxiliado por Chicó, inventa a história de que o cão deixou, em testamento, um dinheiro para o padre, o bispo e o sacristão, com a condição de que seu enterro fosse celebrado em latim.

Assim, após convencer o bispo, o padre e o sacristão, João Grilo e Chicó resolvem enganar a esposa do padeiro e lhe vendem um gato que “descome” dinheiro. Assim, enquanto o padeiro, após perceber o engano, está reclamando com o bispo, o cangaceiro Severino chega ao povoado, mata o padre, o bispo, o sacristão, o padeiro e sua esposa.

Para tentar se livrar da morte, João Grilo convence o cangaceiro de que tem uma gaita que ressuscita os mortos. Severino então pede a seu comparsa que o mate, já que quer conhecer o padre Cícero, e depois o ressuscite. Obviamente a gaita não tem esse poder, e João Grilo acaba sendo assassinado por outro cangaceiro, que também morre.

Na sequência, os mortos são julgados na presença do diabo e de Jesus. Manuel (ou Jesus) é negro, e João Grilo diz achar que ele era branco: “Porque... não é lhe faltando com o respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado”. Quando chega a sua vez de ser julgado, novamente, João Grilo se mostra esperto ao pedir que a Compadecida (Nossa Senhora) interceda por ele.

Veja mais: Literatura de cordel e identidade nacional

Frases de Ariano Suassuna

Vamos ler, a seguir, algumas frases de Ariano Suassuna, retiradas de seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, em 9 de agosto de 1990:

  • “Em algumas ocasiões, lanço mão do riso para me defender.”

  • “Aquilo que é sério e grave para mim nem sempre é o mesmo para os outros.”

  • “Não pretendo passar pelo que não sou.”

  • “Se o Brasil oficial é dos brancos, do presidente e de seus ministros, o Brasil real é o de Antônio Conselheiro e Mocinha de Passira.”

  • “Quem gosta de tristeza é o Diabo.”

  • “Inquisidores nos aparecem por todos os lados, sempre dispostos a julgar e condenar os escritores de acordo com seus códigos arbitrários.”

Crédito da imagem

[1] Editora Ediouro (reprodução)

Por: Warley Souza

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