Poesia concreta

Augusto de Campos – um dos precursores da poesia concreta

O mundo das artes, pós-geração de 45, apresentou-se geometricamente, valorizando ângulos, curvas e retas, como podemos conferir na imagem que segue: 


Luiz Sacilotto - Concreção 9770 - têmpera vinílica sobre tela - 90 x 90cm – 1992

Como não expressar o sentimento de indignação vivido em meio aos tumultuosos e turbulentos ares que rondavam o cenário brasileiro de então? O país se deparava com o crescimento acelerado, com a crescente industrialização promulgada pelos anos de governo do presidente JK, os quais vieram a culminar com outro lado da moeda, decorrente de tal avanço: o aumento da inflação e a dívida social. Como se não bastasse, seu sucessor, Jânio Quadros, governou por apenas sete meses. Foi quando João Goulart assumiu o comando, acirrando ainda mais os “ânimos” de um Brasil retratado por um clima de grandes instabilidades, tanto no campo econômico quanto no político, o que resultou na formação de duas classes: a das forças populares, as quais clamavam por reformas sociais, e a dos setores conservadores, os quais temiam uma ameaça comunista.  

Nesse ínterim estava promulgada aquela que revolucionou a história do povo brasileiro, a era ditatorial, que estabeleceu coibições de toda ordem, cassando mandatos, prendendo pessoas e “calando a boca” daqueles que se opunham contra o tal regime. Foi aí que intelectuais (atuantes no movimento denominado Tropicalismo e seguidores das ideias do mestre Oswald de Andrade) se rebelaram por meio de suas criações, fazendo uso do humor, mesclado a uma boa dose de ironia e sarcasmo. Dando continuidade a tais intentos, surgiu o Concretismo, sobretudo demarcado pela poesia, que tinha Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos (sendo esses dois últimos irmãos) como principais representantes.

Surgido com a revista Noigandres, 1965, tal movimento atuou como uma espécie de repulsa, fazendo do consumismo exagerado e da ascendência do capitalismo o alimento linguístico para seus posicionamentos ideológicos. Dessa forma, entrava em cena um novo jeito de fazer poesia: destituída de formalismos, bem como de sentimentalismo ao extremo, tinha como lema o poema-objeto, produto palpável, explorando, sobretudo, elementos preponderantes, tais como o visual, o semântico e o sonoro.

Entre as características que nortearam tal modalidade, apresentavam-se como relevantes:

* A ruptura com o verso tradicional, abolindo de vez a sintaxe, bem como a pontuação;
* Total aproveitamento do espaço gráfico, fazendo uso de forma “abusada” (no bom sentido) da disposição geométrica das palavras no papel, como podemos atestar por meio de uma das criações de Augusto de Campos:

* Ruptura com a ideia relacionada a início, meio e fim;

* Valorização do signo linguístico quanto aos aspectos já citados: sonoro, visual e semântico, como podemos verificar no poema acima.


Aproveite para conferir nossa videoaula sobre o assunto:

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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