Monocultura

Monocultura é uma prática agrícola realizada em grandes áreas, nas quais são cultivadas um único produto. Essa prática está associada a diversos problemas ambientais.

No Brasil, uma das principais monoculturas é representada pela soja, produto bastante exportado pelo país.

Monocultura é a produção agrícola de um único produto/espécie vegetal. Pode referir-se também à criação de um único tipo de animal em uma grande propriedade rural.

Características da monocultura

A monocultura normalmente é realizada em latifúndios (grandes propriedades rurais). O monocultivo é quase sempre voltado à exportação, ou seja, o cultivo ou a criação são voltados para o abastecimento do mercado internacional.

Essa prática agrícola está associada a diversos problemas ambientais, como o desmatamento. Para que seja possível sua realização, é necessário que grandes extensões de terra sejam desflorestadas. Outro problema é a consequente perda de biodiversidade na área destinada à monocultura, bem como o esgotamento do solo, visto que apenas uma espécie é cultivada, levando-o, então, à exaustão.

Outra característica da monocultura é a presença do intenso uso de agrotóxicos. Uma mesma espécie cultivada tende a criar um único ciclo de pragas, podendo prejudicar a plantação, considerando-se que não há rompimento desse ciclo. Sendo assim, torna-se imprescindível o uso de defensivos agrícolas para contenção de pragas, ervas daninhas e doenças.

Leia também: Agricultura intensiva e meio ambiente

Etapas do monocultivo

Primeiramente, ocorre a retirada da cobertura vegetal para a área destinada ao cultivo ou à criação. Posteriormente, há o preparo do solo com técnicas, como aração (técnica de inversão das camadas do solo) ou gradagem (etapa realizada após a aração do solo que consiste em romper os torrões deixados pelo processo de aração, fazendo com que o solo fique plano). Preparado o solo, escolhe-se uma espécie ou criação, assim, um único produto é cultivado ou criado repetidas vezes numa mesma área.

Monocultura no Brasil

A monocultura faz parte da estrutura fundiária do Brasil desde que o país iniciou suas atividades agropecuárias. O primeiro monocultivo foi o da cana-de-açúcar, na Região da Zona da Mata, no Nordeste do Brasil; em São Paulo e em Minas Gerais. Essa produção era voltada para a exportação, com destino aos países europeus.

Com a Revolução Verde e a inserção de novas técnicas agrícolas, aumentaram-se ainda mais as monoculturas em todo o país. A indústria associou-se com as práticas agrícolas, e o país passou a produzir monocultivos em larga escala para a exportação.

O café, por um longo período, foi o principal produto agrícola no cenário de produção para exportação, sendo então o principal produto de exportação da economia brasileira no início do século XX. O café era cultivado especialmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Seu cultivo normalmente estava associado à mão de obra escrava e péssimas condições de trabalho em grandes latifúndios.

Leia mais: A origem do café

Atualmente, a soja é o principal produto de exportação do Brasil. O país é o segundo maior produtor (estando atrás apenas dos Estados Unidos) e o maior exportador de soja do mundo. De acordo com a Empraba, na safra 2016/2017, a produção de soja ocupou uma área de 33,89 milhões de hectares, resultando em uma produção de 113,92 milhões de toneladas de soja.

O Brasil ocupa a terceira posição no ranking de exportações agrícolas no mundo. A produção agrícola alcançou, em 2017, cerca de R$ 319 bilhões, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O gerente de agricultura do IBGE, Alfredo Guedes, divulgou que as condições climáticas auxiliam as monoculturas, impulsionando especialmente a produção de soja e milho no país.

Saiba mais: A economia canavieira

Apenas 14 municípios do país não realizam atividades agrícolas, dentre os 5.570 municípios. São Paulo é o maior produtor agrícola, seguido dos estados de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Observe a distribuição da produção agrícola por regiões, segundo dados do IBGE:

Dentre os municípios, Sorriso, no Mato Grosso, configura o primeiro lugar no ranking de produção agrícola, tendo como principal produto a soja. É seguido por Sapezal, também no Mato Grosso, tendo como principal produto o algodão. O açaí é o principal cultivo da Região Norte. No Nordeste, Centro-Oeste e Sul, a soja é dominante como monocultura. Na região Sudeste, a cana-de-açúcar é o principal monocultivo.

O Brasil possui o que chamamos de crédito rural. Esse crédito representa um financiamento que se destina aos produtores rurais, cooperativas e associações de produtores rurais, cujos objetivos são incentivar investimentos e ajudar com os custos da produção e comércio dos produtos agropecuários, segundo o Governo do Brasil. Esse financiamento impulsiona o crescimento das monoculturas no país.

Veja, a seguir, o ranking das principais culturas de comercialização associadas à aplicação de crédito rural:

Monocultura e policultura

A policultura, ao contrário da monocultura, é uma prática agrícola que representa o cultivo de várias espécies vegetais ou animais em uma mesma área. Normalmente, a policultura é voltada para o abastecimento do mercado interno e realizada por pequenos produtores rurais. O trabalho realizado na policultura geralmente é familiar, e parte da produção destina-se à subsistência. Diferente da monocultura, a policultura provoca menos danos ao meio ambiente, implica menor emprego tecnológico e normalmente há pouco uso de defensivos agrícolas.

Saiba mais: O que é agricultura orgânica?


A policultura é a prática agrícola pela qual são cultivadas ou criadas diversas espécies de vegetais ou diversas espécies animais.

Consequências da monocultura para o meio ambiente

A prática da monocultura está associada a inúmeros problemas causados no meio ambiente. Para que essa atividade seja realizada, é preciso retirar uma enorme área de cobertura vegetal. O desmatamento provoca, além de alterações climáticas, perda de biodiversidade, pois inúmeros animais perdem seu habitat, e também desequilíbrio ecológico, forçando várias espécies a migrarem para outros locais.


O desmatamento é um dos principais problemas ambientais associados à prática da monocultura.

Solo

Outro problema ambiental é a questão do solo. O cultivo de uma única espécie em uma mesma área sem alternância pode provocar a exaustão ou o esgotamento dos nutrientes do solo.

O solo também sofre com o uso de agrotóxicos na monocultura. O uso incorreto dos defensivos agrícolas pode acarretar contaminação do solo e, também, dos lençóis freáticos. A consequência dessa contaminação é o desequilíbrio da vida aquática e também a intoxicação dos seres vivos, provocando possíveis doenças nos seres humanos.

Expansão da monocultura

Diversas monoculturas têm expandido suas fronteiras no território brasileiro. A soja é a monocultura em maior expansão, principalmente no Centro-Oeste do país. A cana-de-açúcar expandiu suas áreas também nessa mesma região. O cultivo de eucalipto, laranja e café também é expressivo e vêm crescendo, majoritariamente, nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil.


A monocultura de eucalipto está crescendo na região Sudeste, principalmente no estado do Rio de Janeiro.

Leia mais: Economia açucareira no Brasil

Vantagens e desvantagens da monocultura

Vantagens

Desvantagens

O tempo de produção da monocultura é reduzido.

Ocorrem empobrecimento e exaustão do solo.

A produção apresenta custos reduzidos.

Por cultivar uma única espécie, apresenta favorecimento para o ciclo de pragas e doenças em larga escala.

O uso de agrotóxicos é facilitado, visto que o ciclo de pragas é mantido.

Há desmatamento de grandes áreas.

A produção é bastante expressiva no mercado externo.

Há perda da biodiversidade e desequilíbrio ecológico.

O Governo Federal oferece financiamentos, conhecidos como crédito rural.

Uso irracional e irregular dos recursos hídricos para irrigação.

Por: Rafaela Sousa

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