Concordância verbal: casos especiais com o sujeito simples

A concordância verbal com sujeito simples apresenta alguns casos especiais, como quando há a presença de expressões partitivas e numéricas ou de alguns tipos de pronomes.

O verbo pode ter concordância especial em alguns tipos de sujeito simples
O verbo pode ter concordância especial em alguns tipos de sujeito simples

Como você já deve saber, a regra geral de concordância verbal determina que o verbo deve concordar em número (singular e plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito. No entanto, existem algumas especificidades quanto ao sujeito simples que merecem uma análise cuidadosa. Vamos analisá-las neste texto.

1) Expressões partitivas + substantivo/pronome

Observe os verbos nas orações abaixo:

A maioria das mulheres gosta de maquiagem.

A maioria das mulheres gostam de maquiagem.

As duas orações estão adequadas em relação à regra de concordância verbal, pois, quando o sujeito possui uma expressão partitiva, seguida de um substantivo ou de um pronome no plural, o verbo pode ficar no singular (concordando com a expressão partitiva) ou ir para o plural (concordando com o substantivo que aparece após a expressão partitiva).

2) Porcentagem

Observe os verbos nas orações a seguir:

57% acreditam na aprovação.

30% duvidam que sejam aprovados.

É possível notar que o sujeito das orações é composto por apenas uma expressão numérica de porcentagem, ou seja, a porcentagem é o núcleo do sujeito. Dessa forma, quando o sujeito possuir essa estrutura (porcentagem), o verbo concordará com o valor dessa expressão numérica.

Atenção! Agora veja as seguintes orações:

30% sabem em quem votar.

1% dos eleitores sabe/sabem em quem votar.

Você consegue perceber a diferença entre elas? Por que a segunda oração permite a conjugação do verbo no singular e no plural?

A diferença está na estrutura do sujeito. Enquanto na primeira oração há apenas a expressão numérica, na segunda, o sujeito é composto da expressão numérica seguida de um substantivo, dando-lhe, então, uma característica partitiva e, por isso, o verbo poderá concordar com a expressão ou com o substantivo.

3) Expressão fracionária

Analise, agora, este outro tipo de sujeito e concordância verbal:

1/3 da população mundial não possui acesso à energia elétrica.

2/3 da população mundial não possuem acesso à boa alimentação.

É curioso notar como o verbo comporta-se nesse tipo de enunciado, não é mesmo? Sua concordância realiza-se em função do numerador da fração que compõe o núcleo do sujeito, ou seja, na primeira oração, o verbo está conjugado no singular por causa do numerador 1, e, na segunda oração, ele está no plural por causa do numerador 2. Assim, quando o núcleo do sujeito for uma expressão fracionária, o verbo deverá concordar com o numerador da fração.

4) Expressão indicativa de quantidade aproximada

Observe a oração:

Cerca de duzentos clientes reclamaram do serviço.

Note que, diferentemente dos casos anteriores, a expressão que compõe o sujeito não traz uma quantidade exata. Nesse caso, a concordância verbal será realizada em função do substantivo que acompanha essa expressão, ou seja, quando o sujeito for constituído de uma expressão indicativa de quantidade aproximada, seguida de numeral, o verbo concorda com o substantivo que segue a expressão.

Atenção! Compare as duas orações a seguir:

Mais de uma pessoa passou mal com a fumaça.

Mais de um vendedor, mais de um cliente passaram mal com a fumaça.

Veja que na primeira oração há a concordância do verbo com o substantivo que segue a expressão indicativa de quantidade aproximada, como estudado anteriormente. Assim, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular em concordância com o substantivo “pessoa”. No entanto, na segunda oração, devido à repetição da expressão de quantidade aproximada, o verbo faz concordância com os dois substantivos, sendo conjugado, agora, na 3ª pessoa do plural.

5) Pronome relativo “que”

Se o sujeito é formado pelo pronome relativo que, há duas regras de concordância:

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a) quando esse pronome relativo atua como sujeito e introduz uma oração subordinada adjetiva, o verbo da oração adjetiva concorda em número e pessoa com o termo da oração principal ao qual o pronome relativo faz referência.

Éramos nós que organizávamos todo o estoque.

b) quando o pronome relativo “que” fizer referência às expressões um(a)s...do(a)s, o verbo da oração adjetiva costuma ir para o plural. No entanto, se a intenção for destacar o sujeito do grupo em relação ao qual foi mencionado, o verbo deverá ser conjugado no singular.

João é um dos vendedores que atingiram a meta mensal.

João é um dos vendedores que atingiu a meta mensal.

6) Pronome relativo “quem”

Observe as orações:

Sou eu quem mais acredito na empresa.

Sou eu quem mais acredita na empresa.

As duas possibilidades de concordância verbal (com o antecedente do pronome ou com o próprio pronome) estão adequadas, ou seja, quando o sujeito for o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar com o termo antecedente do pronome ou com o próprio pronome (3ª pessoa do singular).

7) Pronomes indefinidos e interrogativos

Para sujeitos que possuem pronomes indefinidos e interrogativos, há duas regras de concordância:

a) quando o sujeito possui expressões constituídas de pronomes indefinidos ou pronomes interrogativos no plural, seguidos da preposição “de” e dos pronomes pessoais nós e vós, o verbo vai para o plural, mas pode concordar, em pessoa, tanto com o pronome indefinido (3ª pessoa) como com o pronome pessoal. Veja:

Quais de nós venderam mais?

Quais de nós vendemos mais?

b) quando o pronome indefinido ou interrogativo apresentar forma no singular, o verbo deve concordar com o pronome (3ª pessoa do singular). Veja:

Qual de nós vendeu mais?

8) Pronomes de tratamento

Observe os verbos nas orações a seguir:

Vossa excelência aprovou a lei?

Vossas excelências aprovaram a lei?

É clara a concordância do verbo com o pronome de tratamento, não é mesmo? Por isso, podemos inferir que, quando o sujeito for composto por esse tipo de pronome, o verbo sempre será conjugado na 3ª pessoa (singular ou plural, dependendo da flexão do pronome).

9) Substantivos: formas plurais e sentidos plurais e singulares

Em sujeitos cuja composição apresenta um substantivo com formas plurais e sentidos plurais e singulares, há três regras de concordância verbal:

a) quando o núcleo do sujeito for um substantivo coletivo, o verbo assume a forma singular. Veja:

O bando invadiu a agência bancária.

b) quando o núcleo do sujeito for um substantivo que apresenta forma plural, mas tem sentido de singular, o verbo vai para o singular, se o substantivo não vier antecedido por um determinante no plural (artigo, pronome ou numeral).

Óculos é acessório da moda.

Sendo antecedido por um determinante, então, o verbo irá para o plural:

Os óculos são acessórios da moda.

c) Quando o núcleo do sujeito é composto por um substantivo próprio, que apresenta forma plural, o verbo vai para o singular, se o substantivo não estiver antecedido por um determinante.

Jogos Vorazes é um filme de sucesso.

Sendo antecedido por um determinante, então o verbo irá para o plural.

As férias são essenciais para mim.

Aproveite para conferir as nossas videoaulas relacionadas ao assunto:

Por: Mariana Rigonatto

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