Envelhecimento populacional

O envelhecimento populacional está cada vez mais evidente nas estatísticas demográficas globais. A sua causa está atrelada à diminuição da natalidade e à elevação da expectativa de vida. O maior porcentual de idosos em uma população resulta em consequências sociais e econômicas, que devem ser amenizadas pelos países por meio de políticas públicas.

O Brasil vivencia esse processo de envelhecimento desde o século passado. Porém, nos últimos anos, o crescimento da população de idosos no país é cada vez maior. Esse cenário remete ao vivenciado no restante do globo, com destaque para a Europa, onde os países enfrentam problemas resultantes de uma população muito envelhecida.

Leia também: Como se calcula a densidade demográfica?

Tópicos deste artigo

Causas do envelhecimento populacional

O envelhecimento populacional é um fenômeno demográfico cada vez mais presente, já que a principal tendência quando se trata da população mundial é o aumento do número absoluto e relativo de idosos nos índices populacionais. Esse cenário já é uma realidade em várias nações do globo, em especial nas mais desenvolvidas economicamente, onde a proporção de pessoas com mais de 60 anos em relação à população total é muito representativa.

De maneira geral, há um conjunto de fatores que explica o aumento da população idosa. Em primeiro lugar, há uma redução da taxa de natalidade. Nas últimas décadas, as mulheres vêm tendo um menor número de filhos. Entre as razões para essa decisão, estão o melhor acesso à saúde, as políticas de planejamento familiar, a utilização de métodos contraceptivos, bem como a maior qualificação e participação da mulher no mercado de trabalho.

Por sua vez, a taxa de mortalidade apresentou uma queda importante nos últimos anos. Os avanços da medicina acompanhados do desenvolvimento de novos medicamentos, assim como a implementação e ampliação de políticas públicas de saúde, contribuíram diretamente para a sistemática queda da mortalidade em diferentes países. Logo, com a diminuição do número de mortes, as pessoas passaram a viver mais.

Os avanços na medicina possibilitaram uma menor taxa de mortalidade e um aumento da expectativa de vida.
Os avanços na medicina possibilitaram uma menor taxa de mortalidade e um aumento da expectativa de vida.

Sendo assim, houve um grande crescimento da chamada expectativa de vida, ou seja, a idade aproximada que um indivíduo poderá viver. Desse modo, as melhorias nas condições de vida e saúde, assim como a redução da taxa de natalidade e de mortalidade possibilitaram que as pessoas permaneçam vivas por um maior período de tempo. A junção desses fatores possibilitou então um cenário de envelhecimento da população, já que há menos nascimentos e mortes e as pessoas vivem cada vez mais anos.

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Consequências do envelhecimento populacional

A principal consequência do envelhecimento populacional está atrelada à redução da chamada População Economicamente Ativa (PEA), ou seja, o número de pessoas que possuem condições de trabalhar e que contribuem para o sistema previdenciário local. Por meio do envelhecimento da população, há uma redução da mão de obra disponível para trabalho e ainda uma maior pressão sobre o sistema previdenciário, que carece de contribuições da população economicamente ativa para pagar aposentadorias e pensões.

Já no que toca às questões diretamente sociais, o envelhecimento populacional requer dos governos ações de saúde pública que propiciem uma qualidade de vida para as populações idosas. A oferta de programas de saúde da família, criação de casas de acolhimento para idosos e projetos de acompanhamento específico para a terceira idade são ações necessárias para essa parcela da população. Logo, há necessidade de maiores investimentos nos sistemas de saúde, o que demanda maiores gastos do poder público.

Veja também: Transição demográfica – análise do crescimento populacional da sociedade

Envelhecimento populacional no Brasil

Conforme o documento Brasil em Síntese|1|, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil vivencia um processo de envelhecimento da população. Essa afirmação está embasada nos dados demográficos apresentados pelo país nos últimos anos. A taxa de natalidade, por exemplo, sofreu uma queda significativa, passando de 18,15 por mil/hab, no ano de 2005, para

14,16 por mil/hab em 2015. Já a taxa de mortalidade também caiu, de 6,20 por mil/hab em 2005 para 6,08 por mil/hab em 2015. Por sua vez, a esperança de vida entre os anos de 2005 e 2015 aumentou, passando de 71,99 para 75,44 anos.

Os dados mais recentes só comprovam o aumento da população com mais de 60 anos no Brasil. Porém, esse movimento não é atual, mas sim indica uma tendência iniciada com a queda da taxa de fecundidade no país, que começou em meados dos anos 1960. O processo de saída da população do campo para a cidade, chamado de êxodo rural, contribuiu para o aumento das cidades e a urbanização do país. Assim, as famílias se instalaram nas cidades em busca de emprego e renda. Nesse contexto muitas mulheres começaram a estudar e trabalhar, além de terem acesso a melhores políticas de planejamento familiar, cenário que resultou em uma diminuição do número de filhos por mulher. Além disso, o acesso à saúde foi facilitado, melhorando a qualidade de vida da população, reduzindo o volume de mortes e propiciando o crescimento da expectativa de vida da população brasileira. Para saber mais sobre como ocorre esse fenômeno demográfico em nosso país, acesse: envelhecimento da população brasileira.

Envelhecimento populacional no mundo

O envelhecimento das populações do globo não é um fenômeno novo, mas que vem sendo acentuado ao longo do tempo. Dentre os motivos para o aumento da população de idosos no mundo, destaca-se a redução da taxa de natalidade, que já é recorrente nos países desenvolvidos e que vem sendo cada vez mais intensificada nos países em desenvolvimento. Além disso, esses países ditos em desenvolvimento registram uma melhoria da qualidade de vida das pessoas, que resulta em um aumento da expectativa de vida. Esse cenário já é realidade nos países desenvolvidos, e muitos deles já enfrentam ausência de mão de obra e pressão nos sistemas previdenciários em razão do envelhecimento da sua população.

A população de idosos vem crescendo a cada ano no mundo, o que indica a necessidade da criação de políticas públicas voltadas para essa faixa etária.
A população de idosos vem crescendo a cada ano no mundo, o que indica a necessidade da criação de políticas públicas voltadas para essa faixa etária.

De acordo com alguns dados expostos pela Organização das Nações Unidas (ONU)|2|, existe hoje no planeta um maior número de pessoas com mais de 65 anos do que de pessoas com menos de 5 anos de idade. A ONU alerta ainda que o crescimento da população idosa no globo será contínuo, e essa faixa etária populacional representará uma porcentagem considerável da população total, em especial na América do Norte e na Europa.

  • Envelhecimento populacional na Europa

O caso da Europa é emblemático, uma vez que a estrutura populacional desse continente é muito envelhecida. Há um grande porcentual da população europeia com 60 anos ou mais, cenário que gera um impacto econômico e social no continente. Os países europeus apresentam as menores taxas de fecundidade do globo. Além disso, a Europa concentra países com alto grau de desenvolvimento e de renda, indicadores que garantem uma elevada expectativa de vida para a sua população. São exemplos de países europeus envelhecidos a Itália, a Alemanha e Portugal.

Soluções para o envelhecimento populacional

O envelhecimento populacional é motivo de preocupação em várias regiões do globo, com destaque para os países desenvolvidos e algumas nações em desenvolvimento. O elevado número absoluto e relativo da população com mais de 60 anos gera uma pressão sobre os sistemas econômicos e previdenciários locais, evidenciando a necessidade de reformas e o incentivo ao aumento da natalidade.

Desse modo, alguns países, com destaque para os europeus, oferecem para as suas populações políticas públicas de incentivo à natalidade. Essas políticas podem estar voltadas para o melhor acesso à educação e saúde e, até mesmo, incentivos financeiros para que os casais tenham mais filhos.

Já no âmbito econômico, países buscam na maior qualificação profissional um incentivo para que os profissionais locais continuem atuando mais tempo no mercado de trabalho. Além disso, a proposição de reformas nos sistemas previdenciários, como o aumento da idade para a aposentadoria e do valor de contribuição, podem diminuir a pressão sobre a rede de seguridade social local.

Por sua vez, uma solução polêmica, em especial na Europa, é o incentivo à migração. A oferta de emprego e moradia para migrantes, assim como refugiados, pode ser uma saída para aumentar o volume da população em idade economicamente ativa. Porém, essa medida esbarra na resistência da opinião pública local, situação que pode ser vislumbrada por meio de atitudes xenofóbicas recorrentes nos países europeus.

Acesse também: Causas e consequências da imigração haitiana no Brasil

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Enem 2016) O número de filhos por casal diminui rapidamente. Para a maioria dos economistas, isso representa um alerta para o futuro.

Uma consequência socioeconômica para os países que vivenciam o fenômeno demográfico ilustrado é a diminuição da:

A) oferta de mão de obra nacional.

B) média de expectativa de vida.

C) disponibilidade de serviços de saúde.

D) despesa de natureza previdenciária.

E) imigração de trabalhadores qualificados.

Resolução

Alternativa A. A principal consequência socioeconômica da redução da taxa de natalidade e, consequentemente, do envelhecimento populacional é a redução da chamada População Economicamente Ativa (PEA). Logo, países que passam por esse fenômeno demográfico apresentam uma redução da mão de obra disponível para trabalho.

Questão 2 – (Enem 2017 – Segunda aplicação)

A evolução na estrutura etária apresentada influenciou o Estado a formular ações para:

A) garantir a igualdade de gênero.

B) priorizar a construção de escolas.

C) reestruturar o sistema previdenciário.

D) investir no controle da natalidade.

E) fiscalizar a entrada de imigrantes.

Resolução

Alternativa C. Uma estrutura etária mais envelhecida indica que o país deve tomar ações a fim de evitar uma pressão sobre a sua seguridade social. Assim, a reestruturação do sistema previdenciário torna-se fundamental para garantir a eficiência econômica e social do Estado.

Notas

|1| Brasil em Síntese. Disponível aqui. Acesso em: 17 set. 2020.

|2| População mundial deve ter mais 2 bilhões de pessoas nos próximos 30 anos. Disponível aqui. Acesso em: 17 set. 2020.

Por: Mateus Campos

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