Crátons

Crátons são um tipo de estrutura geológica muito antiga e estável que se formou durante o Pré-Cambriano e que caracteriza a parcela interior da crosta terrestre continental.

Região formada por crátons.
Os crátons são as estruturas geológicas mais antigas existentes na superfície terrestre.

Crátons são estruturas geológicas muito antigas e de elevada estabilidade tectônica. Suas rochas (ígneas e metamórficas) se formaram durante o éon Pré-Cambriano, que se encerrou há 542 milhões de anos. Por essa razão, trata-se de estruturas expostas por muito tempo aos agentes intempéricos e que foram submetidas a intensos processos erosivos. Estão presentes na crosta continental, e são as estruturas predominantes no substrato rochoso do Brasil, constituído essencialmente por escudos cristalinos e bacias sedimentares.

Leia também: O que são os dobramentos modernos?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre crátons

  • Crátons são um tipo de estrutura geológica de grande estabilidade tectônica e localizada no interior dos continentes.
  • São as estruturas mais antigas presentes na superfície terrestre, com rochas que datam do período Pré-Cambriano.
  • São formados por rochas ígneas (ou magmáticas) e por rochas metamórficas.
  • Passaram por um longo processo de erosão, o que ocorreu devido ao tempo de exposição aos agentes erosivos.
  • Classificam-se em escudos cristalinos e bacias sedimentares.
  • Estão presentes de maneira predominante no Brasil, que tem seu território formado por 36% de escudos cristalinos e 64% de bacias sedimentares.

O que são crátons?

Crátons são um tipo de estrutura geológica que tem como principal característica a sua grande estabilidade tectônica. Trata-se das estruturas rochosas mais antigas a se formarem no planeta Terra, algumas têm rochas que datam do Pré-Cambriano, e que passaram por um intenso processo erosivo ao longo das eras geológicas. Os crátons são chamados também de maciços antigos, e podem ser encontrados no interior dos continentes.

Características e composição dos crátons

Os crátons são formados por rochas ígneas (ou magmáticas), aquelas originadas a partir do resfriamento do magma, e também por rochas metamórficas, que já sofreram algum tipo de transformação em sua composição mineralógica e mesmo na sua estrutura física. Quanto às suas características, podemos elencar as seguintes:

  • São estruturas geológicas muito antigas cuja formação começou no período Pré-Cambriano, mais precisamente durante o processo de resfriamento do planeta Terra, há bilhões de anos.
  • Por estarem, há muito tempo, expostas na superfície, as rochas dos crátons apresentam marcas de intemperismo físico e químico prolongado, isto é, que se processou ao longo de muito tempo. Trata-se, portanto, de um tipo de estrutura muito desgastada pela ação dos agentes intempéricos.
  • Apresentam elevada estabilidade geológica, o que significa dizer que os crátons não sofrem com processos de orogênese (soerguimento) recentes, tampouco com tremores e interferências provocadas em áreas limítrofes de placa tectônica.
  • Caracterizam a estrutura geológica do interior dos continentes, estando presentes, portanto, no interior da crosta continental.
  • Por sua composição rochosa, os crátons podem conter minerais importantes para a economia, como ferro, prata, alumínio e cobre. No Brasil, por exemplo, temos a ocorrência do Quadrilátero Ferrífero, em uma região cratônica.
  • Constituem o substrato de formas de relevo como planaltos e depressões.

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Formação dos crátons

A formação dos crátons é muito antiga, tanto quanto a própria superfície do planeta Terra. Essas estruturas geológicas têm a sua formação datada do período Pré-Cambriano, que se iniciou há 4,6 bilhões de anos no passado geológico e se estendeu até aproximadamente 542 milhões de anos atrás. Mais precisamente, as rochas que originaram os crátons foram constituídas nos éons Arqueano e Proterozoico, antes mesmo da complexificação das formas de vida terrestres.

Para além dos crátons originados de rochas intrusivas, portanto, por meio dos processos de resfriamento e solidificação do magma, essas estruturas se originaram também por processos de metamorfismo (transformação dos minerais e da estrutura física das rochas por meio de alterações na pressão e no calor) e de sedimentação (erosão e deposição de fragmentos de rochas) de outros tipos de rocha existentes.

Tais processos são aqueles que ocorreram no período anteriormente delimitado, por isso, os crátons são estruturas geológicas muito alteradas pela ação dos agentes erosivos.

Quais são os tipos de crátons?

Os crátons são classificados em dois tipos de acordo com seu processo de formação.

Escudos cristalinos

Os escudos cristalinos são conhecidos também como maciços antigos ou dobramentos antigos. Recebem esse nome por terem sido formados de rochas magmáticas, aquelas derivadas do resfriamento e da solidificação (ou cristalização) do magma, e de rochas metamórficas.

No passado geológico, constituíam montanhas ou áreas de grande elevação e que, com o passar do tempo, sofreram o desgaste pela ação da água, dos ventos e dos agentes biológicos. Apesar disso, trata-se de rochas resistentes e que hoje caracterizam áreas de planalto. Destaca-se a importante presença de recursos minerais nesse tipo de estrutura. Para saber mais sobre os escudos cristalinos, clique aqui.

Bacias sedimentares

As bacias sedimentares são formadas por meio do desgaste e da erosão de outros tipos de rocha. Elas se constituem via consolidação dos sedimentos que foram transportados pela ação de agentes como a água e os ventos, e dão origem a diferentes formas de relevo (de depressões a planaltos). As bacias sedimentares são estruturas economicamente visadas por conta da geração de combustíveis fósseis, notadamente o petróleo. Para saber mais sobre as bacias sedimentares, clique aqui.

Crátons no Brasil

Parte do território brasileiro constituída por crátons.
O território brasileiro é formado por crátons, não havendo dobramentos modernos em sua composição.

Os crátons são a estrutura geológica predominante no território brasileiro. Sabemos que o país está situado na porção central da placa tectônica Sul-Americana, o que confere a ele grande estabilidade geológica. Por conta disso, o substrato brasileiro não apresenta estruturas rochosas formadas em um período recente, como é o caso dos dobramentos modernos. Aliás, foi durante a era Mesozoica (251-65,5 milhões de anos atrás), do período Permiano, que a base geológica do Brasil se consolidou.

Dessa forma, temos que a estrutura geológica do país é constituída por escudos cristalinos e pelas bacias sedimentares. Ambas passaram por um longo e intenso processo de transformação por meio da ação erosiva, originando formas de relevo como planaltos (com a presença de serras e morros), planícies e depressões.

O escudo cristalino brasileiro representa 36% da base geológica do país, e se formou principalmente durante o éon Arqueano. As seguintes províncias são classificadas como escudo cristalino brasileiro:

  • Escudo das Guianas, no Norte do país;
  • Plataforma Sul-Amazônica, compreende parte do Norte e do Centro-Oeste;
  • Plataforma do São Francisco, na região Nordeste.

Ao longo da faixa costeira se encontram os dobramentos antigos que formavam cadeias montanhosas no passado geológico, mas que, atualmente, são caracterizados pela presença de serras e de morros. As demais áreas do Brasil são classificadas como bacias sedimentares, que perfazem 64% da estrutura geológica nacional.

Acesse também: Existem terremotos no Brasil?

Exercícios resolvidos sobre crátons

Questão 1

(Enem)

As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a do São Francisco.

ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.

As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por:

A) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês).

B) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro.

C) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país.

D) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural.

E) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura.

Resolução:

Alternativa A

As áreas de crátons exploradas por empresas mineradores são formadas por rochas graníticas (ou intrusivas) em que se identifica a formação de reservas de minerais economicamente viáveis, como manganês e ferro.

Questão 2

(FGV) Considere os mapas a seguir:

Mapa mostrando uma das grandes estruturas geológicas do Brasil (A) em uma questão da FGV sobre estruturas geológicas.

Mapa mostrando uma das grandes estruturas geológicas do Brasil (B) em uma questão da FGV sobre estruturas geológicas.

Os mapas apresentam as grandes estruturas geológicas brasileiras. Sobre eles, é correto afirmar que temos,

A) em A, escudos cristalinos compostos por rochas magmáticas e metamórficas.

B) em B, maciços antigos compostos por rochas ígneas intrusivas e extrusivas.

C) em A, bacias sedimentares compostas por rochas aluvionais.

D) em B, crátons compostos por rochas cristalinas e magmáticas.

E) em A, depósitos sedimentares compostos por materiais orgânicos

Resolução:

Alternativa A

As imagens indicam as regiões de crátons, constituídas por rochas magmáticas e metamórficas.

Fontes

ROSS, Jurandyr L. Sanches. Os fundamentos da geografia da natureza. In: ROSS, Jurandyr L. Sanches. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019. 6 ed. 3 reimp. (Didática; 3). P. 13-65.

TEIXEIRA, Wilson.; FAIRCHILD, Thomas Rich.; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; TAIOLI, Fabio. (Orgs.) Decifrando a Terra. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, 2009, 2ª ed.

Por: Paloma Guitarrara

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