1º de abril – Dia da Mentira

O dia 1º de abril é considerado como o Dia da Mentira em muitos países, inclusive no Brasil. Ele é marcado por brincadeiras, “pregação de peças” ou pela divulgação das mentiras mais deslavadas.

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Qual a origem do Dia da Mentira?

Não se sabe ao certo a origem do Dia da Mentira, situação que ocorre também com boa parte de outras tradições culturais, mas existem alguns indícios históricos.

Um deles, o mais aceito, está relacionado com as mudanças no calendário ocorridas no século XVI. Até essa época, era hábito no Hemisfério Norte comemorar o início do ano no começo da primavera, também conhecido como equinócio, o momento do movimento de translação da Terra em torno do Sol que leva o dia a ter a mesma duração que a noite.

Comemorava-se o Ano-Novo na primavera, pois era nessa estação do ano que se iniciavam as semeaduras na agricultura e também quando as temperaturas nas zonas temperadas e polares começavam a subir. Era considerada também a estação das floradas e da fertilidade.

Tais comemorações tinham origens pagãs e não cristãs. Iniciavam-se as comemorações do Ano-Novo em 25 de março, o dia do equinócio de primavera no século XVI, e o término se dava apenas ao fim do mês, sendo o 1º de abril o dia de volta aos trabalhos.

Atribui-se ao rei francês Carlos IX a ordenação, em 1564, para que a comemoração do Ano-Novo passasse a ser realizada no dia 1º de janeiro, e não mais no início da primavera. Um motivo para isso pode ser a tentativa de erradicar uma prática pagã que ainda vigorava na Europa cristã.​

Selo retratando o personagem Pinóquio. [1]

Possivelmente em face das dificuldades de comunicação e de transmissão de informações e decisões régias, não foram todas as pessoas que souberam da mudança, assim, continuaram a comemorar o Ano-Novo no início da primavera. Esse fato pode ter sido a origem das brincadeiras e das mentiras contadas no 1º de abril.

Mesmo na França, a mudança foi amplamente adotada apenas 3 anos depois. Na Inglaterra, comemorou-se o Ano-Novo no início da primavera até por volta de 1751, mesmo período em que os ingleses passaram a adotar o calendário gregoriano.

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Qual a relação entre o Dia da Mentira e o calendário gregoriano?

Pegando o gancho do calendário gregoriano, podemos relacionar a origem do Dia da Mentira (dia dos tolos, ou bobos) com a adoção desse calendário. Havia muito tempo que o calendário juliano não correspondia mais ao tempo dos movimentos do Sol. Desde o século I a.C. que não havia reformas profundas no calendário juliano, utilizado no mundo cristão. Desde sua criação e utilização, sob ordens do general romano Júlio César, em 45 a.C., que o calendário utilizado instituía o ano com 365 dias e 6 horas, sendo as horas extras transformadas em ano bissexto a cada 4 anos. Entretanto, tal calendário também não era muito preciso.

Pinóquio, um dos mais conhecidos símbolos do mentiroso.

Transcorridos mais de 1500 anos, havia uma defasagem de 10 dias entre o calendário utilizado pelos homens e os tempos dos movimentos do Sol e da Terra. Para tentar acabar com essa diferença e colocar o calendário nos eixos dos movimentos celestes, os cardeais da Igreja católica decidiram reformular o calendário no Concílio de Trento, em 1545.

Outro objetivo era criar datas previamente fixadas para as celebrações religiosas cristãs. Para isso, era necessário fazer coincidir o início da primavera com o dia 21 de março. Carlos IX alterou o Ano-Novo em 1564, mas o novo calendário somente entrou em vigor em 1582, sob o papado de Gregório XIII, em que se passou da quinta-feira, 04 de outubro, para a sexta-feira, dia 15.

No ano seguinte, 1583, a primavera coincidiu com o dia 21 de março, e a data da Páscoa cristã pôde ser previamente estabelecida para ser celebrada na mesma data em todos os locais sob influência católica, ao contrário do que ocorria anteriormente.

Apesar de tratar sobre pulos de dias e de reformas em calendários, confusos e defasados, essa história não foi escrita no dia 1º de abril.

Crédito da imagem

[1] IgorGolovniov/Shutterstock

Por: Tales Pinto

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