Guerra do Afeganistão de 2001

Guerra do Afeganistão de 2001 se iniciou como um desdobramento dos atentados de 11 de setembro. A ocupação norte-americana no Afeganistão durou 20 anos.

A Guerra do Afeganistão se iniciou em 2001 e só se encerrou em 2021, quando as tropas norte-americanas saíram do Afeganistão.[1]
A Guerra do Afeganistão se iniciou em 2001 e só se encerrou em 2021, quando as tropas norte-americanas saíram do Afeganistão.[1]

A Guerra do Afeganistão de 2001 foi um conflito iniciado com a invasão do Afeganistão por tropas norte-americanas, em outubro de 2001. A invasão tinha como objetivo destruir o Talibã e a Al-Qaeda e aprisionar Osama bin Laden. A ocupação se estendeu por 20 anos, e a retirada das tropas norte-americanas permitiu que o Talibã reconquistasse o poder do Afeganistão.

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Resumo sobre Guerra do Afeganistão de 2001

  • A Guerra do Afeganistão de 2001 se iniciou quando o país foi invadido por tropas norte-americanas, em outubro de 2001.

  • Esse conflito foi uma consequência dos atentados de 11 de setembro, realizados pela Al-Qaeda.

  • O objetivo dos Estados Unidos era destruir o Talibã e a Al-Qaeda e capturar Osama bin Laden.

  • A ocupação norte-americana se estendeu por 20 anos, e, em agosto de 2021, as tropas norte-americanas abandonaram o Afeganistão.

  • Osama bin Laden foi executado por soldados norte-americanos em maio de 2011, em seu esconderijo, no Paquistão.

O que foi a Guerra do Afeganistão de 2001?

Esse foi um longo conflito que se deu com a invasão do Afeganistão por tropas dos Estados Unidos, em outubro de 2001. Com as tropas norte-americanas, vieram soldados de uma série de países, como Grã-Bretanha e Canadá. Muitas dessas tropas foram para o território afegão como forças de paz e com o incentivo da Organização das Nações Unidas, a ONU.

O objetivo da invasão era combater a formação de grupos terroristas naquele país, e a ação das tropas estrangeiras se dava principalmente contra o Talibã, o grupo fundamentalista que surgiu na década de 1990. Outro grupo combatido no Afeganistão era a Al-Qaeda, organização fundamentalista que realizava atentados terroristas e era liderada por Osama bin Laden.

A ocupação norte-americana durou 20 anos, mas, como veremos, eventualmente o governo norte-americano decidiu retirar suas tropas do país. O último soldado norte-americano saiu do território afegão em 30 de agosto de 2021, colocando fim nesse longo conflito.

  • Videoaula sobre Guerra do Afeganistão (1979 à atualidade)

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Contexto da Guerra do Afeganistão de 2001

A invasão norte-americana no Afeganistão se deu num contexto de longa duração que remonta à instabilidade política que esse país asiático vive desde a década de 1970. Essa instabilidade permitiu o desenvolvimento de uma série de grupos fundamentalistas, muitos deles apoiados pelos Estados Unidos em suas origens. Dois dos mais importantes deles são o Talibã e a Al-Qaeda.

  • História do Talibã

O Talibã é um grupo fundamentalista sunita que surgiu na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, na década de 1990. Esse grupo se originou entre estudantes de escolas religiosas da etnia pachto e tinha como objetivo inicial conquistar o poder do Afeganistão no cenário da guerra civil travada no país entre 1992 e 1996.

O Talibã não tem uma atuação transnacional, e seu foco é apenas o governo do Afeganistão e de locais habitados pelos pachto, a etnia majoritária nesse país e em algumas regiões do Paquistão. Por meio da guerra, o Talibã tomou o poder do Afeganistão em 1996 e implantou um governo bastante conhecido por seu conservadorismo e autoritarismo.

O Talibã mudou o nome do país para Emirado Islâmico do Afeganistão e impôs medidas drásticas, como a obrigação das mulheres de usarem burca e a proibição de elas andarem sozinhas na rua (deveriam sempre estar acompanhadas de um parente). Os homens também foram proibidos de fazer a barba, e havia castigos públicos nas ruas aos que não obedecessem às ordens dos radicais. Para saber mais sobre a atuação desse grupo nacionalista e extremista, leia nosso texto: Talibã.

  • História da Al-Qaeda

Al-Qaeda é outro grupo fundamentalista que tem sua história diretamente ligada com a do Afeganistão. Surgiu no final da década de 1980 e foi a continuação de um grupo responsável pelo recrutamento de jovens dispostos a lutarem na jihad durante a Guerra do Afeganistão de 1979. Um dos fundadores da Al-Qaeda foi o milionário saudita Osama bin Laden.

Com a ascensão do Talibã, a Al-Qaeda se estabeleceu no território afegão, desenvolvendo bases para o treinamento e recrutamento de terroristas, além de ser o local em que Bin Laden se estabeleceu depois que foi expulso do Sudão. Lá, Osama bin Laden emitiu duas fatwas, convocando os muçulmanos a lutarem contra os Estados Unidos.

  • O que é a Al-Qaeda?

11 de setembro

A convocação de guerra contra os Estados Unidos feita pela Al-Qaeda se justificava pela presença norte-americana no Oriente Médio e sua interferência em assuntos da região. Por conta disso, uma série de atentados contra os Estados Unidos foram realizados, com destaque para os do dia 11 de setembro de 2001.

Nessa fatídica data, 19 terroristas foram enviados para os Estados Unidos com a missão de sequestrarem quatro aviões comerciais e usá-los como armas contra alvos de grande impacto. Os quatro aviões decolaram de diferentes locais da costa leste, foram sequestrados e três deles atingiram os seus alvos.

Dois aviões foram lançados contra as Torres Gêmeas, prédio comercial também conhecido como World Trade Center. Os aviões foram lançados, cada um em uma das torres. O impacto e o incêndio que se iniciou fizeram com que elas desabassem horas depois. Esses prédios se localizavam em Nova York.

O terceiro avião foi lançado sobre o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, na capital, Washington. O quarto avião tinha como alvo o Capitólio, sede do Legislativo norte-americano, também em Washington, mas caiu antes de atingir o seu alvo. O saldo do 11 de setembro foi de 2996 mortos.

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Invasão do Afeganistão

Foto do ex-presidente dos EUA George Bush, em primeiro plano, e, ao fundo, soldados norte-americanos
A Guerra do Afeganistão de 2001 foi parte do que George W. Bush, presidente dos EUA de 2001 a 2009, chamou de “guerra ao terror”.[2]

Foram os atentados de 11 de setembro que desencadearam o início da Guerra do Afeganistão, em 2001. Isso porque as investigações realizadas pela inteligência do governo norte-americano descobriram que a Al-Qaeda era a responsável pelo ataque, e logo a própria organização radical reconheceria sua autoria no atentado.

Isso fez com que o governo de George W. Bush lançasse o que ficou conhecido como “guerra ao terror”, isto é, uma luta internacional contra o terrorismo. O ataque da Al-Qaeda fez com que o governo norte-americano desse um ultimato ao Talibã para que este grupo expulsasse aquele do Afeganistão e entregasse aos EUA seus membros, como Osama bin Laden.

O Talibã se recusou a atender às exigências norte-americanas, e isso deu início ao plano de invasão do território do Afeganistão. Essa invasão foi organizada sem a autorização da ONU, e nela os norte-americanos contaram com o apoio de um grupo que lutava contra o Talibã, a Aliança do Norte. A invasão do Afeganistão aconteceu em outubro de 2001, e, em dezembro do mesmo ano, o Talibã já tinha sido derrubado do poder.

A derrubada do Talibã era um dos objetivos dos Estados Unidos com a invasão do Afeganistão, mas os norte-americanos também desejavam destruir a Al-Qaeda e aprisionar todos os grandes nomes dessa organização, sobretudo, Osama bin Laden. Outro objetivo, ainda, era estabelecer governos democráticos no Afeganistão.

Com o sucesso da operação, o Talibã fugiu para as montanhas do Afeganistão ou se estabeleceu em partes do Paquistão. Os Estados Unidos deram início aos esforços para montagem de novos governos no Afeganistão, entre esses esforços estavam a nomeação de um novo presidente e a elaboração de uma nova Constituição para o país.

O enfraquecimento do Talibã esteve visível até em partes de 2003, mas, a partir daí, esse grupo passou por um fortalecimento que levou os Estados Unidos a reforçarem sua presença no Afeganistão por meio do envio de mais tropas para lá. Isso fez da ocupação algo extremamente oneroso e desgastante para os EUA.

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Retirada das tropas norte-americanas

A saída das tropas norte-americanas do Afeganistão ganhou força a partir da década de 2010, sobretudo a partir de 2011, quando Osama bin Laden foi executado em uma operação realizada pelos Estados Unidos no Paquistão, no mês de maio desse mesmo ano. O governo de Barack Obama, por exemplo, fez a promessa de retirar as tropas, mas não conseguiu cumpri-la.

A partir do governo de Donald Trump, iniciaram-se negociações diretas entre o governo norte-americano e representantes do Talibã sobre um possível fim da ocupação do território afegão. Um acordo foi esboçado entre as duas partes, e os Estados Unidos se comprometeram a retirar suas tropas em 14 meses, enquanto que o Talibã se comprometeu a não permitir que a Al-Qaeda se instalasse novamente no Afeganistão.

O acordo, no entanto, foi considerado um fracasso porque analistas internacionais entendem que o Talibã não cumpriu nada do que foi acordado. De toda forma, a retirada das tropas norte-americanas foi concluída no governo de Joe Biden. A essa altura, a guerra no Afeganistão já era muito impopular nos EUA.

Desfecho da Guerra do Afeganistão de 2001

A retirada das tropas norte-americanas foi concluída no dia 30 de agosto de 2021, e, antes mesmo disso, o Afeganistão presenciou uma grande ofensiva militar do Talibã, que conquistou quase todo o país em cerca de duas semanas, incluindo a capital, Cabul. O presidente do país Ashraf Ghani fugiu antes de Cabul ser conquistada.

A saída das tropas norte-americanas marcou o fim da Guerra do Afeganistão de 2001. Do ponto de vista dos objetivos norte-americanos, ela foi um grande fracasso, pois se encerrou com o Talibã de volta ao poder. Além disso, os Estados Unidos foram incapazes de construir uma alternativa democrática para o Afeganistão e viram bilhões de dólares serem gastos nessa guerra.

Créditos das imagens

[1] Trent Inness e Shutterstock

[2] ChameleonsEye e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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