Encilhamento

O encilhamento foi o nome dado à desastrosa política econômica do governo de Deodoro da Fonseca, levada a cabo pelo ministro Rui Barbosa.

O intelectual e político Rui Barbosa era Ministro da Fazenda de Deodoro da Fonseca

Com a Proclamação da República, em 1889, o Brasil passou a adotar um modelo político bastante diverso do anterior. O primeiro representante do novo regime, o marechal Deodoro da Fonseca, teve que contar com uma elite intelectual e política para compor os novos quadros políticos do Brasil. Um dos setores mais importantes, o das finanças, administrado pelo Ministério da Fazenda, foi destinado a uma figura singular do Brasil do período de transição do Império para a República: Rui Barbosa (1849-1923).

Rui Barbosa foi um dos maiores intelectuais brasileiros de sua época e desenvolveu reflexões importantes na área jurídica e na diplomacia. Quando houve o golpe que assentou o regime republicano no Brasil, Deodoro da Fonseca, em seu Governo Provisório (1889-1891), confiou a Barbosa a pasta da economia. Rui encarregou-se de elaborar o primeiro pacote econômico do governo republicano com o objetivo de fazer o país crescer. Esse pacote econômico, com o tempo, ficou conhecido como “encilhamento”.

A política do encilhamento consistiu em uma política de emissão de moedas, isto é, Barbosa concedeu a bancos privados brasileiros a iniciativa de imprimir e colocar dinheiro em circulação no mercado para estimular o consumo, como destaca o historiador Boris Fausto:

Ao assumir o Ministério da Fazenda do governo provisório, Rui Barbosa baixou vários decretos com o objetivo de aumentar a oferta de moeda e facilitar a criação de sociedades anônimas. A medida mais importante foi a que deu a alguns bancos a faculdade de emitir moeda. O papel fundamental coube ao banco emissor do Rio de Janeiro, o Banco dos Estados Unidos do Brasil, dirigido por um dos grandes empresários da época, Francisco de Paula Mayrink.” [1]

Essa política foi implementada em 1890 e levou a alcunha de “encilhamento” como uma analogia às corridas de cavalos. Os cavalos bem encilhados, isto é, bem equipados, tinham melhores condições para ganhar as provas. Do mesmo modo, o crédito oferecido pela impressão em larga escala de moeda oferecia condições únicas para o enriquecimento de especuladores financeiros.

Ao longo do ano de 1890, muitas empresas foram criadas em virtude da política monetária de Rui Barbosa, mas várias delas eram “fantasmas”, com registros falsos. Todavia, a economia ficou aquecida e o país começou a crescer. Porém, em 1891, veio a crise. A superoferta de crédito e a “inundação” do mercado com moeda artificializaram a economia. O encilhamento provocou uma “bolha financeira” que estourou rapidamente, comprometendo a política econômica republicana.

NOTAS

[1] FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2013. p 217.

Por: Cláudio Fernandes

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