Governo-Geral

O período conhecido como Governo-Geral no Brasil ocorreu de 1548 a 1572 e foi instituído pelo rei D. João III, com objetivo de centralizar a administração.

Retrato de D. João III, rei de Portugal, que criou o Governo-Geral, em 1548.
Retrato de D. João III, rei de Portugal, que criou o Governo-Geral, em 1548.

O Governo-Geral foi a forma política e administrativa encontrada por Portugal, em 1548, para administrar sua colônia Brasil, que, após ser “descoberto”, em 1500, ficou alguns anos sem gerar interesse/lucros aos colonizadores, ainda em busca das Índias. Foi só depois de fracassarem na tentativa de formar um reino no Marrocos que as atenções colonizadoras se voltaram para a América.

O Governo-Geral foi instalado pelo rei D. João III por meio do Regimento. Seus principais objetivos eram: centralizar a administração, expulsar invasores de outros países e conter revoltas indígenas. Tomé de Sousa, Duarte da Costa e Mem de Sá foram, respectivamente, os três primeiros — e únicos — governadores-gerais. O primeiro fundou a primeira capital brasileira, Salvador. Depois do governo de Mem de Sá, o Brasil foi dividido em Norte e Sul para ser governado.

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Resumo sobre o Governo-Geral

  • Governo-Geral foi o modelo administrativo implementado por D. João III, rei de Portugal, na colônia Brasil para centralização bem como a contenção de conflitos internos e invasões externas.

  • Seu objetivo era gerar mais lucros para a Coroa, tendo em vista que as capitanias hereditárias não deram certo e esgotaram-se os caminhos para as Índias.

  • Dessa forma, Portugal precisava arranjar novas formas de obter ganhos e, por isso, voltou seus olhos para o Brasil, que precisava ser organizado para extração de pau-brasil.

  • Tomé de Sousa, Duarte da Costa e Mem de Sá foram os três governadores-gerais. O primeiro, mais conhecido, entre outras coisas, fundou Salvador, que se tornou a capital.

Antecedentes do Governo-Geral

O Brasil, a partir de 1500, quando começou a ser ocupado por portugueses, não constituiu imediatamente uma forma de governo própria. Era uma colônia “pouco habitada” (do ponto de vista dos colonizadores, pois indígenas estavam aqui há tempos), com alguns focos de europeus morando no litoral. Por isso, só a partir de 1530 demarcamos o período chamado Brasil Colônia ou Brasil Colonial.

Os portugueses, a princípio, não deram muita atenção para essas novas terras, pois estavam concentrados na exploração da Índia. Foi só quando não conseguiram mais fazer negociações por lá, que se voltaram para cá. Até 1530, eles só extraíam daqui o pau-brasil.

A partir daí, começaram, então, a formular uma configuração de governo que correspondesse a objetivos administrativos, políticos e econômicos. Assim, tivemos as capitanias hereditárias, que consistiam em divisões de terras, feitas pelo rei D. João III, na América. Foram 15 faixas “doadas”, cada uma para um interessado (donatário), que deveria administrá-la, mas não tinha sua posse.

Em pouco tempo (de 1530 a 1548), percebeu-se que esses donatários não conseguiam administrar os territórios, e alguns sequer tinham interesse, já que poucas capitanias progrediram economicamente. Eles tinham o dever de protegê-las também de estrangeiros de toda sorte e de indígenas, o que muitos não conseguiram fazer. Dessa forma, um novo modelo precisou ser planejado: o Governo-Geral.

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Como foi a implementação do Governo-Geral?

A implantação do Governo-Geral aconteceu a partir da emissão, pelo rei, do Regimento, documentação que determinava e detalhava o que seria o Governo-Geral, em 1548. Essa nova administração deveria ser implementada a partir de então.

Assim sendo, um ano depois, teve-se o primeiro governador-geral: Tomé de Sousa, vindo de Portugal com vários homens, em 1549, com a missão de administrar, centralizar e organizar melhor a exploração na colônia após o fracasso das capitanias hereditárias e a inviabilização do comércio na Índia.

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Quais as características do Governo-Geral?

A instituição do Governo-Geral teve como um dos objetivos, justamente, a centralização política e administrativa, logo, essa é também sua principal característica.

O governador-geral era encarregado em solucionar dificuldades de toda ordem no país, que, por ainda não ter sido alvo desse tipo de orientação, não era minimamente unificado. Por essa razão, uma das primeiras ações do primeiro governante foi fundar uma capital: Salvador, na Bahia, em 1549.

Ao longo do tempo, o próprio ritmo de povoamento exigiu fundações de novas vilas e cidades, além de fortes e demais edificações. Economicamente, precisava-se garantir lucros para a Coroa na extração do pau-brasil e demais explorações agrícolas (havendo o início do cultivo da cana-de-açúcar).

No trato com indígenas, necessitava-se alcançar a paz (com ajuda de padres, muitas vezes) ou evitar maiores revoltas, eliminando as contestações por meio da guerra. Nas relações externas, era preciso defender todo o território contra invasões estrangeiras (que não fossem as de Portugal).

Além dessa figura com tantos poderes e deveres, o governador-geral era acompanhado de outros dirigentes, com funções diretamente ligadas às suas próprias características. Eram eles: o ouvidor-mor, o capitão-mor, o alcaide-mor e o provedor-mor. O primeiro era o responsável jurídico; o segundo tinha responsabilidades militares (defesa externa); o terceiro deveria proteger a população (defesa interna); e o último tinha atribuições relacionadas à Fazenda, ou seja, às finanças portuguesas/brasileiras.

Existiam também as Câmaras Municipais, que tinham como principal função a cobrança de impostos. Uma divisão ficou estabelecida: os governadores-gerais eram representantes da metrópole, e os componentes das Câmaras Municipais (vereadores eleitos em cada vila), da colônia. Em muitos casos, essa separação gerou levantes por parte dos colonizados.

Governantes do Governo-Geral

O primeiro Governo-Geral foi o de Tomé de Sousa (1549 a 1553) e tinha como missão econômica tornar a colônia Brasil mais lucrativa para a Coroa portuguesa. Para tal, eram necessárias medidas políticas: centralizar a administração, povoar o território, e conter invasores externos bem como levantes internos. Foi isso que, não só Tomé de Sousa, como também, depois, Duarte da Costa (1553 a 1558) e Mem de Sá (1558 a 1572) fizeram (ou tentaram fazer), durante seus comandos, que variaram de quatro, cinco ou 15 anos, como veremos com mais detalhes a seguir.

  • Tomé de Sousa

Tomé de Sousa administrou o Brasil como governador-geral entre 1549 e 1553. Em apenas quatro anos, ganhou a notoriedade percebida nos livros de História. Não só por ter sido o primeiro a implementar essa nova forma administrativa mas também por ter vindo para cá com muitas pessoas (cerca de 1000), que trabalhariam na colônia. Destacou-se, ainda, pela boa relação com padres jesuítas, que trouxe junto aos seus homens e com os quais contou para catequizar e conter indígenas revoltosos.

Foi ele quem fundou Salvador. A cidade foi a capital brasileira até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.

  • Duarte da Costa

O período sob a direção de Duarte da Costa, de 1553 a 1558, foi fortemente marcado pelas invasões francesas e por grandes insubordinações indígenas. Na região do Recôncavo Baiano, ele entrou em batalhas contra os índios, porém elas se espalharam a ponto de não ser possível contê-las.

Ele se destacou também porque liderou buscas por recursos minerais e metais preciosos. Entretanto, sua grande fama veio pelo embate que ele e seu filho tiveram com o bispo Pedro Fernandes Sardinha, que o chamava de autoritário. A Coroa, após tais denúncias do clérigo, teve de verificar sua administração, e, em 1558, Duarte da Costa, depois de cinco anos como governador-geral, foi substituído por Mem de Sá.

  • Mem de Sá

Mem de Sá governou de 1558 a 1572. Ele tinha uma missão bem explícita, dada por D. João III: expulsar os franceses e conter insurgências indígenas, ou seja: tudo o que seu antecessor não tinha conseguido a contento. E assim o fez!

Sua primeira ação foi para impedir que franceses se instalassem de vez no Rio de Janeiro, o que tentavam havia um bom tempo. Para isso, seu sobrinho, Estácio de Sá, construiu uma base militar onde viria a ser a cidade de São Sebastião.

Em relação aos índios, contou com a ajuda dos padres jesuítas para selar um acordo de paz, ao menos com a etnia dos tamoios (o que já era grande coisa, pois eles eram numerosos e fortes). Lidou também com uma epidemia de varíola ao longo de seus 15 anos no poder. Ele mesmo foi quem decidiu deixar o governo e retornar à terra natal.

Fim do Governo-Geral

Oficialmente, o Governo-Geral só foi extinto no ano de 1808, quando a família real chegou ao Brasil. Contudo, outras configurações de “governos-gerais” tomaram forma como a que veio imediatamente depois: a divisão do país em Norte e Sul, com uma sede em Salvador e outra no Rio de Janeiro.

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Exercícios resolvidos sobre o Governo-Geral

Questão 01

(UEL-PR) A centralização político-administrativa do Brasil colônia foi concretizada com a:

a) criação do Estado do Brasil

b) instituição do Governo-Geral

c) transferência da capital para o Rio de Janeiro

d) instalação do sistema das Capitanias Hereditárias

e) política de descaso do governo português pela atuação predatória dos bandeirantes

Resposta:

Letra B. Como visto no texto, a instituição do Governo-Geral teve como um dos objetivos, justamente, a centralização política e administrativa.

Questão 02

(Uerj) O Estado português reproduziu no Brasil duas feições metropolitanas, possibilitando uma permanente tensão entre as forças sociais dos poderes locais e as forças de centralização do absolutismo.

As instituições que exerciam a administração local e central no Brasil colônia eram, respectivamente:

a) vice-reinado e capitania hereditária

b) câmara municipal e governo-geral

c) capitania geral e província

d) cabildo e capitania real

Resposta:

Letra B. A câmara municipal e o governo-geral foram duas das formas de Portugal trazer seu poder de metrópole para o Brasil, o que também trouxe conflitos entre governadores-gerais representantes da Cora e centralizadores e forças locais da colônia.

Por: Mariana de Oliveira Lopes Barbosa

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