Dúvidas gramaticais recorrentes

São recorrentes as dúvidas gramaticais entre boa parte dos usuários do sistema linguístico

Por se tratar de uma realidade inquestionável, o título deste artigo – Dúvidas gramaticais recorrentes – parece calhar com as necessidades momentâneas de muitos usuários, sobretudo quando se encontram em circunstâncias formais de comunicação. O fato é que tal formalidade se demarca porque estamos submetidos a um conjunto de regras cujos pressupostos devem ser apreendidos e, sobretudo, postos em prática, mesmo que isso demande um certo tempo para adequação. Assim, a familiaridade com alguns deles, para não dizer com todos, representa fator preponderante, haja vista que dessa forma a assimilação se torna paulatina.  

Em razão disso, preparamos para você, caro (a) usuário (a), algumas dicas concebidas como relevantes, no sentido de orientá-lo (a) nessas questões. Nesse sentido, analise alguns casos de dúvidas gramaticais recorrentes:

# O pronome “se” atuando como partícula apassivadora

Tal pronome assim se classifica porque acompanha verbos transitivos diretos com complementos sem preposição. Nesse sentido, cabe afirmar que esse complemento se transforma em sujeito paciente. Veja um caso representativo:

Alugam-se apartamentos para temporada.

Transformando tal oração para a voz passiva sintética, temos:

Apartamentos para temporada são alugados. (sujeito paciente)

Há de se constatar que a concordância se deu entre o verbo e seu respectivo sujeito (apartamentos/são). Se estiver no singular, o verbo assim permanecerá.

# O pronome “se” como índice de indeterminação do sujeito

Já essa classificação se dá mediante o acompanhamento de verbos transitivos indiretos e verbos intransitivos, cujos complementos (no caso de transitivos indiretos) atuam como objeto indireto. Atente-se a dois casos:

Precisa-se de funcionários qualificados.

O termo em destaque atua como objeto indireto do verbo “precisar”.

Vive-se bem aqui.

Nessa circunstância, o verbo é intransitivo (viver), razão pela qual o pronome “se” representa um índice de indeterminação do sujeito.

Dados esses dois casos, torna-se essencial não confundir o pronome em questão (“se”) com o caso relativo à partícula apassivadora.

Colocação pronominal

É importante saber colocar o pronome oblíquo no seu devido lugar. Cheque alguns exemplos:

Não direi-lhe a verdade.

Temos aqui dois aspectos a serem analisados: o verbo “dizer” se encontra no futuro do presente; e o pronome “lhe” se encontra posposto a ele. Via de regra, a colocação adequada deveria se manifestar pelo uso da mesóclise, ou seja: dir-lhe-ei a verdade.

No entanto, antes do verbo há um elemento decisivo na correta colocação que daremos ao pronome “lhe”. Trata-se de um advérbio de negação, o qual requer o uso da próclise (colocação do pronome antes do verbo). Dessa forma, nada mais adequado que dizer “não lhe direi a verdade”.

Verbos impessoais – HAVER E FAZER

O verbo “haver”, retratando o sentido de “fazer” (tempo decorrido) e de “existir”, sempre será retratado na terceira pessoa do singular. Assim, veja alguns casos:

Há alunos na sala. (existem)
Havia alunos na sala. (existiam)
Não o vejo há dois meses. (faz)
Havia dois meses que não nos víamos. (fazia)

O verbo “fazer” apresenta diferenças que decorrem do fato de ele ser pessoal e impessoal. Em seu sentido próprio, é pessoal, ou seja, concorda com a pessoa, isto é:

Os alunos fizeram a pesquisa como recomendada.
Ele não faz questão alguma de visitar os amigos.

Já na qualidade de impessoal, ele sempre denota o sentido de tempo passado, decorrido:

Faz duas horas que saiu e ainda não voltou.
Faz dias que não o encontro mais por lá.

Concordância do verbo anteposto ao sujeito

É de fundamental importância saber que o verbo concorda com o sujeito, mesmo quando o sujeito se encontra posposto. Exemplos:

Clamaram por justiça os familiares das vítimas.
Existem guardados alguns segredos
Bastam duas chances para mudarmos de opinião.

Troca inadequada do verbo “haver” pelo verbo “ter”

Tal ocorrência se manifesta principalmente em se tratando de circunstâncias ligadas à oralidade, fato que persiste na modalidade escrita da linguagem. Nesse sentido, é sempre bom tomar um pouco mais de cuidado, de modo a não cultuar tal desvio. Veja então algumas manifestações:

Tinha muitos problemas a serem resolvidos. Sendo que convenientemente deveríamos dizer:

Havia muitos problemas a serem resolvidos. (verbo “haver” no sentido de “existir”)

Plural indevido

Ergueram os olhos ao se depararem com tamanha beleza.
Levantaram as mãos ao serem questionados.

Inferimos se tratar de membros do nosso corpo tidos em pares, por isso, pluralizados.

Mas...

Os gastroenterologistas cuidam do estômago dos pacientes.
Os cardiologistas são especialistas responsáveis pelo coração dos pacientes.

Tais colocações encontram-se no singular porque possuímos apenas um desses membros.

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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