Clarice Lispector

Clarice Lispector foi uma das principais escritoras do Modernismo brasileiro. Suas obras são marcadas pelo estilo intimista.

Estátua, no Rio de Janeiro, da escritora Clarice Lispector com seu cachorro.*

Clarice Lispector foi uma importante escritora modernista brasileira. Sua obra é lembrada como uma das melhores representações do estilo literário intimista, com narrativas que tematizam a vida cotidiana e, principalmente, o perfil e os conflitos psicológicos das personagens.

Uma de suas obras mais conhecidas é A hora da estrela, história protagonizada por Macabéa, uma migrante nordestina que vive no Rio de Janeiro. A autora viveu 56 anos (1920-1977) e publicou dezenas de obras que são verdadeiros marcos na literatura do Brasil.

Biografia

Clarice Lispector, apesar de ter nascido na Ucrânia, em 1920, considerava-se brasileira. A autora mudou-se com a família para o Brasil quando tinha apenas dois anos. Segundo a própria Clarice, ela nunca havia, de fato, pisado na Ucrânia, pois ainda era um bebê de colo quando saiu do país.

A migração da família, que fugia da pobreza causada pela Guerra Civil Russa e da perseguição religiosa (eles eram judeus), trouxe Lispector para Maceió e, pouco depois, para o Recife. Na capital pernambucana, a escritora viveu até os quatorze anos, quando passou a viver no Rio de Janeiro, lugar que permaneceu o maior período da vida.

A infância no Recife rendeu memórias que, posteriormente, serviram de inspiração para algumas obras da escritora. No conto Felicidade Clandestina, por exemplo, conhecemos a história de uma criança moradora de Recife que era apaixonada por Monteiro Lobato. Do mesmo modo, a autora também cresceu nas ruas da cidade e tão logo se encantou com as narrativas do autor do Sítio do Picapau Amarelo. Veja, a seguir, o trecho em que se conta a relação da personagem central do conto com o livro de Lobato:

“Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.” (Clarice Lispector, conto Felicidade Clandestina)

Clarice Lispector publicou seu primeiro livro, Perto do Coração Selvagem,  em 1943, com o qual recebeu o prêmio da Fundação Graça Aranha de melhor livro de estreia. É desse romance uma das frases mais citadas pelos admiradores da escritora:

“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome”. 

Além de escritora de literatura, Clarice Lispector também trabalhou como jornalista e diplomata, teve dois filhos e marcou para sempre a cultura brasileira. No dia 09 de dezembro de 1977, vitimada por um câncer no ovário, a autora faleceu.

Estilo

Clarice Lispector atrela-se ao movimento modernista ao lado de outros grandes escritores, como Cecília Meireles, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius de Moraes.

Seu estilo é conhecido como intimista, pois tematiza o psicológico das personagens, que, em alguns casos, passam por processos de epifania – uma espécie de reconhecimento de alguma verdade sobre si ou sobre o mundo.

Obras

As principais obras de Clarice Lispector são:

  • Perto do Coração Selvagem (1943)
  • O Lustre (1946)
  • A Cidade Sitiada (1949)
  • Laços de Família (1960)
  • A Maçã no Escuro (1961)
  • A Legião Estrangeira (1964)
  • A Paixão segundo G.H. (1964)
  • O mistério do coelho pensante (1967)
  • A mulher que matou os peixes (1968)
  • Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
  • Água Viva (1973)
  • A vida íntima de Laura (1974)
  • O Ovo e a Galinha (1977)
  • A Hora da Estrela (1977)
  • Um Sopro de Vida (1978)
  • Quase de verdade (1978)
  • A Bela e a Fera (1979)
  • Como nasceram as estrelas (1987)

*Créditos da imagem: Simon Mayer / Shutterstock.com

Por: Me. Fernando Marinho

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