Joseph Goebbels

Joseph Goebbels foi um dos nomes mais importantes do Partido Nazista, sendo o responsável por sua propaganda a partir de 1930. Com a ascensão do Hitler, ele se tornou o ministro da Propaganda da Alemanha, promovendo campanhas para manipular a população e garantir seu apoio ao nazismo. Cometeu suicídio no final da Segunda Guerra Mundial.

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Primeiros anos

Paul Joseph Goebbels nasceu em Rheydt, cidade localizada na Renânia, Alemanha, no dia 29 de outubro de 1897. Foi filho de Fritz Goebbels, que trabalhava em uma fábrica de velas, e Katharina Odenhausen, que trabalhava como doméstica em uma propriedade rural.

Goebbels foi o quarto filho do casal, que, ao todo, teve seis: Konrad, Hans, Maria, Joseph, Elisabeth e Maria. Entre eles, Maria (a primeira) faleceu com poucos meses de idade. A infância de Goebbels foi marcada por problemas de saúde, destacando-se a deformidade que ele tinha em um de seus pés.

Na sua infância, Joseph era uma criança solitária, principalmente por conta da deformidade mencionada. Entretanto, suas biografias contam que ele era um bom aluno e que tinha facilidade em disciplinas como grego, religião e história, conforme pontuou o historiador Peter Longerich.|1|

Durante sua juventude, a família desejou que ele seguisse a carreira eclesiástica, consagrando-se padre. Entretanto, Goebbels ingressou na Universidade de Bonn para estudar literatura e história. Antes disso, Goebbels desejou ir para a guerra, mas seu problema no pé o impediu.

Na década de 1920, ele conseguiu escrever sua tese de doutorado pela Universidade de Heidelberg, e obteve o título de doutor em 1921. A partir daí, Goebbels procurou desenvolver sua carreira profissional trabalhando como tutor particular e como jornalista. Entretanto, ele desejava ser escritor.

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A década de 1920 foi o momento em que o antissemitismo passou a ser mais perceptível em sua personalidade. Alguns biógrafos creditam o crescimento do seu preconceito contra judeus a partir de uma estada dele em Munique, cidade que era um grande centro da extrema-direita na Alemanha.

Suas posições extremistas e conservadoras o aproximaram de um partido em crescimento: o Partido Nazista. Desse período também destacam-se dois fatos da sua vida: a boemia e o desejo por mulheres. Os biógrafos que analisaram sua personalidade apontam que isso poderia ser uma forma que ele achou para compensar a frustração que sentia pela deformidade de seu pé.

Ingresso no Partido Nazista

As crianças eram um dos grandes alvos da propaganda nazista. O objetivo era doutriná-las para que se tornassem nazistas convictas.[1]
As crianças eram um dos grandes alvos da propaganda nazista. O objetivo era doutriná-las para que se tornassem nazistas convictas.[1]

O ambiente político da Alemanha na década de 1920 influenciou fortemente Joseph Goebbels, e as posições conservadoras e antissemitas desse contexto o incentivaram a admirar uma figura em ascensão: Adolf Hitler. A aproximação de Goebbels com o Partido Nazista aconteceu oficialmente em 1924, e, nesse ano, Goebbels declarava que Hitler era “um homem que traz uma nova fé para o povo alemão”.|1|

Goebbels passou a militar pelo nazismo a partir do dia 4 de abril de 1924, quando entrou para um grupo de nazistas que atuava em Rheydt. Ainda nesse mês, ele participou de um comício nazista realizado em sua cidade natal. Esse comício foi parte de ações para as eleições parlamentares que se aproximavam, e, em Rheydt, o Partido Nazista obteve quase 3% dos votos.

A partir daí, Goebbels começou a fazer discursos, o que lhe trouxe certa notoriedade. Seus discursos aconteciam em Rheydt e outras cidades próximas, como Monchengladbach. Ainda nesse período, ele passou a trabalhar em um jornal que veiculava ideais nacionalistas e antissemitas. O jornal também contribuiu para torná-lo uma figura mais conhecida.

Nesse momento, Goebbels, Hitler e outros membros do partido desentenderam-se porque cada um tinha visões distintas para o futuro do nazismo. Hitler e Goebbels colocaram suas diferenças de lado, e a resolução desse conflito estreitou os laços entre os dois. Depois disso, Hitler convidou Goebbels para ser o líder do partido em Berlim, posição que ele aceitou.

A partir de 1926, o crescimento de Goebbels nos quadros do Partido Nazista foi exponencial. Ele usou sua posição para aprimorar ainda mais seus discursos, e nessa época já usava, em Berlim, uma tática da qual o partido se valeu por toda a Alemanha: a realização de eventos e marchas meticulosamente planejadas, entradas triunfais para os discursos etc.

A nível nacional, o nazismo ainda engatinhava em 1928, mas, mesmo assim, conseguiu eleger alguns representantes para o Parlamento alemão, dos quais um deles foi Goebbels. Daí em diante, ele assumiu uma posição central no partido ao lado de nomes como Himmler, Hess, Streicher, Göring, entre outros.

Acesse também: Tratado de Versalhes e os termos da rendição alemã

Atuação no Ministério da Propaganda

A grande queima de livros foi uma das etapas da revolução cultural promovida por Joseph Goebbels à frente do Ministério da Propaganda.[1]
A grande queima de livros foi uma das etapas da revolução cultural promovida por Joseph Goebbels à frente do Ministério da Propaganda.[1]

No final de 1929, Goebbels foi cotado para assumir a direção do departamento de propaganda do Partido Nazista. Os boatos sobre isso se arrastaram, até que Hitler, pessoalmente, nomeou-o responsável pela Direção Nacional de Propaganda, em abril de 1930. Isso deu início à trajetória de Goebbels como propagandista do nazismo.

Ele estabeleceu a estética nazista fazendo uso de marchas militares perfeitamente sincronizadas e de bandeiras e grandes símbolos para atrair as massas; e popularizou as entradas triunfais de Hitler, tornando as palestras do líder um evento com grande efeito emocional nas pessoas que o assistiam. A exaltação a personalidade de Hitler foi uma das ações centrais de Goebbels.

A estética nazista foi se estabelecendo após sua posse na direção, em 1930, e, a partir de 1933, quando os nazistas chegaram ao poder, ele foi nomeado ministro da Propaganda e diretor da Câmara de Cultura do Reich. Assim, toda a propaganda do regime passava por suas mãos, assim como todos os assuntos relativos ao campo cultural.

Com isso, toda a produção cultural da Alemanha era curada por Goebbels, e ele passou a intervir na arte do país. Assim, jornais, teatros, rádios, músicas, filmes, entre outros, poderiam ser alvo da censura do ministro. Suas interferências na cultura alemã se deveram ao fato de que ele acreditava ser necessário conduzir uma revolução cultural no país.

Goebbels acreditava que o aprofundamento do poder dos nazistas no país passava necessariamente pela transformação da forma de pensar do alemão. Por isso as propagandas eram essenciais para ele, pois era por meio delas que se trabalhava para convencer a população alemã daquilo que os nazistas defendiam.

Um dos acontecimentos mais simbólicos da revolução cultural promovida por Goebbels foi a grande queima de livros, em 1933. Nessa fogueira, ele ordenou a queima de milhares de livros que eram entendidos como “prejudiciais” à Alemanha. Essa ação visava a silenciar os opositores e apagar todo tipo de pensamento que não fosse conveniente aos nazistas.

Por fim, Goebbels foi um dos grandes responsáveis por ampliar o antissemitismo em toda a Alemanha. Essa forma de preconceito foi frequentemente usada para atrair apoiadores ao Partido Nazista. O ministro da Propaganda também foi um dos idealizadores do pogrom realizado pelos nazistas em 1938, a Noite dos Cristais.

A propaganda, a revolução cultural e os eventos perfeitamente planejados por ele eram parte de uma estratégia para veicular uma imagem positiva e grandiosa ao Partido Nazista. Ele sabia que a ampliação do poder do partido se daria por meio do engajamento popular.

Acesse também: Einsatzgruppen, os grupos de extermínio nazistas

Últimos anos

Os últimos anos da vida de Goebbels foram profundamente marcados pela derrota da Alemanha na Segunda Guerra. Ele era o responsável por manter o moral da população alemã alto durante o conflito, e quanto mais o embate avançava, mais complicado seu trabalho se tornava, uma vez que os sacrifícios que a guerra demandava da população eram muitos.

Goebbels eram um defensor da ideia de que a Alemanha tinha que resistir até a morte no conflito, e usou de suas habilidades para garantir o apoio da população nesse intento. A derrota alemã também o convenceu de que todos os esforços deveriam ser realizados o extermínio dos judeus. Goebbels foi um dos defensores da Solução Final, o plano formulado para exterminar os judeus da Europa.

Quando a derrota alemã era certa, Goebbels manteve-se no bunker que abrigava Adolf Hitler. Ele permaneceu fiel ao seu líder e não cogitou render-se ou fugir. Depois do suicídio de Hitler, Goebbels tornou-se chanceler da Alemanha, mas ocupou o cargo por apenas um dia. No dia seguinte (1º de maio de 1945), ele e sua esposa, Magda Goebbels, decidiram seguir Hitler e cometeram suicídio.

Antes disso, eles mataram seus seis filhos adormecendo-os com injeções de morfina e inserindo cápsulas de ácido cianídrico em todos eles. Em seguida, eles também ingeriram cápsulas de ácido cianídrico e faleceram. Os corpos de Joseph Goebbels e de sua esposa foram incendiados para dificultar seu reconhecimento.

Notas

|1| LONGERICH, Peter. Joseph Goebbels: uma biografia. Para acessar, clique aqui.

Créditos das imagens:

[1] Everett Historical e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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