Gírias

Fenômeno que demonstra o quanto a língua é um sistema vivo e mutável, as gírias devem ser empregadas comedidamente, preferencialmente na modalidade oral.

As gírias estão representadas na linguagem informal e podem sofrer constantes alterações ao longo do tempo

 A gíria é a cultura do povo

Toda hora tem gíria no asfalto e no morro
porque ela é a cultura do povo

Pisou na bola conversa fiada malandragem
Mala sem alça é o rodo, tá de sacanagem
Tá trincado é aquilo, se toca vacilão
Tá de bom tamanho, otário fanfarrão

Tremeu na base, coisa ruim não é mole não
Tá boiando de marola, é o terror alemão
Responsa catuca é o bonde, é cerol
Tô na bola corujão vão fechar seu paletó

Toda hora tem gíria...

Se liga no papo, maluco, é o terror
Bota fé compadre, tá limpo, demorou
Sai voado, sente firmeza, tá tranquilo
Parei contigo, contexto, baranga, é aquilo

Tá ligado na fita, tá sarado
Deu bode, deu mole qualé, vacilou
Tô na área, tá de bob, tá bolado
Babou a parada, mulher de tromba, sujou

Toda hora tem gíria...

Sangue bom tem conceito, malandro e o cara aí
Vê me erra boiola, boca de sirí
Pagou mico, fala sério, tô te filmando
É ruim hem! O bicho tá pegando

Não tem caô, papo reto, tá pegado
Tá no rango mané, tá aloprado
Caloteiro, carne de pescoço, "vagabau"
Tô legal de você sete-um, gbo, cara de pau.

Bezerra da Silva

Quem nunca usou uma gíria para se comunicar? A música de Bezerra da Silva ilustra bem a ocorrência desse fenômeno interessante da língua portuguesa e mostra-nos que as gírias são empregadas frequentemente, sobretudo em determinadas situações comunicativas. Veja bem, determinadas situações, é importante ressaltarmos.

Amadas por muitos, odiadas por outros, as gírias são a prova de que a língua é uma roda-viva, sistema mutável no qual a comunicação deve ser elemento primordial. Estão diretamente relacionadas com as variedades que a língua pode apresentar e nem sempre atingem a todos os elementos de uma mesma comunidade linguística. As gírias utilizadas no Rio de Janeiro podem ser diferentes daquelas utilizadas em São Paulo, por exemplo, assim como uma gíria utilizada por um determinado grupo pode ser desconhecida para outro. Quando atingem determinadas profissões, nas quais um vocabulário específico é empregado, as gírias passam a ser chamadas de jargão e dificilmente têm alcance fora desses grupos. Quase sempre são criadas por um grupo social e sua vigência pode ser curta, já que estão sujeitas a contínuas transformações.

Houve um tempo em que as gírias eram concebidas como algo inaceitável até mesmo na modalidade oral e usar termos e expressões fora da norma culta estava estreitamente relacionado com um falar típico de pessoas sem cultura, já que as gírias não contavam com o mesmo prestígio social que o português convencionalizado e prescrito na gramática normativa. Atualmente, há um novo olhar para esse fenômeno linguístico em virtude das teorias que difundem uma maior liberdade na comunicação, lugar onde o certo e o errado não devem existir. Contudo, apesar dessa flexibilidade, é importante observar que a adequação vocabular deve ser empregada sempre, já que a língua é uma ferramenta da qual dispomos e que, consequentemente, pertence-nos.

O uso das gírias é permitido, seria um equívoco tentar conter o movimento natural da linguagem, mas devemos compreender que na modalidade escrita é pertinente que o código seja respeitado e preservado. A língua escrita demanda um esforço maior de precisão para que possa ser compreendida independente do contexto social, histórico e cultural em que um texto foi produzido. 

Por: Luana Castro Alves Perez

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