Classicismo

O classicismo foi um estilo de época que esteve em evidência nos séculos XVI e XVII. Tal estética foi marcada pela retomada dos valores greco-romanos.

Esculturas inspiradas em elementos da Grécia Antiga em alusão ao classicismo, que retoma valores greco-latinos.
O classicismo foi marcado pela retomada dos valores greco-latinos.

O classicismo foi um estilo de época marcado pela retomada dos valores greco-latinos. Ele surgiu no século XVI, na Europa. A estética clássica apresentou visão antropocêntrica, idealização amorosa e elementos épicos. Já a arte clássica contou com nomes como Leonardo da Vinci, Rafael Sanzio e Michelangelo. Um dos principais representantes da literatura clássica foi o poeta português Luís Vaz de Camões.

Leia também: O que foi o humanismo na literatura?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o classicismo

  • O classicismo foi um estilo de época que esteve em voga nos séculos XVI e XVII.

  • Ele surgiu no contexto do renascimento, período de caráter antropocêntrico.

  • A literatura, a pintura e a escultura clássicas valorizaram os ideais greco-latinos.

  • A poesia clássica apresentou idealização amorosa e temática bucólica.

  • Luís Vaz de Camões foi o principal nome do classicismo português.

Videoaula sobre o classicismo

O que é o classicismo?

O classicismo foi um estilo de época que vigorou na Europa entre os séculos XVI e XVII. Nesse período, obras artísticas e literárias apresentaram elementos em comum que as filiavam a esse movimento estético.

Contexto histórico do classicismo

O classicismo esteve inserido no contexto histórico do renascimento. O período renascentista durou do século XIV ao século XVI e marcou o fim da Idade Média. Foi um período de valorização das artes e da intelectualidade. Com o fim do regime feudal na Europa, além da diminuição do poder da Igreja, os ricos burgueses se tornaram patronos das artes.

Origem do classicismo

O classicismo surgiu na Europa, no século XVI.

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Características do classicismo

Classicismo na literatura

A literatura clássica teve uma visão humanista ou antropocêntrica, já que valorizou a razão ao invés da crença. As obras desse estilo de época fizeram a retomada de elementos greco-latinos, por isso foi comum haver nelas referências às mitologias grega e romana. Também buscaram o estabelecimento do equilíbrio e da reflexão filosófica, em oposição ao sentimentalismo.

A poesia do classicismo apresentou idealização do amor e da mulher, elementos bucólicos, caráter épico, presença do conceito de carpe diem (aproveitar o momento), uso recorrente de antíteses e paradoxos, medida nova (versos decassílabos), além de tratar a temática amorosa por meio de um viés racional e neoplatônico. Foram famosos escritores do classicismo:

Classicismo nas artes

“Mona Lisa”, obra mais famosa de Leonardo da Vinci, um dos principais pintores do classicismo.
Mona Lisa é a obra mais famosa de Leonardo da Vinci, um dos principais pintores do classicismo.

O que caracterizou as artes clássicas foi seu aspecto antropocêntrico, que levou à valorização dos ideais greco-latinos. Por isso, tanto a pintura quanto a escultura clássicas ou renascentistas trataram de temas da Antiguidade, valorizaram a beleza das formas, a perfeição e a harmonia. A obra era produto da razão do artista e criada por uma perspectiva matemática.

“Davi”, de Michelangelo, escultura que evidencia a presença do classicismo na arte.
Davi, de Michelangelo, é uma escultura que valoriza a beleza e a harmonia das formas do corpo humano.[1]

A pintura clássica ou renascentista contou com artistas como os italianos Rafael Sanzio (1483-1520), Michelangelo (1475-1564), Ticiano (1490-1576) e Leonardo da Vinci (1452-1519). Já a escultura, além de Michelangelo, teve nomes como o do italiano Antico (1460-1528).

Classicismo em Portugal

O classicismo em Portugal surgiu no contexto da expansão marítima, resultante de uma cultura antropocêntrica, ou seja, que valorizava a ciência e a razão. O país, no século XVI, conquistava novas terras para explorar e delas enriquecer. Assim, a literatura clássica portuguesa, como reflexo de uma época, valorizava o personagem heroico e o caráter filosófico da existência.

Autores do classicismo em Portugal

  • Francisco de Sá de Miranda (1481-1558)

  • Luís Vaz de Camões (1524-1580)

Obras do classicismo em Portugal

  • Os Lusíadas (1572) — Camões

  • Poesias (1595) — Sá de Miranda

Classicismo x renascimento

O renascimento foi um período histórico e cultural marcado pela valorização do pensamento científico, da literatura e das artes em geral. Ele foi caracterizado, principalmente, pelo resgate dos temas da Antiguidade greco-latina. Assim, o classicismo foi um movimento artístico e literário nascido no contexto do renascimento, e, por isso, apresentou uma perspectiva renascentista. Para saber mais detalhes sobre o renascimento, clique aqui.

Exercícios resolvidos sobre o classicismo

Questão 1

(Ufla)

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís Vaz de Camões — Obras completas.

O poeta tenta definir o amor por meio do uso de antíteses, que se seguem umas às outras. Indique a que expressa, com mais ênfase, o tema do texto.

A) “Um contentamento descontente.”

B) O próprio amor, pois é contrário a si mesmo.

C) A invisibilidade do amor.

D) O fato de o amor ferir e não causar dor.

E) Querer sempre mais, sem contentar-se.

Resolução:

Alternativa A

A antítese, figura de linguagem recorrente no classicismo, está presente no verso “é um contentamento descontente”, já que traz a oposição entre “contentamento” e “descontente”. Dessa forma, ela expressa a principal ideia do texto, que é a insatisfação amorosa.

Questão 2

(Unicamp)

Transforma-se o amador na coisa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho, logo, mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois com ele tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.

Luís de Camões. Lírica: redondilhas e sonetos. Rio de Janeiro: Ediouro/ São Paulo: Publifolha, 1997, p. 85.

Um dos aspectos mais importantes da lírica de Camões é a retomada renascentista de ideias do filósofo grego Platão. Considerando o soneto citado, pode-se dizer que o chamado “neoplatonismo” camoniano

A) é afirmado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a união entre amador e pessoa amada resulta em uma alma única e perfeita.

B) é confirmado nos dois últimos tercetos, uma vez que a beleza e a pureza reúnem-se finalmente na matéria simples que deseja.

C) é negado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a consequência da união entre amador e coisa amada é a ausência de desejo.

D) é contrariado nos dois últimos tercetos, uma vez que a pureza e a beleza mantêm-se em harmonia na sua condição de ideia.

Resolução:

Alternativa A

O amor platônico está relacionado à perfeita união de almas e não à união carnal (de corpos), ideia que pode ser verificada nas duas primeiras estrofes.

Crédito de imagem

[1]Rico Heil / Wikimedia Commons (reprodução)

Fonte

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

Por: Warley Souza

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