O grande terror stalinista

Durante os anos de 1936 e 1939, ocorreu a fase denominada de o grande terror stalinista, que resultou em perseguições, prisões e execuções de milhares de pessoas.

Josef Stalin foi um dos ditadores mais sanguinários da história humana

Durante muitas décadas, a imagem do ditador soviético Josef Stalin esteve, nos países democráticos ocidentais, mergulhada em uma atmosfera permeada de fascínio e idolatria. A simpatia com o stalinismo acontecia principalmente entre os intelectuais contemporâneos da Segunda Guerra Mundial associados às ideologias de esquerda. Os motivos para isso estavam, sobretudo, na colaboração da URSS na luta contra o nazifascismo, junto aos aliados, e na eficientíssima propaganda comunista que se alastrava pelos países ocidentais, criando uma imagem heroica de Stalin e ocultando todos os seus crimes.

Após a morte de Stalin, em março de 1953, seu sucessor, Nikita Krushchov, deu início ao que ficou conhecido como o período de “desestalinização” da União Soviética. O objetivo era, sobretudo, desassociar a imagem da URSS da figura de Stalin, cujas ações seriam reveladas aos poucos para todo o mundo, haja vista que os depoimentos de sobreviventes das perseguições stalinistas com a abertura dos arquivos secretos da URSS a pesquisadores estrangeiros acabariam deitando por terra a imagem sacralizada do ditador.

Entre os crimes de Estado mais impactantes cometidos por Stalin estão o Holodomor (1932-1933), isto é, a morte por fome que as forças policiais da URSS provocaram na Ucrânia durante o processo de confisco das terras cultiváveis; os campos de concentração para trabalhos forçados nos Gulags, que estiveram em atividade até a década de 1950; e a fase do Grande Terror, ocorrida entre os anos de 1936 e 1939, portanto, nos anos que antecederam a Segunda Guerra.

Na fase do Grande Terror, Stalin, que já havia ordenado às polícias políticas GPU e NKVD o assassinato de centenas de opositores políticos, voltava-se agora para a perseguição de cidadãos comuns e dos próprios membros de seu aparato estatal, inclusive membros das polícias políticas. Conta o historiador Norman Davies que:

[…] Depois de ter matado todos os seus rivais do círculo bolchevique original, Stálin abandonou o massacre dos 'inimigos sociais' e dos seus opositores políticos, voltando-se para a aniquilação dos seus próprios apoiadores. Durante o Grande Terror de 1936-39 dedicou-se ao assassínio em massa totalmente gratuito. Nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, Stálin ordenara ao GPU que matasse por quotas aleatórias. Milhares e milhares de cidadãos inocentes foram executados depois de terem sido forçados a denunciar outros, que seriam, por sua vez, também executados.” [1]

O objetivo de Stalin era gerar uma atmosfera de autocensura e de histeria, atmosfera essa que seria empregada no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra. Tais como os cidadãos, que se viam obrigados a delatarem-se uns aos outros, os soldados, durante a guerra, eram obrigados a fazer o mesmo. Diz ainda Davies que:

E o ciclo de falsas denúncias e de assassínios prosseguiu como uma bola de neve até ameaçar paralisar todo o país. Em seguida, Stálin denunciou o seu principal assassino, o comandante da GPU Nicolai Yezhov (1895-1940) que matara o seu antecessor, Gerinkh Uagoda (1891-1938), e que foi então prontamente assassinado por Lavrentti Beria, um louco pervertido, o comandante de serviços de segurança soviéticos no tempo da guerra e responsável pela vaga seguinte de assassinos ao serviço do ditador. Instalou-se um clima de medo no qual literalmente ninguém, nem mesmo Beria, se podia sentir seguro.” [2]

Além de historiadores da Segunda Guerra, como Davies, outros autores dedicaram-se especificamente à investigação desse período da URSS. O maior exemplo é a obra “O grande terror: os expurgos de Stalin”, de Robert Conquest. Os estudos dos crimes stalinistas permitem aos historiadores assinalarem uma série de semelhanças entre o totalitarismo praticado na Alemanha nazista e aquele praticado na União Soviética.

NOTAS

[1] DAVIES, Norman. A Europa em Guerra. Lisboa: Edições 70, p. 202.

[2] Idem. p. 202.

Por: Cláudio Fernandes

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