Revolta da Armada e a força de Floriano

Ilustração de Angelo Agostini para a Revista D. Quixote representando Floriano frente à Revolta da Armada
Ilustração de Angelo Agostini para a Revista D. Quixote representando Floriano frente à Revolta da Armada

O governo do marechal Floriano Peixoto (1891-1894) foi bem conturbado. Além da Revolução Federalista (1893-1895) no Sul do país, teve que enfrentar também, no Rio de Janeiro, a Revolta da Armada. Iniciada em 13 de setembro, a revolta acarretou o bombardeamento da capital do país até 10 de março de 1894.

Os motivos para a revolta estavam ligados à divisão que havia na época entre o exército e a marinha. Esta, com seus oficiais oriundos da aristocracia agrária, em sua maioria monarquistas, pedia a deposição do presidente Floriano Peixoto, argumentando que sua posse era ilegal, segundo a constituição promulgada em 1891. O principal líder da revolta era o almirante Saldanha da Gama e, junto a alguns setores republicanos, tinha o interesse em levar o almirante Custódio de Melo à presidência da República.

Não era a primeira vez que a marinha se opunha a um presidente na curta vida da República. Em 1891, uma primeira Revolta da Armada ocorreu, quando o marechal Deodoro da Fonseca declarou estado de sítio. Mas contrariamente a Deodoro, o Marechal Floriano Peixoto resistiu à ofensiva e não renunciou ao cargo. Organizou tropas em terra para enfrentar os oficiais que bombardeavam a capital com os canhões dos poderosos navios da marinha. Grupos de voluntários também foram formados para auxiliar na defesa do Rio de Janeiro.

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Os oficiais revoltosos da marinha ainda tentaram expandir a luta contra Floriano Peixoto e se uniram aos maragatos da Revolução Federalista. Um encontro entre as duas forças ocorreu, em novembro de 1983, na Ilha do Desterro, atual Florianópolis, Santa Catarina, estado cujo governador apoiava a Revolta da Armada. Tentaram ações conjuntas para derrotar as forças governamentais, mas em terra a Revolução Federalista foi derrotada por tropas florianistas e por outras vindas posteriormente de São Paulo, além dos combates no Rio Grande do Sul.

Em mar, no Rio de Janeiro, os combates se deram entre os navios dos revoltosos e os novos navios de guerra, principalmente estadunidenses, comprados às pressas pelo governo de Floriano Peixoto. Os oficiais sublevados não puderam resistir à defesa montada pelas forças florianistas e, em 10 de março de 1894, renderam-se.

Os dois conflitos fortaleceram Floriano Peixoto, que ganhou o apelido de “Marechal de Ferro”, mantendo-se no cargo até o fim de seu mandato. Com essas ações, os resquícios das forças monarquistas foram derrotados, consolidando a República como forma de administração governamental do Brasil.

Por: Tales Pinto

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