O progresso material e as questões sociais surgidas após a Revolução Industrial, fizeram com que diferentes teóricos repensassem a sociedade e suas instituições. Por um lado, os pensadores liberais acreditavam no progresso oferecido pela sociedade industrial. Segundo eles, a razão, a ciência e o progresso, em concordância com a manutenção da ordem burguesa, seriam suficientes para que as sociedades humanas pudessem resolver seus problemas.
Em contrapartida, os problemas sociais emergiam em meio à riqueza e o desenvolvimento da sociedade capitalista. Dessa forma, durante o século XIX, as primeiras teorias do pensamento socialista começaram a ser desenvolvidas. Alguns chamavam os primeiros pensadores socialistas de utópicos, por acreditarem ser possível a concepção de uma sociedade onde as classes sociais estariam em harmonia.
Na obra “Cartas de um habitante de Genebra”, o conde francês Claude de Saint-Simon, acreditava que uma sociedade estaria dividia entre os ociosos e produtores. Para que o desequilíbrio social fosse superado todos os indivíduos deveriam contribuir com trabalho, mantendo assim o progresso. No entanto, ele se opunha a qualquer tipo de exploração entre as classes. Os capitalistas poderiam buscar o lucro, desde que se comprometessem com as questões sociais.
A religião deveria ser renovada, com a proposição de uma fé que defendesse princípios de igualdade. De forma geral, a sociedade idealizada por Saint-Simon estava dividia entre sábios, proprietários e não-proprietários. Na visão de alguns pensadores, Saint-Simon empreendeu concepções que não poderiam ser consideradas eminentemente socialistas, mas um tipo de “liberalismo avançado”.
Charles Fourier (1772 – 1837) era filho de comerciantes e acreditava que o indivíduo era bom, mas acabava sendo pervertido pela sociedade e as instituições. A sociedade poderia organizar-se por meio de falanstérios, que consistiam em unidades agroindustriais articuladas pelo trabalho coletivo e organização cooperativa. Mesmo nunca tendo implantado este sistema, Fourier pregava que esse modelo poderia superar as desigualdades do sistema capitalista.
Um último representante do socialismo utópico foi o administrador inglês Robert Owen (1771 – 1858). Trabalhando em uma fábrica de algodão em Manchester, ele pôde observar de perto o cotidiano da classe trabalhadora. Vendo a exploração como um entrave à formação de uma sociedade formada por homens livres, Owen preocupou-se em projetar uma sociedade ideal. Durante os anos em que viveu na Escócia, Robert Owen buscou praticar suas idéias em um cotonifício por ele administrado.
Enxergando o comunismo como fim máximo do trabalho, Owen reduziu a carga horária de seus trabalhadores e incentivou a instrução de seus empregados. O modelo por ele empreendido alcançou sucesso, porém suas críticas à propriedade privada e à religião o obrigaram a mudar-se para os Estados Unidos. Chegando ao continente americano, criou uma comunidade chamada New Harmony. A falência de suas cooperativas na Inglaterra e nos Estados Unidos o fez, no fim da vida, dedicar-se à formação de cooperativas de trabalho chamadas trade-unions.
Ao mesmo tempo em que o socialismo utópico desenvolveu-se e contou com diversos pensadores, uma outra corrente socialista surgiu no século XIX. O chamado socialismo científico, principalmente representado por Karl Marx e Friedrich Engels, propunha um estudo sistemático dos modelos econômicos e sociais do capitalismo. Por meio do estudo e da reflexão sobre dados materiais, buscavam concebem a organização de uma nova sociedade.