Barão de Mauá e a industrialização no Império

A história do Barão de Mauá confunde-se com o surto de industrialização do Segundo Reinado, mostrando que o capitalismo industrial no Brasil ainda era efêmero.

Irineu Evangelista de Sousa, Barão e Visconde de Mauá, retratado por Sébastien Auguste Sisson (1824-1893)

O surto de industrialização verificado durante o Segundo Reinado teve como um de seus principais personagens Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889), o Barão de Mauá. Natural do Rio Grande do Sul, o Barão de Mauá decidiu investir capital na economia brasileira após uma viagem realizada à Inglaterra na década de 1840, onde se fascinou pelo desenvolvimento industrial e também social proporcionado pelo capitalismo inglês.

Barão de Mauá teve uma atividade econômica que se assemelhava a dos empresários capitalistas modernos da Europa e dos EUA, em decorrência principalmente das diversas atividades em que investiu. As condições criadas pela Tarifa Alves Branco (1844), com a criação de impostos sobre produtos importados, auxiliaram em seus negócios. Fundando inicialmente seu primeiro grande negócio com um estaleiro de construções navais, as ações de Mauá ganharam maior vulto quando, em sociedade com ingleses e portugueses, fundou os bancos Mauá, MacGregor & Cia. e a Casa Mauá & Cia, que chegaram a ter filiais em Londres, Paris, Nova Iorque, Montevidéu, Buenos Aires e diversas outras cidades.

O controle do capital financeiro permitiu a Mauá investir nas áreas de estaleiros navais, velas, curtumes, fundição de ferro e bronze, caldeiraria, serralheria, mecânica e também na área de comunicação, como na constituição de empresas de transportes navais, construção de ferrovias e infraestrutura de comunicação internacional.

Em 1852, o Barão ganhou a concessão para a construção da ferrovia Mauá, que ligaria Petrópolis ao Vale do Paraíba fluminense. Em 1854, foi inaugurado o trecho que ficou conhecido como ferrovia Rio-Petrópolis, a primeira do país. A modernização dos meios de transporte nessa segunda metade do século XIX tinha por objetivo facilitar o escoamento da produção de café, ligando os pontos produtores aos portos escoadores.

Ainda na área de comunicação, os investimentos do Barão de Mauá tornaram possível a ligação telegráfica entre o Brasil e a Europa através de um cabo submarino que atravessava o Oceano Atlântico, que foi instalado em 1874.

Todavia, a ação do Barão de Mauá mostrou as contradições em que se inseria a sociedade brasileira do Segundo Reinado. Por um lado, foi possível realizar uma integração entre os capitais brasileiros e os estrangeiros, principalmente os ingleses, para tentar criar algumas condições gerais para a produção capitalista no Império. A liberação de capital brasileiro para esse tipo de investimento foi facilitada pelas proibições no tráfico de escravos, que proporcionaram um novo direcionamento do dinheiro acumulado com a produção agrícola, e também pelas medidas governamentais de restrição de importações.

Por outro lado, a base da economia imperial ainda estava vinculada ao trabalho escravo, que impediu a intensificação da exploração capitalista dos trabalhadores, criando, dessa forma, obstáculos para a ampliação do mercado interno. A conjugação de produção agrícola, produção industrial, mercado interno e força de trabalho assalariada era necessária para um maior fôlego desse surto industrial, cujo personagem principal foi o Barão de Mauá.

As contradições da sociedade brasileira representaram também a ruína do Barão. Boicotes da elite agrária, a concorrência do capital estrangeiro e as facilidades para a importação de mercadorias com a Tarifa Silva Ferraz (1860) aumentaram as dificuldades aos seus negócios. Em 1878, um ano após ganhar o título de Visconde de Mauá, houve a falência de Irineu Evangelista.

O governo não destinou capitais para tirar seu banco da falência. O Barão de Mauá terminou seus dias atuando como corretor de negócios do café, evidenciando que a economia do reinado de D. Pedro II ainda estava ligada à exportação desse produto agrícola.

Por: Tales Pinto

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