Ferrovias e o café no Império de D. Pedro II

Durante o Segundo Reinado, houve a conjugação das ferrovias e o café, auxiliando na modernização e crescimento econômico do país.

D. Pedro II na inauguração do Túnel da Mantiqueira da Estrada de Ferro que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Fotografia de Marc Ferrez (1843-192

Durante o reinado de D. Pedro II, o Brasil conheceu o início de seu processo de modernização econômica e social, principalmente impulsionado pelos grandes ganhos auferidos com a exportação do café. Foi a produção cafeeira que também proporcionou o surgimento de um dos principais símbolos da modernização do período: as ferrovias.

A primeira ferrovia foi inaugurada no Brasil em 1854, ligando o porto de Mauá, na Baía de Guanabara, à Serra da Estrela, com o objetivo de chegar a Petrópolis e ao Vale do Paraíba. Essa foi uma das iniciativas de um dos principais empresário brasileiros do Império, o Barão de Mauá. Mas economicamente essa ferrovia não gerou muitos resultados positivos.

O objetivo de construção das ferrovias era agilizar o escoamento da produção de café, diminuindo o tempo de transporte entre os locais de produção e os portos de onde a mercadoria era exportada. As ferrovias eram uma das condições gerais de produção necessárias ao crescimento econômico do país. Por isso, atraíram uma grande quantidade de capital estrangeiro para suas construções, principalmente inglês.

Em 1864, foi inaugurada a Ferrovia Pedro II, depois chamada de Central do Brasil, que pretendia também ligar o Rio de Janeiro a São Paulo, através do Vale do Paraíba, região produtora de café. Mas o maior número de ferrovias construídas ocorreu no estado de São Paulo, seguindo a expansão da lavoura cafeeira para o Oeste paulista.

A primeira ferrovia paulista foi a Santos-Jundiaí, também conhecida como São Paulo Railway, inaugurada em 1867 e que contribuiu para diminuir em um terço os custos com o transporte do café. Sua construção foi extremamente difícil do ponto de vista técnico, principalmente no trecho da Serra do Mar. A partir da década de 1870, outras ferrovias surgiram em São Paulo, como a Paulista, a Mogiana e a Sorocabana, sendo boa parte delas financiada e propriedade dos grandes fazendeiros de café do estado.

Mas as ferrovias não impactaram apenas no aspecto econômico do transporte do café. A ferrovia Mogiana, por exemplo, estendeu-se para além das fronteiras do estado de São Paulo, integrando comercialmente o Triângulo Mineiro ao mercado paulista. As ferrovias mudaram a paisagem natural dos locais em que foram implantadas, integrando territorialmente diversas regiões.

Além disso, a construção de ferrovias colocou a população em contato com as inovações técnicas desenvolvidas pelo capitalismo durante o século XIX. Novos estilos arquitetônicos foram utilizados principalmente na construção das estações, mudando em muitos casos as formas de construção anteriormente adotadas. As cidades em que estavam localizadas as estações foram transformadas, bem como algumas foram construídas em função dessas ferrovias.

A integração entre a cafeicultura e as ferrovias auxiliou ainda na constituição das bases da industrialização do estado de São Paulo, em razão principalmente do desenvolvimento comercial e da acumulação de capital conseguido com o aumento da produtividade.

Apesar de os grandes investimentos em ferrovias terem sido há muito tempo abandonados, até hoje em algumas cidades e regiões, as ferrovias, ou o que sobrou delas, comportam uma relevância histórica, memorial e simbólica muito importante, sendo significativas na formação das identidades culturais das populações dessas regiões.

Por: Tales Pinto

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