O que causa a escassez hídrica?

A ocorrência de escassez hídrica em condições não naturais em qualquer parte do mundo pode ser resultante de uma combinação de fatores relacionados com a ação humana.

A escassez hídrica é causada por uma série de fatores que poderiam ser evitados

Os dados sobre a disponibilidade de água no mundo são de amplo conhecimento: embora o planeta tenha sua superfície composta por 70% de água, a maior parte desse montante (97% do total) é formada por oceanos e mares, sendo imprópria para consumo humano. Dos 3% restantes, 69,8% encontram-se em geleiras, 29% em aquíferos (alguns sem fácil acesso), 0,9% em outras composições e apenas 0,3% em rios e lagos.

Diante desses números e dos sucessivos efeitos da ação antrópica sobre o meio natural, a disponibilidade de água encontra-se cada vez mais reduzida em várias partes do mundo, o que faz com que áreas inteiras tenham de enfrentar a escassez total ou parcial desse recurso. Por esse motivo, a grande questão é: o que causa a escassez hídrica? A enumeração dos fatores pode indicar possíveis soluções a serem tomadas para combater esse problema.

1. Consumo crescente

O aumento no consumo de água no mundo vem contribuindo para a diminuição da disponibilidade dos recursos hídricos. Embora a água tenha uma capacidade de renovação cíclica, o aumento do consumo pode ser maior do que essa reposição natural, gerando a escassez. Esse quadro é característico de várias partes do mundo – incluindo algumas regiões do Brasil – e é denominado de estresse hídrico.

As causas para a elevação do consumo de água são várias: crescimento populacional, desenvolvimento econômico e aumento da produção em economias periféricas ou emergentes, aumento das atividades produtivas, elevação do consumo de produtos que utilizam muita água na sua produção, entre outras.

2. Poluição e degradação das reservas hídricas

O ser humano, na maior parte de suas atividades, precisa da água doce para garantir sua subsistência. Mesmo assim, muitas atividades antrópicas contribuem para a diminuição dessa água, principalmente com a poluição de rios e mananciais, que se tornam inutilizáveis em um curto período de tempo.

Uma das maneiras mais frequentes em que isso acontece é a poluição gerada pela deposição de esgoto ou pela poluição excessiva das cidades. Em lugares onde o saneamento básico ambiental não é adequado, esse quadro torna-se ainda mais dramático. Um exemplo emblemático é a cidade de São Paulo, que passa por uma crise hídrica sem precedentes e, ao mesmo tempo, possui um grande e volumoso rio cortando o seu espaço urbano sem poder ser utilizado: o Tietê.

Em áreas de aquíferos e reservas subterrâneas, a poluição do solo leva, muitas vezes, à intoxicação do lençol freático, afetando a obtenção de água mineral. Por isso, a conservação de algumas reservas hídricas depende também da manutenção dos solos e da sua não poluição, o que nos leva ao próximo tópico.

3. Degradação dos recursos naturais

Não é somente a degradação propriamente dita da água e suas reservas que afeta a disponibilidade hídrica. A natureza, afinal, funciona a partir de um equilíbrio, e a alteração deste provoca uma série de efeitos em cadeia. A poluição ou erosão dos solos, como já adiantamos acima, afeta as reservas subterrâneas e até mesmo as águas superficiais.

Além disso, muitos rios sofrem com a erosão de suas margens, causada pela remoção de suas matas ciliares, responsáveis justamente por impedir o avanço do processo em questão, que gera uma maior deposição de sedimentos no leito dos rios, causando o assoreamento. Com o tempo, os rios afetados deixam de existir ou diminuem consideravelmente a vazão de suas águas.

A destruição de florestas com as queimadas e o desmatamento também constituem um problema no bojo dessa questão. A vegetação possui a função de preservar nascentes de grandes rios e também fornecer, em alguns casos, umidade para a atmosfera, o que origina as chuvas. Com a diminuição da cobertura vegetal em todo o mundo, a água vai tornando-se gradativamente mais escassa.

4. Mudanças climáticas

As mudanças climáticas – embora não sejam consenso na comunidade científica – estão causando o aumento das temperaturas da Terra como resultado da poluição e da intensificação do efeito estufa, o que caracteriza o aquecimento global. Com isso, embora o volume de água no planeta seja sempre o mesmo, o ciclo da água vem ocorrendo com uma frequência menor, causando secas severas e tornando a falta de água um problema crônico.

Contudo, é sempre perigoso associar toda e qualquer seca ou crise hídrica às mudanças climáticas sem a realização de estudos e a existência de conhecimentos prévios específicos. Por isso, as pesquisas científicas são sempre importantes para nos fornecer informações precisas a fim de evitar conclusões precipitadas. Vale lembrar que as transformações climáticas são um tema polêmico mesmo entre os especialistas no assunto.

5. Ausência de infraestruturas básicas

A escassez hídrica chega a ser um problema mesmo em países ou localidades do mundo que apresentam certa disponibilidade de água. Isso acontece por questões econômicas, sobretudo em países periféricos, onde os problemas relativos à falta de recursos afetam os investimentos em sistemas de captação, armazenamento e distribuição da água para a população e atividades produtivas.


Na imagem, crianças no Sudão do Sul que precisam deslocar-se para conseguir água * 

É claro que esses fatores acima enumerados são aqueles que causam a falta de água em regiões onde antes não havia esse problema ou onde ele poderia ser facilmente resolvido, o que não inclui as áreas onde há a escassez física da água, como as zonas áridas e desérticas. Para combater a escassez hídrica, é preciso, pois, a identificação dos problemas com análise das soluções, que podem incluir a adoção de sistemas de abastecimentos alternativos, reúso da água, transposição de rios, dessalinização da água do mar e muitos outros.

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* Créditos da imagem: John Wollwerth / Shutterstock.co

Por: Rodolfo F. Alves Pena

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