O segundo governo Vargas e seu suicídio

Durante o segundo governo Vargas, foi criada a Petrobras, que tinha o monopólio da produção petrolífera nacional.*

O segundo governo Vargas se iniciou em 1951, após o ex-ditador alcançar a marca de quase 4 milhões de votos nas eleições de 1950. Com o apoio do PSD (Partido Social Democrata) e do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), a volta de Getúlio Vargas ao poder representou novamente a intervenção do Estado na economia, contrariamente às tentativas de abertura ao capital estrangeiro realizadas no governo Dutra.

Os investimentos incidiram principalmente nas indústrias de base. A ação mais notória foi a criação da Petrobras, em 1953. A intensa campanha de mobilização junto a alguns setores da população pretendia inflar o sentimento nacionalista através do slogan: “O petróleo é nosso!” Com a criação da Petrobras, o Estado garantia o monopólio da prospecção e refino do petróleo. O Estado criou ainda o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), em 1952, com o objetivo de garantir os investimentos necessários aos projetos econômicos.

Mas a vida de boa parte da população não era fácil, principalmente com o aumento do custo de vida causado pela crescente inflação. Contra a piora nas condições de vida, os trabalhadores passaram a realizar grandes greves nas principais cidades do país. Em 1953, cerca de 300 mil trabalhadores paralisaram as atividades em São Paulo e Rio de Janeiro.

A pressão popular levou Getúlio Vargas a nomear como ministro do trabalho João Goulart, o Jango, um político ligado aos meios sindicais. A principal medida tomada por Vargas no âmbito trabalhista foi o aumento de 100% do salário mínimo, em 1954. A medida gerou oposição dos setores empresariais e também de militares. A reação militar foi expressa no Manifesto dos Coronéis e liderada pelo coronel Bizarria Mamede, da Escola Superior de Guerra (ESG). O resultado da pressão foi a demissão de Jango.

A oposição a Vargas crescia, principalmente entre os setores conservadores da sociedade. O principal porta-voz da insatisfação era o jornalista Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional (UDN).

Um fato intensificou ainda mais a pressão sobre Vargas. Em 5 de agosto de 1954, ocorreu um atentado contra Carlos Lacerda. O jornalista foi ferido na perna, mas seu guarda-costas, Rubens Florentino Vaz, major da Força Aérea, foi morto. As suspeitas envolviam o chefe da guarda pessoal de Vargas, Gregório Fortunato, o que levou os opositores a apontarem Vargas como mandante do atentado.

A UDN e alguns setores do exército pressionavam pela saída de Vargas do poder. Sua opção foi o suicídio, realizado na manhã de 24 de agosto de 1954, com um tiro no coração. A notícia da morte do presidente, junto à publicação de sua carta testamento, encontrada ao lado do corpo, causou uma intensa comoção nacional.

Ainda no dia 24 de agosto, uma revolta popular ocorreu nas ruas do Rio de Janeiro. Os apoiadores de Vargas passaram a atacar os símbolos e locais que remetiam aos opositores do presidente, como sedes de jornais e o prédio do ministério da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.

A revolta popular impediu qualquer tentativa de golpe pelas forças conservadoras, organizadas em torno da UDN e do Exército. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, Café Filho, que anunciou novas eleições para outubro de 1955.

Com o suicídio, a população do país perdia o “pai dos pobres” e também o autoritário ditador, que ficou no poder por mais de 15 anos.   

* Créditos da imagem: Neftali e Shutterstock.com

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Por: Tales Pinto

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