Páscoa cristã

A Páscoa cristã celebra a ressurreição de Jesus Cristo e a sua vitória sobre a morte após ser condenado e morrer em uma cruz. Essa celebração tem ligação com a Páscoa judaica, quando os judeus recordam a libertação dos hebreus — liderados por Moisés — da escravidão no Egito e o início da peregrinação em direção à terra prometida.

A data da Páscoa cristã é móvel e ocorre, a cada ano, no primeiro domingo após a lua cheia do equinócio da primavera. Na Páscoa cristã, a cruz, que representava a morte mais cruel para um condenado pelo Império Romano, ganha um novo significado, ao representar a ressurreição de Jesus Cristo e sua vida eterna.

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O que é a Páscoa cristã?

A Páscoa é a festa mais importante do calendário cristão. Nela se celebra a ressurreição de Jesus Cristo após sua morte em uma cruz. Essa festa é uma herança da tradição judaica. A palavra “Páscoa”, inclusive, tem origem do hebraico “Pesach”, que significa passagem. Para os judeus, a Páscoa é a celebração da libertação dos hebreus, que, liderados por Moisés, atravessaram o Mar Vermelho, livrando-se dos anos de escravidão no Egito. A Páscoa Judaica celebra a passagem do povo hebreu da escravidão para a liberdade.

Os cristãos ressignificaram essa passagem, e a ressurreição de Cristo, três dias depois de sua morte, tornou-se a passagem da morte para a vida. O túmulo vazio onde foi enterrado o corpo de Cristo após a sua crucificação, as aparições aos seus discípulos e a sua ascensão aos céus comprovariam a sua vitória sobre a morte, apesar de os sumos sacerdotes daquela época divulgarem a tese de que o sepulcro vazio de Jesus seria resultado de uma ação dos discípulos, que levaram o corpo de Cristo para que as pessoas cressem que ele teria ressuscitado. Por causa disso, durante muito tempo, os judeus foram injustamente acusados pela morte de Jesus. No século XX, a Igreja Católica procurou reverter essa acusação e se reconciliar com os judeus.

A ressurreição de Cristo é a essência da fé cristã. Em sua mensagem “Urbi et Orbi”, na Páscoa de 2011, o Papa Bento XVI disse:

“A manhã de Páscoa trouxe-nos este anúncio antigo e sempre novo: Cristo ressuscitou! O eco deste acontecimento, que partiu de Jerusalém há vinte séculos, continua a ressoar na Igreja, que traz viva no coração a fé vibrante de Maria, a Mãe de Jesus, a fé de Madalena e das primeiras mulheres que viram o sepulcro vazio, a fé de Pedro e dos outros Apóstolos. Até hoje – mesmo na nossa era de comunicações super tecnológicas – a fé dos cristãos assenta naquele anúncio, no testemunho daquelas irmãs e daqueles irmãos que viram, primeiro, a pedra removida e o túmulo vazio e, depois, os misteriosos mensageiros que atestavam que Jesus, o Crucificado, ressuscitara; em seguida, o Mestre e Senhor em pessoa, vivo e palpável, apareceu a Maria de Magdala, aos dois discípulos de Emaús e, finalmente, aos onze, reunidos no Cenáculo (cf. Mc 16, 9-14).”

A ressurreição de Cristo foi testemunhada pelos discípulos de Cristo, que viram o sepulcro vazio e presenciaram as aparições de Jesus perante eles. O apóstolo Paulo dizia que a fé cristã seria inválida se Jesus Cristo não tivesse ressuscitado dos mortos. (I Cor 15:14).

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Semana Santa

De acordo com o calendário cristão, a Semana Santa são os sete dias que antecedem a Páscoa, iniciando-se no Domingo de Ramos — quando se celebra a entrada triunfal de Jesus Cristo, montado em um jumento, em Jerusalém, para participar da Páscoa dos judeus — até o Domingo de Páscoa, quando os cristãos celebram a vitória de Cristo sobre a morte. Ao longo dessa semana especial na liturgia cristã, recorda-se a Paixão de Cristo, a sua morte na cruz.

Na Quinta-Feira Santa, a celebração se concentra na Última Ceia de Cristo com seus apóstolos. Ele lavou os pés deles, demonstrando que todo aquele que deseja segui-lo deve-se fazer servo. Após esse ato de purificação, Jesus Cristo instituiu a Eucaristia, quando partiu o pão e dividiu o vinho com seus discípulos, afirmando que, a partir daquele momento, Ele se faria presente no pão e vinho consagrados. A Igreja Católica celebra a Quinta-Feira Santa como o Dia do Padre, pois o sacerdote imita os gestos de Cristo na Última Ceia, desde o lava-pés até a instituição da Eucaristia.

A Sexta-Feira Santa, ou Sexta-Feira da Paixão, é dia de recolhimento e reflexão, pois recorda o sofrimento e a morte de Jesus Cristo. Após ser julgado, Jesus saiu pelas ruas de Jerusalém carregando a cruz em suas costas, sendo humilhado pelos soldados romanos e pela população que acompanhava seu martírio. Com medo de perseguições, seus discípulos se esconderam, apenas o apóstolo João e Maria, mãe de Jesus, acompanharam-no até o calvário, local onde foi crucificado.

De acordo com os registros bíblicos, Jesus Cristo morreu às 15:00. Nesse instante, o mundo foi encoberto por uma nuvem escura e o véu do templo judeu se rasgou ao meio. Ainda de acordo com os evangelistas, Jesus Cristo foi crucificado junto com dois ladrões. Após a morte dos três, os ladrões tiveram seus ossos quebrados para se confirmar a morte, mas do corpo de Jesus nenhum osso foi quebrado. Um soldado perfurou seu coração, de onde saíram sangue e água. Segundo a Bíblia, ao não quebrar os ossos de Cristo, cumpriam-se as promessas dos profetas do Antigo Testamento.

O Sábado Santo, ou Sábado de Aleluia, é a celebração da espera pela ressurreição de Cristo. Santo Agostinho considerava a celebração do Sábado Santo como “a mãe de todas as missas”, pois a partir dela têm origem as demais celebrações cristãs e seus sacramentos. Atualmente, na manhã desse dia de espera, os bispos se reúnem com seu clero para abençoar os santos óleos, que são utilizados no batismo e na Crisma. A liturgia do Sábado Santo recorda a criação do mundo, a certeza de que a morte de Cristo salvou toda a humanidade, desde Adão e Eva, bem como a vitória do filho de Deus sobre a morte.

Para os cristãos, a prova da ressurreição de Jesus Cristo é o seu sepulcro estar vazio, ou seja, a sua Páscoa, a sua passagem da morte para a vida.
Para os cristãos, a prova da ressurreição de Jesus Cristo é o seu sepulcro estar vazio, ou seja, a sua Páscoa, a sua passagem da morte para a vida.

Ao raiar do Domingo da Páscoa, os cristãos comemoram o sepulcro vazio, a ressurreição de Cristo e a certeza de que a vida venceu a morte. Os evangelistas contam que as mulheres que seguiam Jesus foram até o sepulcro para perfumar seu corpo. Chegando ao local, elas viram que a pedra estava deslocada e que o sepulcro estava vazio. Dois anjos as esperavam para contar sobre a ressurreição e que elas deveriam avisar os discípulos de Cristo sobre o acontecimento. Os apóstolos Pedro e João, ao saberem da notícia, correram apressadamente até o sepulcro e confirmaram o que fora dito. Após a Páscoa, Jesus apareceu várias vezes para seus discípulos e, quarenta dias depois, subiu aos céus.

Sua ascensão foi testemunhada pelos discípulos, que, após a experiência de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu em forma de línguas de fogo sobre cada um deles, começaram a evangelizar e ensinar que Jesus Cristo morreu, mas havia ressuscitado e estava vivo entre eles.

Veja também: Corpus Christi – celebração católica ao sacramento da Eucaristia

Tradições da Páscoa cristã

A Páscoa cristã tem sua origem no judaísmo. De acordo com o Antigo Testamento, no Livro do Êxodo, Moisés foi escolhido por Deus para libertar o povo hebreu escravizado no Egito. Moisés pediu a faraó permissão para que os hebreus fossem libertos para fazer os ritos a Javé, o Deus único em que seu povo acreditava. Faraó não permitiu, e Moisés, por indicação divina, fez várias demonstrações sobrenaturais, como as sete pragas do Egito e a transformação do seu cajado em uma serpente, para convencê-lo.

Moisés, então, liderou o povo hebreu até o Mar Vermelho enquanto era perseguido pelo próprio faraó e seu exército. Segundo o livro bíblico de Êxodo, havia entre os hebreus e os egípcios uma nuvem que os protegia. Ao chegar à beira do mar, Deus abriu o Mar Vermelho e Moisés e os hebreus atravessaram para o outro lado do mar.

Ao tentar fazer a mesma travessia, o exército egípcio foi afogado, pois as águas do mar se fecharam. A libertação do povo hebreu foi recordada ao longo dos séculos até o surgimento do cristianismo, quando a Páscoa passou a representar não somente a passagem do povo de Deus pelo Mar Vermelho, mas a passagem de Jesus Cristo da morte para a vida.

Símbolos da Páscoa cristã

A Cruz de Cristo representa a vitória sobre a morte, a sua ressurreição.
A Cruz de Cristo representa a vitória sobre a morte, a sua ressurreição.

A Cruz é o principal símbolo da Páscoa cristã, pois representa a vitória de Jesus Cristo sobre a morte. Porém, durante o Império Romano, a cruz tinha outro significado. Ela representava uma morte cruel àqueles que eram visto como uma ameaça para os romanos. O significado da Cruz mudou quando Constantino estava prestes a travar uma batalha que mudaria sua vida e a história. Em 312, ele teria visto no céu uma cruz flamejante com os dizeres em latim: “In hoc signo vinces”, que querem dizer “com este símbolo vencerás”.

Constantino acreditou na visão, mandou pintar uma cruz em cada escudo dos seus soldados e o resultado foi a vitória contra Maxêncio, tornando-se imperador romano. Em sinal de agradecimento, o novo imperador aboliu a perseguição aos cristãos e ele mesmo se converteu ao cristianismo. Sua mãe, Helena, também se converteu e começou a procura da Cruz e da coroa de espinhos, sinais da Paixão de Cristo.

Outro sinal da Páscoa cristã é o pão e vinho. Quando estava reunido com seus apóstolos, durante a Última Ceia, Jesus fez sua última refeição e, ao tomar o pão e o vinho, Ele os consagrou e entregou dizendo que eram seu corpo e seu sangue. Os apóstolos, então, deveriam repetir aqueles gestos.

Quando apareceu aos discípulos de Emaús (Lucas 21:13-35), Jesus Cristo só foi reconhecido pelos apóstolos quando consagrou e distribuiu o pão e o vinho. Para saber mais sobre esse assunto, leia o texto: Símbolos da Páscoa.

Os cristãos acreditam na presença real de Jesus Cristo logo após a consagração do pão e do vinho em sua carne e seu sangue.
Os cristãos acreditam na presença real de Jesus Cristo logo após a consagração do pão e do vinho em sua carne e seu sangue.

Data da Páscoa

A data da Páscoa foi definida pelo Concílio de Niceia, em 325 d.C. Nessa ocasião, definiu-se que a data seria móvel e que os cristãos celebrariam a vitória de Cristo sobre a morte no primeiro domingo após a lua cheia do equinócio de primavera. A Páscoa cristã, a partir desse parâmetro, é comemorada entre 22 de março e 25 de abril e também marca o encerramento da Quaresma, quarenta dias depois da Quarta-Feira de Cinzas, quando os cristãos recordam os quarenta dias que Jesus Cristo ficou no deserto antes de iniciar sua vida pública.

Acesse também: 21 de janeiro – Dia Mundial da Religião

Resumo sobre a Páscoa cristã

  • A Páscoa cristã é a principal celebração do cristão, momento em que se recordam a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

  • A Semana Santa consiste nos últimos eventos que antecederam a Páscoa cristã: Domingo de Ramos, a Última Ceia, a Paixão de Cristo e a ressurreição dos mortos.

  • Os símbolos da Páscoa cristã são a Cruz e a Eucaristia.

  • A Páscoa cristã é celebrada no primeiro domingo após a lua cheia do equinócio da primavera.

Por: Carlos César Higa

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