A história da criação do Estado de Israel é um dos assuntos que mais geram polêmica nas discussões entre historiadores, cientistas sociais e jornalistas. Isso se dá pelo fato de que a porção de terras onde Israel foi construído situa-se na região da Palestina, de modo que os muçulmanos que habitavam essa região não conseguiram, de igual modo, formar um Estado para si. As razões para tanto estão relacionadas com o conflito étnico/religioso entre palestinos e judeus.
É sabido que, na Idade Antiga, os judeus conseguiram formar um reino na região do atual Estado de Israel. Essa região é tida tradicionalmente pelos judeus como a “Terra Prometida” por Deus e onde seriam realizadas todas as promessas divinas. É sabido também que o reino dos judeus sempre foi fustigado por outros povos, como assírios, egípcios, babilônios e romanos. Foram esses últimos que transformaram a região do Oriente Médio em uma de suas províncias e a ela deram o nome de Palestina. A partir de então, uma gigantesca parcela da população judaica dispersou-se pelo mundo (sobretudo pelo continente europeu), naquilo que ficou conhecido como diáspora.
À medida que os séculos corriam, os judeus dispersos pela Europa procuravam adaptar-se às singularidades regionais, preservando, contudo, sua tradição religiosa. Desse modo, várias comunidades judaicas foram surgindo em regiões como Holanda, Alemanha, Suíça, Rússia e Espanha, onde conseguiram estruturar-se em negócios relacionados com o comércio e finanças. Todavia, logo na Idade Média, surgiu o antissemitismo (aversão ao povo judeu), tendo se revelado com maior agitação em episódios como o da Peste Negra, diante do qual populações inteiras de judeus foram massacradas por terem sido consideradas provocadoras da moléstia. As teses antissemitas prosseguiriam nos séculos seguintes, de modo que, no século XIX, um judeu húngaro chamado Theodor Herzl passou a idealizar um retorno dos judeus para a região da Palestina, na qual teriam a possibilidade de não mais viveram dispersos e sem organização social, política e jurídica definida. O movimento encabeçado por Herzl ficou conhecido como sionismo.
A região da Palestina, até 1922, pertencia ao Império Otomano. Não existia um Estado árabe palestino definido na região, tampouco algo semelhante a um Estado judaico. O primeiro impulso no sentido da construção de uma nação judaica foi a compra de terras dos otomanos. Essas terras seriam destinadas aos primeiros assentamentos de judeus na Palestina. Em 1901, foi criado o KKL (Karen Kayemet LeIsrael), ou Fundo Nacional Judaico, órgão que passou a arrecadar as doações para a compra de terras e agenciar a emigração dos primeiros judeus europeus para a Palestina.
Ocorreu que, com a erupção da Primeira Guerra Mundial (1914-18), o Império Otomano acabou por ser progressivamente deteriorado. Em 1922, toda a extensão de terras antes pertencentes aos otomanos passou a ser dividida entre os próprios muçulmanos, que queriam construir Estados livres (como foi o caso da Turquia), e entre os países vencedores da guerra. Um dos países vencedores foi a Inglaterra, que passou a administrar a região da Palestina por meio da criação do Mandato Britânico da Palestina. Foi, portanto, com os ingleses que os judeus continuaram a negociar a construção do Estado de Israel. O problema é que sobreveio, nas décadas de 1930 e 1940, o nazismo e a Segunda Guerra Mundial e, com isso, aquilo que já conhecemos: a perseguição, prisão e extermínio de milhões de judeus em campos de concentração.
Após a Segunda Guerra e a exposição de seus horrores, os representantes do sionismo aceleraram o processo da criação do Estado Judaico, dessa vez tutelado pela recém-criada Organização das Nações Unidas – ONU. A ideia originária era criar um Estado judaico que não comprometesse, no entanto, as comunidades de árabes muçulmanos que também residiam na Palestina. Entretanto, nessa mesma época, foi criada a Liga Árabe, uma associação entre países que se formaram após a dissolução do Império Otomano e que explicitamente não reconheciam a existência de um Estado judaico na Palestina. Entretanto, em 1948, o Estado de Israel foi reconhecido pela ONU e passou a existir formalmente. Nesse contexto, países como o Egito, Líbano, Síria e Arábia Saudita (membros da Liga Árabe) confrontaram-se com essa decisão e passaram a se digladiar contra os judeus naquela que ficou conhecida como Primeira Guerra Árabe-Israelense.
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