A Quaresma é um período do calendário litúrgico com duração de 40 dias (outros a estendem por alguns dias) e serve como preparação para a Páscoa, a festa que celebra a ressurreição de Jesus. A Quaresma foi estabelecida, em 325, pelas autoridades da Igreja Católica no Primeiro Concílio de Niceia.
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Como funciona a Quaresma?
Quando falamos de Quaresma, estamos nos referindo àquele período de 40 dias que serve como antecipação e preparação para a Páscoa, a celebração mais importante do calendário litúrgico dos cristãos. A forma mais conhecida da Quaresma tem seu início estabelecido na Quarta-feira de Cinzas, e seu término, no Domingo de Ramos, marcando exatamente 40 dias corridos.

Outras tradições acabaram se estabelecendo ao longo do tempo, e existem aqueles que entendem a Quaresma como um período que se estende até o Sábado de Aleluia, totalizando 46 dias. O papa Paulo VI, por exemplo, entendia-a como um período que durava até a Quinta-feira Santa, portanto, 44 dias.
A duração precisa da Quaresma não é o detalhe mais importante, mas, sim, o seu significado para os fiéis. Por ser um momento de preparação para a Páscoa, a Quaresma é tida como um momento de penitência. Assim, recomenda-se aos fiéis a realização de jejuns, obras de caridade e que as práticas de leitura da Bíblia e de oração sejam reforçadas.
A realização de penitências durante a Quaresma é entendida pelos cristãos como uma forma de santificação, afastando-se de práticas pecaminosas e aproximando-se de Deus. Assim, por meio do jejum, por exemplo, os cristãos acreditam fortalecer seu autocontrole e desenvolver resistência a situações difíceis que podem aparecer na vida.

O termo “quaresma” deriva de uma palavra do idioma latino: quadragesima, que significa exatamente “quarenta dias”. Esse termo é encontrado em outros idiomas, como no italiano, em que esse período é conhecido como Quaresima.
Os historiadores não sabem ao certo o porquê da Quaresma ter sido estabelecida com 40 dias de duração, mas acredita-se que tenha alguma relação com eventos narrados na Bíblia. O número 40 tem grande importância no livro sagrado dos cristãos, uma vez que o jejum de Jesus no deserto deu-se por 40 dias, Elias fez uma viagem de 40 dias, os hebreus demoraram 40 anos para cruzar o deserto, o dilúvio durou 40 dias e 40 noites, entre outros casos.
A prática da Quaresma começou a estabelecer-se quando a Igreja era apenas uma (católicos e ortodoxos separaram-se no século XI, e os protestantes surgiram no século XVI). Assim, a prática é realizada tanto por católicos como por ortodoxos, luteranos e anglicanos. A exceção é para os cristãos evangélicos, que não a consideram.
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Surgimento da Quaresma
Os historiadores afirmam que é praticamente impossível reconstituir como exatamente surgiu a Quaresma e de quais práticas precisamente ela derivou. O que existem atualmente são algumas fontes históricas que permitem o levantamento de alguns indícios. O nosso ponto de partida é o estabelecimento da Quaresma enquanto prática da Igreja.
A Quaresma se tornou prática da Igreja no ano de 325 d.C., portanto, no século IV. Isso aconteceu durante o Primeiro Concílio de Niceia, evento realizado no Império Romano do Oriente (conhecido como Império Bizantino a partir do século V) que reuniu os grandes bispos da Igreja para discutir questões relevantes ao cristianismo da época.
Nesse concílio foi estabelecida a data da Páscoa, e usou-se o equinócio da primavera e as fases da Lua como marcos para determinação de qual dia seria celebrada essa importante festa cristã. Nesse concílio também, segundo documentos elaborados pelos participantes, estabeleceu-se a Quaresma.
Em um dos documentos, mencionava-se tessarakonta, palavra grega que significa “quarenta”. Ela foi usada para referir-se ao que conhecemos como Quaresma, estabelecendo, então, essa prática importante do cristianismo. Não se sabe como se deu a assimilação da Quaresma, mas sabe-se que se tornou prática importante dos cristãos durante a Idade Média.
Muitos historiadores acreditam que a Quaresma foi resultado da evolução de práticas pré-pascais que existiam nos séculos III d.C. e IV d.C., nas regiões onde o cristianismo era influente: Turquia, Grécia, Egito etc.
Fala-se, por exemplo, que em alguns locais era comum que jejuns fossem realizados dias antes da Páscoa. Nesse caso, a influência das práticas pré-pascais mais a influência do número 40 podem ter resultado no estabelecimento da Quaresma. Entretanto, existem também historiadores que apontam que os jejuns pré-pascais não tinham relação direta com a Quaresma e que ambos coexistiram depois do Concílio de Niceia.
Acredita-se que foi durante o pontificado de Gregório I (590-604) que se decidiu que o marco inicial da Quaresma seria a Quarta-feira de Cinzas.