Esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença que acomete o sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) e se caracteriza pela destruição da mielina. Por ser uma doença em que se observa o processo de desmielinização, a transmissão dos impulsos nervosos é comprometida, o que provoca sintomas diversos, como perda da força e da sensibilidade.

A doença é mais comum em mulheres e em indivíduos da cor branca, e acomete, com maior frequência, pessoas jovens com idade entre 20 e 40 anos. Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 40.000 casos da doença. A esclerose múltipla foi descrita, pela primeira vez, em 1868, pelo neurologista francês Jean Martin Charcot.

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O que é a esclerose múltipla?

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que compromete o sistema nervoso central. Quando falamos que uma doença é autoimune, estamos nos referindo a um problema de saúde desencadeado pelo ataque do sistema imunológico ao próprio organismo. No caso da esclerose múltipla, o sistema imunológico apresenta uma reação direcionada à mielina, que envolve os axônios e permite a condução mais rápida dos impulsos nervosos. Devido à condição ser caracterizada pela destruição da mielina, dizemos que se trata de uma doença desmielinizante.

Na esclerose múltipla, observa-se um processo de desmielinização, ou seja, de destruição da mielina.
Na esclerose múltipla, observa-se um processo de desmielinização, ou seja, de destruição da mielina.

A esclerose múltipla pode ser considerada também uma doença crônica e progressiva, uma vez que não possui cura e provoca um comprometimento maior do indivíduo ao longo do tempo. Vale destacar que ela não é contagiosa e não é considerada uma doença mental.

O termo esclerose é utilizado para se referir às cicatrizes que surgem no sistema nervoso central dos pacientes com a doença. Essas cicatrizes se formam nos pontos de inflamação e desmielinização, como uma forma do organismo solucionar o problema. Entretanto, nesses locais, o tecido passa a não funcionar como antes, sendo observada uma perda da função tecidual.

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Causa da esclerose múltipla

A esclerose múltipla não apresenta causa totalmente definida. De maneira geral, admite-se que o seu desenvolvimento envolve predisposição genética e fatores ambientais. Dentre os fatores ambientais, podemos citar, por exemplo, a exposição a determinados vírus e solventes orgânicos e o uso de cigarro.

Sintomas da esclerose múltipla

A esclerose múltipla caracteriza-se como uma doença desmielinizante, ou seja, que envolve a perda de mielina. A desmielinização interfere negativamente na transmissão de impulsos nervosos, provocando o surgimento de diferentes problemas. Os sintomas estão diretamente relacionados com a área do sistema nervoso central acometida. Alguns dos sintomas da esclerose múltipla são:

  • Visão dupla

  • Perda da visão

  • Fraqueza

  • Fadiga crônica

  • Falta de equilíbrio

  • Dormências

  • Espasmos e rigidez muscular

  • Dificuldade de controlar bexiga e intestino

  • Dificuldade para andar

  • Falta de coordenação motora

  • Problemas de memória, atenção e processamento de informação

  • Alterações de humor

  • Depressão

  • Ansiedade

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Tipos de esclerose múltipla

A esclerose múltipla pode ser classificada em quatro tipos básicos, os quais apresentam as seguintes características:

A esclerose múltipla provoca alterações no equilíbrio, fraqueza muscular, problema na coordenação motora e dificuldade para andar.
A esclerose múltipla provoca alterações no equilíbrio, fraqueza muscular, problema na coordenação motora e dificuldade para andar.
  • Surto-remissão: o indivíduo convive com períodos de surtos, que podem durar dias ou semanas e que depois desaparecem, ocorrendo uma recuperação parcial ou total dos sintomas. Esse tipo de esclerose múltipla é também conhecido como remitente recorrente e se caracteriza por ser a forma mais comum de esclerose múltipla, sendo responsável por cerca de 85% dos casos.

  • Progressiva-primária: verifica-se o comprometimento progressivo do indivíduo desde o aparecimento da doença, não sendo observadas remissões óbvias dela.

  • Progressiva-secundária: observa-se que a doença começa no decurso do tipo surto-remissiva, com momentos de surtos seguidos de períodos sem os sintomas. Posteriormente, no entanto, a doença torna-se progressiva.

  • Progressiva-recorrente: percebe-se a progressão da doença, com surtos agudos claros. É o tipo mais raro da doença.

Diagnóstico da esclerose múltipla

Para chegar ao diagnóstico de esclerose múltipla, o médico deverá analisar os sintomas que o paciente apresenta bem como solicitar alguns exames. Dentre esses exames, destaca-se o de ressonância magnética, o qual permitirá a observação de lesões que indicam a desmielinização. A análise do líquor pode ser feita em busca de marcadores específicos.

Exames laboratoriais também devem ser solicitados com o intuito de excluir outras possíveis doenças que apresentam sintomas semelhantes. O diagnóstico da doença é feito, normalmente, por um neurologista.

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Tratamento da esclerose múltipla

Até o momento, a esclerose múltipla não tem cura, mas tem tratamento baseado no controle dos sintomas, na redução da atividade inflamatória e na diminuição dos surtos. No Brasil, o Ministério da Saúde fornece gratuitamente medicamentos para tratar a doença. Apesar de não ser responsável pela cura, o tratamento melhora a qualidade de vida do paciente.

Além do uso de medicamentos, é importante destacar que o paciente deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar para a melhoria dos seus resultados. Entre os profissionais que podem ajudar nesse processo, estão os fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

Atualmente, a esclerose múltipla já vem sendo tratada, por meio do transplante de células-tronco, em algumas partes do mundo. No Brasil, esse tratamento encontra-se em fase experimental. Ele tem mostrado resultados promissores, no sentido de controlar os sintomas da doença, porém alguns estudos destacam que os resultados positivos podem ocorrer apenas em determinadas circunstâncias. Vale salientar que tal tratamento pode debilitar bastante o paciente e é bastante complexo.

Por: Vanessa Sardinha dos Santos

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