Economia cafeeira na República Oligárquica

A economia cafeeira proporcionou o enriquecimento dos latifundiários e a formação de fazendas como a da foto acima

A República Oligárquica representou o controle do aparelho de Estado pela oligarquia rural, principalmente os cafeicultores do sudeste brasileiro. Com a autonomia concedida aos governadores, através da política dos governadores e outros mecanismos de poder, estes cafeicultores puderam utilizar a estrutura política do Estado para criar as condições necessárias ao desenvolvimento da economia cafeeira.

Após os dois primeiros governos militares da República – Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894), os grandes fazendeiros paulistas e mineiros puderam realizar durante a presidência de Prudente de Morais a transição para os governos civis. O principal desafio a ser enfrentado pelos governos subsequentes era estabilizar a economia e manter a lucratividade da produção cafeeira brasileira.

A crise econômica tinha origens nos primeiros governos da República, ocasionando inflação e um aumento da dívida externa com os credores internacionais. Para enfrentar esta situação, o governo Campos Salles (1898-1902) conseguiu realizar um acordo com os banqueiros internacionais, conhecido como funding loan. Através dele o governo brasileiro refinanciava a dívida externa através de novos empréstimos. Em troca se comprometia a combater a inflação, a penhorar receitas alfandegárias do Rio de Janeiro, da Estrada de Ferro Central do Brasil e do abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro.

Os governos brasileiros conseguiram conter a inflação durante um período e estabilizar a economia, mas isto à custa da eliminação de parte do papel-moeda, o mil-réis, além de criar taxas cambiais que valorizavam a moeda frente à libra esterlina, moeda britânica que servia como referência de valor no mercado monetário internacional. O resultado no longo prazo foi a diminuição de moeda corrente no país, o que impedia as pessoas, principalmente os grupos sociais mais pobres, de adquirirem produtos no mercado interno. Já a moeda valorizada no mercado externo facilitava a importação de produtos, diminuindo o interesse nos investimentos produtivos. Tal situação diminuía os postos de trabalho fora da economia cafeeira, criando um círculo vicioso prejudicial à população pobre do país.

Porém, os preços do café no mercado internacional também estavam caindo. Para evitar essa situação, os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os estados produtores de café, reuniram-se na cidade paulista de Taubaté, em 1906, para encontrar uma solução. Decidiram que os três estados passariam a comprar a totalidade da produção de café a um preço fixado com antecedência, criando estoques do produto e controlando os preços através da venda de acordo com a demanda. Esse acordo, que valorizava o café no mercado internacional, ficou conhecido como Convênio de Taubaté.

Essa política de valorização do principal produto econômico brasileiro durante a República Oligárquica, que respondia por 70% das receitas cambiais do país, teve sucesso no início, mas criou problemas de difícil solução posteriormente. Para manter a compra da produção, os governos precisavam realizar constantes empréstimos em bancos estrangeiros, o que aumentava a dívida pública.

Como a compra era garantida, os fazendeiros estimulavam o aumento da produção com a expansão da área cultivada e a utilização da força de trabalho barata dos emigrantes. Por muitas vezes, o governo se viu obrigado a eliminar o café para que o mercado não ficasse saturado e, assim, seus preços caíssem. Dessa forma, o Estado arcava com os prejuízos para garantir o lucro privado dos fazendeiros, criando uma situação contraditória: mantinha a ordem econômica e política da oligarquia, ao mesmo tempo em que enfraquecia o instrumento de manutenção desta ordem, o Estado.

Apesar de ser o maior produtor mundial de café, o Brasil não era o único. Com os altos preços, mais países passaram a produzir, fazendo o preço do café cair. Essa situação levou a proposta do Convênio de Taubaté ao fracasso, e o Estado brasileiro, ao endividamento. A dependência dos preços do mercado mundial, estipulados pela Bolsa de Nova Iorque, cobraria sua fatura em 1929. A Crise de 1929 derrubaria drasticamente o preço do produto, causando uma quebradeira generalizada entre os cafeicultores e atingindo profundamente a economia do país. Com esse fato, tinha fim a República Oligárquica no Brasil.

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Por: Tales Pinto

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