Rubem Fonseca

Rubem Fonseca foi um autor brasileiro de romances policiais. Suas narrativas pertencem à literatura contemporânea, e um de seus livros mais famosos é “Feliz ano novo”.

Rubem Fonseca, na da capa do livro “O melhor de Rubem Fonseca”, publicado com o selo Nova Fronteira, da Ediouro Publicações.
Capa do livro “O melhor de Rubem Fonseca”, publicado com o selo Nova Fronteira, da Ediouro. [1]

Rubem Fonseca nasceu em 11 de maio de 1925, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Mais tarde, fez faculdade de Direito, trabalhou como advogado, comissário de polícia, professor e relações públicas da Light, no Rio de Janeiro. No entanto, com o grande sucesso como escritor, decidiu se dedicar exclusivamente à literatura.

O romancista e contista, que faleceu em 15 de abril de 2020, no Rio de Janeiro, compôs obras cujas narrativas apresentam a violência explícita dos grandes centros urbanos e o vazio existencial da contemporaneidade, como é possível verificar em seu livro de contos Feliz ano novo.

Saiba mais: Ferreira Gullar — o poeta que evidencia a cruel realidade dos fatos sociais

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Rubem Fonseca

  • O autor brasileiro Rubem Fonseca nasceu em 1925 e faleceu em 2020.

  • Além de escritor, foi advogado, comissário de polícia e professor.

  • Suas obras fazem parte da literatura contemporânea brasileira.

  • Suas narrativas são marcadas pela violência e linguagem coloquial.

  • Um de seus livros mais conhecidos é Feliz ano novo.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Biografia de Rubem Fonseca

Rubem Fonseca (José Rubem Fonseca) nasceu em 11 de maio de 1925, em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais. Aprendeu a ler com quatro anos de idade e logo se apaixonou pela literatura. Com oito anos, o filho de imigrantes portugueses passou a viver no Rio de Janeiro, após a falência do negócio da família.

Com 12 anos de idade, começou a trabalhar como office boy. Mais tarde, fez faculdade de Direito e exerceu a advocacia por um tempo. Em 1952, passou a trabalhar como comissário de polícia (no setor de relações públicas), em São Cristóvão, bairro do Rio de Janeiro. Dois anos depois, cursou Administração de Empresas na Universidade de Nova Iorque.

De volta ao Brasil, foi professor de Administração de Empresas da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas. Também trabalhou no setor de relações públicas da Light, empresa de energia elétrica do Rio de Janeiro. Em 1963, iniciou a carreira de escritor com a publicação do livro Os prisioneiros.

O sucesso não demorou a chegar. Logo o escritor decidiu se dedicar exclusivamente à literatura e se tornou um artista avesso a fotos e entrevistas. Durante a Ditadura Militar, teve duas obras censuradas: Feliz ano novo e O cobrador. Após ganhar vários prêmios, faleceu em 15 de abril de 2020, no Rio de Janeiro.

Prêmios de Rubem Fonseca

  • Status de Literatura Brasileira (1978)

  • Kikito (1991)

  • Jabuti (1996)

  • Jabuti (2002)

  • Camões (2003)

  • Juan Rulfo (2003)

  • Manuel Rojas (2012)

  • Casino da Póvoa (2012)

  • Jabuti (2014)

  • Machado de Assis (2015)

Estilo literário do Rubem Fonseca

Rubem Fonseca foi um autor da literatura contemporânea brasileira. Suas narrativas são marcadas pela linguagem objetiva e cotidiana. Com temática policial, as histórias mostram a crua violência dos centros urbanos. Seus livros, portanto, trazem relatos realistas de ação e suspense.

Em suas obras, são evidenciadas a brutalidade, a hipocrisia e a corrupção humanas. Elas também denunciam o abuso de poder e as desigualdades sociais. E, apesar de o narrador aliviar o peso da realidade com humor e ironia, não pode disfarçar o profundo vazio existencial da contemporaneidade.

Leia também: Carolina Maria de Jesus — escritora brasileira cujas obras apresentam críticas sociais

Principais obras de Rubem Fonseca

  • Os prisioneiros (1963) — contos

  • A coleira do cão (1965) — contos

  • Lúcia McCartney (1969) — contos

  • O homem de fevereiro ou março (1973) — contos

  • O caso Morel (1973) — romance

  • Feliz ano novo (1975) — contos

  • O cobrador (1979) — contos

  • A grande arte (1983) — romance

  • Bufo & Spallanzani (1986) — romance

  • Vastas emoções e pensamentos imperfeitos (1988) — romance

  • Agosto (1990) — romance

  • Romance negro e outras histórias (1992) — contos

  • O selvagem da ópera (1994) — romance

  • O buraco na parede (1995) — contos

  • Histórias de amor (1997) — contos

  • E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto (1997) — romance

  • A confraria dos espadas (1998) — contos

  • O doente Molière (2000) — romance

  • Secreções, excreções e desatinos (2001) — contos

  • Pequenas criaturas (2002) — contos

  • Diário de um fescenino (2003) — romance

  • Mandrake, a Bíblia e a bengala (2005) — romance

  • Ela e outras mulheres (2006) — contos

  • O romance morreu (2007) — crônicas

  • O seminarista (2009) — romance

  • José (2011) — romance

  • Axilas e outras histórias indecorosas (2011) — contos

  • Amálgama (2013) — contos

  • Histórias curtas (2015) — contos

  • Calibre 22 (2017) — contos

  • Carne crua (2018) — contos

Análise literária da obra Feliz ano novo, de Rubem Fonseca

Capa do livro “Feliz ano novo”, de Rubem Fonseca, publicado com o selo Nova Fronteira, da Ediouro.
Capa do livro “Feliz ano novo”, de Rubem Fonseca, publicado com o selo Nova Fronteira, da Ediouro.

Feliz ano novo é um livro com 15 contos de Rubem Fonseca. Após a publicação, em 1975, a obra foi censurada pela Ditadura Militar por ser “contrária à moral e aos bons costumes”. Essa justificativa imprecisa buscava disfarçar o descontentamento do regime com toda obra que apresentava crítica social.

O conto que dá título ao livro conta a história de três criminosos. Um deles é o narrador, que faz o relato com uma linguagem explícita e usa palavrões. Ele descreve Pereba desta maneira: “[...] não tem dentes, é vesgo, preto e pobre”. Outro morador do “cafofo” é Zequinha, com quem o narrador já tinha assaltado um supermercado no Leblon:

Pra falar a verdade a maré também não tá boa pro meu lado, disse Zequinha. A barra tá pesada. Os homens não tão brincando, viu o que fizeram com o Bom Crioulo? Dezesseis tiros no quengo. Pegaram o Vevé e estrangularam. O Minhoca, porra! O Minhoca! Crescemos juntos em Caxias, o cara era tão míope que não enxergava daqui até ali, e também era meio gago — pegaram ele e jogaram dentro do Guandu, todo arrebentado.|1|

Eles vão até o apartamento de dona Candinha para pegar um pacote repleto de armas de fogo. O plano é, assim que o personagem Lambreta voltar, “estourar um banco na Penha”. O narrador revela que Lambreta já assaltou mais de 30 bancos e o “material” pertence a ele.

Os três estão com fome, não têm dinheiro, o “fumo acabou” e a “cachaça também”. Então decidem assaltar uma “casa bacana”. Saem, armados. Roubam um Opala. E acham “o lugar perfeito”. Colocam meias no rosto, para não serem reconhecidos. É uma festa de Ano-Novo, as pessoas “estavam bebendo e dançando num salão quando viram a gente”.

Então, iniciam o assalto. Mais tarde, Pereba tenta violentar uma mulher e a mata. Já o narrador mata um homem. Zequinha também mata um homem, por diversão, além de estuprar uma mulher. Os três então voltam para casa e deixam o pacote, com armas, joias e dinheiro com dona Candinha.

Também trouxeram da festa garrafas de bebida e comida. Então o narrador enche os copos e deseja a todos “que o próximo ano seja melhor”. Dessa forma, a narrativa mostra uma realidade crua e chocante, em que a violência e as diferenças sociais são coisas banais e cotidianas.

Frases de Rubem Fonseca

A seguir, algumas frases de Rubem Fonseca retiradas das crônicas “O romance morreu?”, “A pornografia começou com a Vênus de Willendorf?”, “Exitus letalis” e “Ambiguidades, simbolismos, metáforas, obscuridades, enigmas, alegorias”, do livro O romance morreu:

  • “Uma coisa talvez esteja acontecendo: a literatura de ficção não acabou, o que está acabando é o leitor.”

  • “Kafka escrevia para um único leitor: ele mesmo.”

  • “Por querer dizer o indizível e mostrar o invisível, os artistas começaram a sofrer na Idade da Pedra.”

  • “Coragem de criar — uma das maiores virtudes do ser humano.”

  • “Em matéria de leitura eu sou onívoro, ou polífago, se preferem.”

  • “Todo texto literário é, de certa maneira, uma charada a ser resolvida.”

Créditos de imagem

[1] Empresas Ediouro Publicações (reprodução)

[2] Empresas Ediouro Publicações (reprodução)

Nota

|1| FONSECA, Rubem. Feliz ano novo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

Por: Warley Souza