Malala Yousafzai

Malala Yousafzai é uma paquistanesa que se tornou mundialmente conhecida por defender os Direitos Humanos e o acesso à educação nas regiões dominadas por radicais islâmicos.

Malala Yousafzai é uma ativista que luta em prol dos Direitos Humanos e pelo acesso à educação.
Malala Yousafzai é uma ativista que luta em prol dos Direitos Humanos e pelo acesso à educação.

Malala Yousafzai é uma paquistanesa que se tornou mundialmente conhecida pela sua defesa dos Direitos Humanos e pelo acesso à educação nas regiões onde grupos radicais islâmicos proíbem a entrada de mulheres nas escolas e nas universidades. Em 2012, ela foi vítima de uma tentativa de assassinato, quando um terrorista do Talibã, grupo extremista islâmico, disparou três tiros contra ela, deixando-a em estado grave. Malala conseguiu se recuperar e não desistiu de sua luta humanitária, sendo convidada a dar palestras em vários países.

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Primeiros anos e juventude de Malala Yousafzai

Malala Yousafzai nasceu em Mingora, na região do Swat, no Paquistão, em 12 de julho de 1997. Filha de Ziauddin Yousafzai e Tor Pekai Yousafzai, ela se tornou conhecida no mundo inteiro aos 13 anos, quando começou a publicar, em um blog no site da BBC, denúncias quanto às dificuldades que as mulheres paquistanesas encontravam para conseguir estudar por causa das proibições impostas pelo Talibã, grupo extremista islâmico, na região onde ela morava. Usando o pseudônimo Gul Makai para evitar ser reconhecida e sofrer retaliações, ela descrevia o cotidiano sob o domínio do Talibã.

Em 2010, o jornal The New York Times publicou um documentário mostrando a rotina de Malala e o avanço do exército paquistanês na região onde ela morava. Com isso, Malala se tornou ainda mais popular, chamando a atenção do mundo para as atrocidades cometidas no Paquistão. Foi nesse período que ela começou a ser reconhecida como ativista pelos Direitos Humanos e pelo acesso à educação, sendo nomeada pelo ativista sul-africano Desmond Tutu para o Prêmio Internacional da Criança.

Logo após o atentado que sofreu em 2012, Malala Yousafzai foi homenageada por conta da sua defesa pelo acesso universal à educação. A revista Time, em 2013, a incluiu na lista das 100 personalidades mais influentes do mundo. No mesmo ano, ela discursou na sede das Organizações das Nações Unidas. Em fevereiro de 2014, foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz. Ela se tornou a mais nova premiada, desbancando o ativista e pastor protestante Martin Luther King, que recebeu a mesma honraria, em 1964, com 36 anos de idade.

Em 2020, Malala Yousafzai se formou em filosofia, política e economia pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Todo dia 12 de julho é lembrado como o “Dia de Malala”, uma forma de se recordar a luta pelo acesso à educação.

Malala Yousafzai e o ataque do Talibã

A atuação de Malala e seu reconhecimento em todo o mundo fizeram com que o Talibã tentasse calar a sua voz. Em 9 de outubro de 2012, quando Malala embarcava em uma van escolar na região de Khyber Pakhtunkhwa, um homem armado a chamou pelo nome e disparou três tiros em sua cabeça. Malala foi socorrida e levada ao hospital em estado grave. Ela se recuperou do atentado que quase lhe tirou a vida e foi levada para um hospital em Birmingham, na Inglaterra, para dar continuidade aos tratamentos de saúde.

Logo que a notícia do atentado contra Malala se espalhou pelo mundo, líderes políticos, ativistas e órgãos internacionais repudiaram o ocorrido e prestaram solidariedade a ela. Mesmo com a condenação emitida por vários clérigos islâmicos, os integrantes do Talibã mantiveram a intenção de matar Malala. Gordon Brown, enviado especial das Nações Unidas para a educação global, lançou uma petição na ONU, em nome de Malala, na qual se exigia que todas as crianças estivessem matriculadas nas escolas até o final de 2015. O slogan da campanha foi “I am Malala”, ou seja, “Eu sou Malala”. A petição teve efeito, pois o Paquistão aprovou uma lei que garantiu acesso à educação aos paquistaneses. Era a primeira vez que isso acontecia em sua história.

Exílio de Malala na Inglaterra

Antes do atentado, Malala sofria ameaças de morte por conta do seu posicionamento em favor dos Direitos Humanos e da educação no momento em que o lugar onde morava era dominado pelo Talibã, que não admitia o acesso das mulheres à escola. As ameaças continuaram nas redes sociais de Malala. Quando se mudou para a Inglaterra para tratar da sua recuperação, sua família a acompanhou. Desde então, ela vive em exílio. Como os extremistas islâmicos afirmaram que ainda pretendem assassiná-la, Malala e a família decidiram se mudar para Birmingham.

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Em agosto de 2021, o Talibã retornou ao poder no Afeganistão, após 20 anos de ocupação norte-americana. Malala escreveu um artigo recordando o sofrimento vivido enquanto o grupo dominava a região onde ela morava. Em 17 de agosto|1|, Malala escreveu um artigo publicado no jornal The New York Times e reproduzido em outras publicações pelo mundo inteiro:

“Nas duas décadas recentes, milhões de mulheres e meninas afegãs receberam educação. Agora, o futuro que lhes foi prometido está perigosamente próximo de desaparecer. O Taleban - que até perder o poder, 20 anos atrás, impediu quase todas as meninas e mulheres de frequentar a escola no país e impunha duras punições a quem o desafiava - está de volta ao controle. Como muitas mulheres, temo por minhas irmãs afegãs.”

Apesar dos integrantes do Talibã afirmarem que não irão impedir o acesso às escolas e universidades, a ativista teme pelo futuro educacional do país por conta do histórico de perseguições contra aqueles que buscavam a educação, como ela o fez.

“Meninas e jovens mulheres afegãs estão novamente como eu já estive - desesperadas com o pensamento de que nunca mais poderão assistir a uma aula ou segurar um livro outra vez. Alguns membros do Taleban afirmam que não negarão educação a meninas e mulheres nem seu direito de trabalhar. Mas dado o histórico do Taleban de suprimir os direitos das mulheres com violência, o medo das afegãs é natural. Já estamos ouvindo relatos de universitárias afastadas por suas instituições de ensino e de trabalhadoras demitidas.”

Prêmio Nobel da Paz

Malala já era conhecida e homenageada pela sua luta humanitária, mas o atentado que sofreu reforçou sua luta e a necessidade de organismos internacionais pressionarem os países a ampliarem o acesso à educação. Seu ativismo a levou ao Prêmio Nobel da Paz de 2014. Ela dividiu o prêmio com o ativista indiano Kailash Satyarthi. O comitê do Nobel justificou a escolha de Malala "pela sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação".

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Obras e prêmios de Malala

Capa do livro “Eu sou Malala” na edição em língua inglesa “I am Malala”.
O livro “Eu sou Malala” se tornou best-seller mundial e foi traduzido em várias línguas. [1]

A luta e a trajetória da paquistanesa foram objetos de livros e prêmios. Malala Yousafzai escreveu três livros: “Eu sou Malala - A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã”, lançado em 2013, na qual ela conta sua trajetória de vida até o dia em que foi alvo de um ataque de um extremista do Talibã. Esse livro foi traduzido em várias línguas. Em 2017, Malala escreveu um livro voltado para o público infantil intitulado “Malala e Seu Lápis Mágico”. A publicação mais recente foi lançada em 2019, quando a ativista trata sobre o seu exílio na Inglaterra: “Longe de casa: Minha jornada e histórias de refugiadas pelo mundo”.

Além da publicação de livros, Malala foi reconhecida pela sua defesa dos Direitos Humanos e do acesso à educação. Isso lhe garantiu os seguintes prêmios em várias partes do mundo:

  • Prêmio Nacional da Paz da Juventude (2011)

  • Sitara-e-Shujaat, Prêmio Coragem Civil (terceiro maior prêmio do Paquistão)

  • Revista Foreign Policy — Top 100 Pensadores Globais (2012)

  • Time — Lista de Pessoas Influentes (2012)

  • Madre Teresa Memorial, Prêmio para a Justiça Social (2012)

  • Prêmio Romano pela Paz e Ação Humanitária (2012)

  • Top Name 2012, Pesquisa Anual da Global English (2013)

  • Prêmio Simone de Beauvoir (2013)

  • Prêmio Fred e Anne Jarvis, da União Nacional de Professores do Reino Unido (2013)

  • Prêmio Anual de Desenvolvimento do Fundo de OPEP para o Desenvolvimento Internacional (OFID) (2013)

  • Prêmio Internacional Catalunya (2013)

  • Prêmio Anna Politkovskaya (2013)

  • Prêmio internacional da Criança (2013)

  • Prêmio Sakharov (2013)

  • Prémio Nobel da Paz (2014)

  • Doutora Honoris Causa pela Universidade de Pádua (2016)

  • Doutora Honoris Causa pela Universidade de Ottawa (2017)

Nota

|1| Leia o artigo completo aqui.

Por: Carlos César Higa

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