Cortina de ferro

Cortina de ferro é uma expressão popularizada por Winston Churchill para se referir às nações do bloco socialista e ao controle da União Soviética sobre elas.

Selo impresso no Reino Unido mostra Winston Churchill.
A popularização do termo “cortina de ferro” é atribuída a Winston Churchill em discurso realizado em 1946.[1]

Cortina de ferro é uma expressão que foi muito comum durante o período da Guerra Fria, sendo utilizada para se referir às nações socialistas e ao controle que elas sofriam da União Soviética. O termo foi popularizado por meio de um discurso proferido por Winston Churchill durante uma viagem aos Estados Unidos.

A Guerra Fria ficou marcada pela ordem bipolar, pela existência de um bloco capitalista e um bloco socialista. Por isso, muitos entendem que o discurso de Churchill e sua menção à cortina de ferro deram início a esse conflito político-ideológico. A cortina de ferro seria, portanto, a barreira ideológica entre os dois blocos.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre a cortina de ferro

  • Cortina de ferro é uma expressão usada na Guerra Fria para referir-se às nações do bloco socialista.

  • Foi mencionada por Winston Churchil, ex-primeiro-ministro britânico, durante discurso nos Estados Unidos, em 1946.

  • Foi usada para entender a barreira ideológica existente entre os dois blocos.

  • O controle da União Soviética sobre as nações do Leste Europeu se ampliou por meio de ações como o Comecon e o Pacto de Varsóvia.

  • Um dos símbolos dessa polarização foi o Muro de Berlim, construído em 1961 e derrubado em 1989.

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O que significa a expressão cortina de ferro?

Quando se fala da cortina de ferro, metaforicamente, refere-se ao bloco socialista no Leste Europeu. As nações socialistas da Europa se estabeleceram após a Segunda Guerra Mundial, e, no contexto da Guerra Fria, estavam sob a influência direta da União Soviética. A expressão tem um caráter pejorativo e era usada pelas potências capitalistas para referir-se aos países socialistas.

Assim, a fronteira ideológica que existia entre a Europa Ocidental e a Europa Oriental foi metaforicamente definida como uma cortina de ferro, deixando bem evidente a ordem bipolar que existia durante o período da Guerra Fria. Essa fronteira ideológica, muitas vezes, deixou de ser apenas ideológica e se transformou em barreiras físicas entre nações de diferentes orientações ideológicas.

Assim, os países sob a cortina de ferro são os que estavam sob a influência ideológica da União Soviética, e o termo era usado para explicar o controle que o governo de Moscou realizava sobre as nações socialistas para mantê-las fechadas a qualquer influência do capitalismo.

Origem da expressão cortina de ferro

O termo cortina de ferro é atribuído a um discurso realizado por Winston Churchill durante viagem dele pelos Estados Unidos. Churchill era ex-primeiro-ministro britânico, ficando famoso por liderar o país durante os anos da Segunda Guerra Mundial. Esse seu discurso é entendido por muitos como o que deu início à Guerra Fria.

O famoso discurso foi intitulado The Sinews of Peace e realizado por Churchill no dia 5 de março de 1946, no Westminster College, em Fulton, cidade do estado de Missouri, nos Estados Unidos. No discurso, Churchill anunciava que uma cortina de ferro teria se estabelecido na Europa e criticava a influência da União Soviética sobre as nações do Leste Europeu.

Ao longo da primeira metade do século XX, o termo cortina de ferro foi usado em outros contextos como forma de se referir à Rússia/União Soviética. Uma das pessoas que o usaram foi Joseph Goebbels, proeminente membro do Partido Nazista, que afirmou que uma cortina de ferro desceria pela Europa com o avanço soviético. O próprio Churchill já havia usado o termo para mencionar a União Soviética durante o período da Segunda Guerra Mundial.

Comecon e Pacto de Varsóvia

Vimos, portanto, que a cortina de ferro foi um termo que se popularizou para explicar o controle dos soviéticos sobre as nações socialistas do Leste Europeu. A partir da década de 1950, o controle soviético sobre esse bloco se expandiu por conta de uma série de ações tomadas pelo governo soviético em resposta às ações dos Estados Unidos na Europa Ocidental.

O governo de Moscou, por exemplo, estabeleceu o Comecon, o programa de auxílio econômico para as nações socialistas do Leste Europeu, como forma de garantir a recuperação econômica delas no pós-guerra. Esse programa foi uma resposta ao Plano Marshall, pelo qual o governo norte-americano garantiu auxílio econômico aos países da Europa Ocidental.

Além disso, a União Soviética, em resposta à criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), organizou o Pacto de Varsóvia, uma aliança militar que contava com a participação de algumas nações do bloco socialista. O Pacto de Varsóvia é entendido como um acordo que reduziu a soberania das nações socialistas, pois permitia a presença de tropas soviéticas em seu território.

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Muro de Berlim

A divisão entre os blocos de nações socialista e capitalista teve no Muro de Berlim o seu grande símbolo. Esse muro foi construído a mando do governo da Alemanha Oriental (socialista) e da União Soviética com o objetivo de isolar Berlim Ocidental, capital da Alemanha Ocidental (capitalista).

Esse isolamento era para garantir o fim da fuga de cidadãos da Alemanha Oriental, que se mudavam para Berlim Ocidental, atraídos pela prosperidade econômica e maior liberdade política. O Muro de Berlim foi construído na passagem do dia 12 para o dia 13 de agosto de 1961, separando as duas Alemanhas por quase 30 anos.

Com um tempo, toda uma estrutura de vigilância foi construída para impedir que as pessoas atravessassem para Berlim Ocidental. A queda do Muro de Berlim aconteceu em 1989, sendo o grande símbolo da Unificação Alemã, da queda do bloco socialista e do fim da Guerra Fria.

  • Videoaula sobre o Muro de Berlim

Créditos da imagem:

[1] Olga Popova e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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