Talibã

O Talibã é um grupo político formado por radicais islâmicos que buscam impor sobre a sociedade sua visão religiosa.

À esquerda, a bandeira do Afeganistão e, à direita, a do Talibã.

O Talibã é um grupo extremista e nacionalista que prega a imposição da lei islâmica sobre a sociedade. Entre os anos de 1996 e 2001, o grupo tomou o poder no Afeganistão e deu abrigo para os terroristas da Al-Qaeda que participaram dos ataques de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos.

Logo após a guerra contra os norte-americanos, o Talibã saiu do poder, mas manteve os ataques contra o novo governo estabelecido. A partir de 2020, o grupo participou de negociações para evitar um novo conflito no Afeganistão, mas, com a saída das tropas estadunidenses do país, o grupo reassumiu o poder.

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Resumo sobre o Talibã

  • O Talibã é um grupo radical islâmico que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, mas retomou o poder em 2021, impondo sua fé sobre a sociedade.

  • Sua origem remonta à invasão soviética ao Afeganistão, em 1979, e ao investimento dos Estados Unidos no treinamento de combatentes islâmicos contra as tropas da URSS.

  • Em 1996, o grupo tomou o poder e controlou os afegãos de forma violenta e impositiva.

  • Após a derrota para os Estados Unidos, em 2001, o Talibã se enfraqueceu, mas manteve ataques terroristas contra o novo governo estabelecido no Afeganistão.

  • Seu reagrupamento começou em 2004 e obteve auxílio do Paquistão para se rearmar e treinar novos combatentes.

  • A partir de 2021, seus integrantes retomaram o poder no Afeganistão após a retirada das tropas norte-americanas.

Origem do Talibã

Em 1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão, o que motivou a reação dos Estados Unidos para combater a presença inimiga no Oriente Médio. Eram tempos de Guerra Fria, quando as duas superpotências disputavam zonas de influência ao redor do mundo. Os norte-americanos decidiram armar os mujahidin, isto é, combatentes islâmicos, para lutar contra as tropas soviéticas em território afegão. A CIA, central norte-americana de inteligência, investiu recursos e treinamentos nesses combatentes para que derrotassem o inimigo soviético. O Paquistão também colaborou nesse treinamento.

Entre 1988 e 1989, as tropas soviéticas saíram do Afeganistão e fizeram um acordo de cessar-fogo com os mujahidin. Apesar dessa retirada, os conflitos continuaram, pois grupos islâmicos armados para lutar contra os soviéticos começaram a lutar entre si, promovendo uma guerra civil naquele país. Mohammad Najibullah tentou implantar um governo comunista com o apoio da Rússia, mas, em 1992, os seus opositores tomaram a capital, Cabul, agravando ainda mais as lutas pelo poder afegão.

Sem nenhuma pacificação à vista, 40 a 50 estudantes deixaram a capital e se transferiram para Sansigar. Dois líderes se destacaram nesse momento: Mullah Abdul Salam Zaeef e Mohammed Omar. Começava a tomar forma o grupo que ficaria conhecido como Talibã. Era uma alternativa ao predomínio da etnia pachtun, que dominava o Afeganistão.

Aos poucos, o Talibã cresceu, recebendo a adesão de novos integrantes e instalando checkpoints nas estradas, cobrando taxas de quem por ali passasse. Com esse dinheiro, o Talibã pôde se organizar e realizar seus treinamentos. Aos poucos, o grupo começou a avançar pelo território afegão a partir da fronteira com o Paquistão.

Veja também: Terrorismo práticas violentas motivadas por questões políticas e/ou religiosas

Características do Talibã

Integrantes do Talibã exibindo suas armas. [1]

As principais características do Talibã são:

  • leituras e práticas distorcidas dos ensinamentos do Alcorão;

  • perseguição aos inimigos ou àqueles que não praticam a lei islâmica;

  • censura à imprensa e queima de livros considerados imorais;

  • uso da força para se manter no poder e impor sua religião.

Trajetória do Talibã

  • Ascensão ao poder do Talibã

Em 1996, o Talibã alcançou Cabul e assumiu o poder. Começava um período de repressão aos inimigos e imposição da lei islâmica. As mulheres deveriam usar a burca, uma vestimenta que cobre todo o corpo, e não poderiam frequentar a escola e a universidade. Os homens deveriam usar barbas e seguir à risca os ensinamentos do Alcorão, livro sagrado para os islâmicos.

Além dessas imposições, o Talibã destruiu objetos de arte e estátuas sob a justificativa de que “ofendiam seu conceito de Alá”. O grupo foi responsável por queimar livros e destruir duas estátuas históricas de Buda, apesar dos inúmeros pedidos da comunidade internacional para que fossem preservadas.

  • Fim do poder do Talibã

No dia 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos foram alvo do maior ataque terrorista de sua história. Ao se constatar que o grupo terrorista Al-Qaeda, chefiado por Osama bin Laden, organizou o atentado, o presidente norte-americano ordenou a sua captura. Ele se escondeu no Afeganistão, que, na época, era governado pelo Talibã.

Em outubro de 2001, o governo norte-americano iniciou uma guerra no Afeganistão para derrubar os líderes extremistas do poder e capturar Osama bin Laden. O primeiro objetivo foi alcançado, mas a prisão do líder da Al-Qaeda não aconteceu.

Desde a queda do Talibã, os afegãos começaram a ser governados por presidentes eleitos livremente. Apesar dessas mudanças políticas, o Afeganistão ainda sofria ataques terroristas, o que demonstrava que, mesmo fragilizado, o Talibã ainda era uma ameaça ao novo governo afegão. As tropas norte-americanas permaneceram por 20 anos no país para manter a ordem local e formar um exército nacional capaz de evitar qualquer ação terrorista.

Videoaula sobre o que é a Al-Qaeda

  • Reagrupamento do Talibã

Logo após a saída do poder, o Talibã começou a se reagrupar em 2004. Seus integrantes passaram a utilizar a tática de guerrilha contra o governo do Afeganistão. O grupo recebe apoio de outros extremistas islâmicos que se escondem no Paquistão. Os membros responsáveis por esse reagrupamento foram liderados por Mohammed Omar até 2013, ano da sua morte. Omar foi considerado um dos inimigos dos Estados Unidos e perseguido enquanto as tropas norte-americanas estiveram no território, mas nunca foi encontrado. Sua morte foi confirmada, sem detalhes de como aconteceu.

O governo do Paquistão tem colaborado com o ressurgimento do Talibã ao fornecer suprimentos, armas e treinamento. O sucessor de Omar foi Akhtar Mohammad Mansour, que manteve os ataques terroristas e pretendia fundar um Estado islâmico em território afegão. Ele foi morto em 2016, após ser alvejado por um avião não tripulado dos Estados Unidos. Mansour foi sucedido por Hibatullah Akhundzada.

Desde 2008, na campanha presidencial para a Casa Branca, Barack Obama, que se tornou presidente dos EUA, prometia trazer de volta as tropas que estavam no Afeganistão. Porém, os constantes ataques do Talibã fizeram com que essa saída fosse postergada. Em 2020, durante o governo de Donald Trump, os Estados Unidos fizeram um acordo de paz com os integrantes do Talibã. Os norte-americanos retirariam suas tropas do Afeganistão desde que o Talibã não permitisse que a Al-Qaeda agisse dentro do seu território.

No ano seguinte, já na presidência de Joe Biden, foi anunciada a retirada das tropas. Ao mesmo tempo em que os soldados deixavam o país, o Talibã avançava em direção a Cabul no intuito de retomar o poder perdido em 2001.

  • Retomada do poder pelo Talibã

Em agosto de 2021, os integrantes do Talibã mostraram suas forças ao retomar de forma rápida o poder no Afeganistão. O presidente norte-americano Joe Biden retirou as tropas do país, mas o exército local não estava preparado para reagir aos ataques do grupo fundamentalista. O presidente Ashraf Ghani abandonou o governo, o que permitiu a tomada de poder por parte do Talibã. Apesar dos integrantes do novo governo anunciarem que governariam moderadamente desde que cumpridas as leis islâmicas, milhões de afegãos fugiram do seu país, abandonando casas e famílias.

Nas redes sociais, imagens chocantes de pessoas invadindo a pista do aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão, comoveram a todos. Era uma busca desesperada para embarcar nos aviões e fugir do seu próprio país. Alguns tentaram se segurar na fuselagem dos aviões e, logo após a decolagem, despencaram do ar. As incertezas ainda rondam os primeiros passos do Talibã novamente no poder, mas há desconfiança quanto à moderação deles. Acredita-se que a vingança contra antigos inimigos, opressão às mulheres e o fechamento de escolas e universidades já estejam acontecendo.

Crédito da imagem

[1] Dmitriyk21 / Shutterstock

Por: Carlos César Higa

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