Vargas e o Brasil na II Guerra Mundial

O abrigo abandonado em Fernando de Noronha evidencia o apoio brasileiro na II Guerra Mundial

Um dos principais fatos históricos pelos quais passou o governo ditatorial de Getúlio Vargas e que ilustra a admiração das autoridades do Estado Novo pelo fascismo foi a II Guerra Mundial. O conflito mundial em que se opuseram as forças do Eixo e os Aliados mostrou também algumas oscilações nas decisões do ditador.

Vargas há algum tempo vinha estreitando relações com a Alemanha, com o objetivo de atrair investimentos do capital alemão para o Brasil, principalmente na área da siderurgia, um dos pilares de sua política industrial. A estrutura do Estado fascista de Mussolini, na Itália, tinha forte influência na organização do Estado Novo, principalmente o corporativismo e a legislação trabalhista, muito semelhante aos princípios expostos na Carta del Lavoro italiana.

Além disso, havia a notória admiração pelos países do Eixo por parte de Felinto Müller, chefe de polícia, Lourival Fontes, do DIP, Francisco Campos, ministro da Justiça, e o general Dutra, chefe do estado-maior do exército, figuras destacadas da ditadura de Vargas.

Por outro lado, a localização geográfica brasileira e as relações existentes com alguns países Aliados levavam outros membros do Estado Novo a se posicionarem a favor das democracias representativas ocidentais, como Osvaldo Aranha, Ministro do Exterior e ex-embaixador em Washington. Essa divisão interna levou inicialmente o Brasil a adotar uma postura de neutralidade na II Guerra Mundial.

Mas em algum momento seria necessário um posicionamento claro. Em 11 de junho de 1940, Vargas realizou um discurso em que saudava as vitórias alemãs na Europa, inclusive a ocupação da França. Frente a isso, o governo dos EUA viu a necessidade de estreitar os laços com o Brasil e assim evitar que a Alemanha conseguisse um aliado no continente americano. Em setembro de 1940, os EUA concederem um empréstimo de 20 milhões de dólares para a construção da siderúrgica de Volta Redonda, no Rio do Janeiro. Esta e outras medidas de aproximação com vários países eram uma preparação para a entrada dos estadunidenses na II Guerra, o que ocorreria em dezembro de 1941, após o ataque japonês a Pearl Harbor. A pressão dos EUA sobre o Brasil crescia, levando Vargas a romper relações diplomáticas com os países do Eixo em janeiro de 1942.

O Brasil, por sua vez, só declararia guerra ao Eixo em agosto de 1942, após alguns submarinos alemães afundarem navios brasileiros. A preparação militar brasileira iniciou-se com a organização da Força Expedicionária Brasileira (FEB), formada por uma divisão de infantaria composta por 25 mil homens, conhecidos como pracinhas, que combateram sob as ordens do Alto Comando Aliado, como o fez também a Força Aérea Brasileira (FAB). Os combates de solo ocorreram na Itália contra tropas alemãs de segunda linha, mal equipadas e desabastecidas. Já a FAB lutou contra os aviões alemães nos céus da Itália e da Holanda.

Outras formas de apoio brasileiro foram verificadas. No aspecto logístico do conflito mundial, o Brasil cedeu partes do litoral nordestino para a instalação de bases militares (Belém, Natal, Recife, Salvador e outras) devido à importância estratégica dessa região, projetando-se em direção à África. Houve também a cooperação produtiva, com o fornecimento de matérias-primas como borracha e minério de ferro.

Era a primeira vez que tropas latino-americanas combatiam em um importante conflito em solo europeu, e os pracinhas conseguiram um satisfatório desempenho, criando as condições para serem tratados como heróis em sua volta ao país. A II Guerra Mundial trouxe ainda outras consequências para o Brasil. Além de Volta Redonda, Vargas conseguiu créditos para recuperação de jazidas de ferro e da ferrovia Vale do Rio do Doce. Entretanto, o combate às ditaduras europeias iria suscitar críticas à sua própria ditadura em solo brasileiro.

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Por: Tales Pinto

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